segunda-feira, 21 de maio de 2012

The Devil's Mistress - 1966

Produção independente que combina dois gêneros cinematográficos distintos, o horror e o western, com resultados inesperados. E mais que isso um filme de feitura quase amadora a julgar pela ficha técnica: do elenco composto por 6 atores, apenas um chegou a aparecer em outro filme. E o diretor Orville Wanzer, que demonstrou talento, sumiu do mapa após sua realização. Nada espantoso talvez se considerando que vários filmes que hoje tem status de cults tiveram histórias semelhantes, basta lembrar “Carnival of Souls”, entre tantas produções. O híbrido terror e western me fascina especialmente, e já comentei alguns aqui nesse espaço. Temos aqui quatro cowboys errando pelo deserto do New México, que acabam buscando abrigo em uma cabana habitada por um velho pastor e a jovem esposa mestiça, bonita e muda. O velho dá a deixa para futuros dissabores quando lembra que teve que fugir de Salem, a cidade das bruxas, por causa de perseguições que sofreu. Mas os cowboys não deviam saber das histórias envolvendo a cidade da Nova Inglaterra e dois deles resolvem se engraçar para cima da esposa do pregador, antes de prosseguirem a jornada. O ato termina em um estupro e a morte do velho.
Para continuar o divertimento decidem levar com eles a mulher. A jornada pelo deserto continua mais e mais irreal . Passam a ser seguidos por um estranho e um a um os homens vão morrendo de causas inusitadas. Nenhum dos cowboys era especialmente simpático, mas um deles parecia ter boa índole e acaba se envolvendo com a mestiça, que vai se revelando uma maligna espécie de vampira. Nada de dentes pontiaguados e mordidas no pescoço, apenas sugando a energia da vítima com toques e beijos. O uso inteligente das paisagens desérticas, a atmosfera surreal que deixa a narrativa com um “quê” de uma velha lenda indígena narrada à beira de uma fogueira, dirimem os eventuais defeitos do filme. Só lembrando que outro western, o independente e badalado "The Shooting" de Monte Hellman foi realizado um ano depois e guarda algumas semelhanças com o filme que relembro. E já na década seguinte o mexicano Jodorowsky viria com "El Topo", levando ainda mais longe o conceito de um western surrealista. Não tão ambiciosa com certeza, este filme de Orville Wanzer é ,no entanto,um bom exemplo das produções regionais e independentes até do circuito das produtoras de filmes exploitation B dos anos sessenta.

Um comentário:

Anônimo disse...

poxa mais um tag nos bookmarks do CG, nunca tinha ouvido falar, muito grato por mais este!