sexta-feira, 25 de março de 2011

Rota do Brilho - 1990


Gretchen fazendo papel de artista plástica, Alexandre Frota de um tira, Lilian Macedo no elenco, esses são alguns dos atrativos dessa pérola trash do cinema brasileiro. Direção de Deni Cavalcanti. Ele foi o diretor de um clássico da cafajestagem do cinema da Rua do Triunfo: “Aluga-se Moças”. “Rota do Brilho” é de 1990, portanto é um tardio produto saído da Boca do Lixo. Talvez seja até o último. Diálogos toscos, atores canastras. E, no entanto, ao contrário do que o blog de onde baixei o filme anunciava, a coisa não era assim tão ruim. O filme é um policial, razoavelmente bem tramado. Envolve tráfico de drogas e putas. Dois detetives meio patetas tentam desvendar os assassinatos de uma série de modelos(?) e o tráfico, como era de se esperar, está envolvido na história. A escrotice impera e isso é curioso: o filme fica parecendo um documentário. Os policiais em sua canastrice, humor tacanho e calhordice parecem saídos diretamente das ruas. Há outros detalhes meio bizarros ao longo da trama: um senador, líder do tráfico, cuja filha se prostitui (e que cita Belle de Jour) e uma impagável cena de tortura policial, absolutamente politicamente incorreta, com pau de arara e choque elétrico. Em resumo: ao contrário do que sonha nossa vã empáfia e esnobismo, há mais autencidade nesse filmezinho escroto e sórdido do que em muita produçãozinha saída dos estúdios da Vênus platinada e similares que seriam realizados posteriormente. Aqui se sente o cheiro do ralo e dos esgotos; aqui os copos lagoinhas estão mal lavados e trazem marcas de batom vagabundo; Aqui as atrizes que interpretam as putas parecem críveis e, provavelmente algumas eram mesmo garotas da vida fácil.
Já se escreveu que uma das virtudes dos filmes da Boca do Lixo era a de que em sua maioria foram realizados por pessoas que não eram muito diferentes do púbico para os quais eles eram destinados. Daí o sucesso desses filmes junto ao povo. E esse filmezinho de Deni Cavalcanti buscava um público que já não existia mais. Infelizmente.
PS: baixei esse filme no blog “Cine Dark Side II”.

terça-feira, 22 de março de 2011

Curucu- Beast of Amazon


Esse filme B, foi umas muitas produções realizadas na cola do sucesso do “O Monstro da lagoa Negra” de Jack Arnold. Em comum com este o mesmo ambiente: o Brasil. Mas ao contrário do filme de Arnold, que é uma pequena obra-prima do B, o nosso filme em questão é uma boa tranqueira. As filmagens foram realizadas muito longe do Amazonas do título: mais precisamente em São Paulo. O diretor Curt Siodmak teve até uma carreira decente no universo do filme B. Como o nome indica era o irmão do grande Robert Siodmak.E além do cinema, teve carreira prolífica como escritor de ficção científica. Como roteirista foi o responsável por “I Walked with a Zombie”, entre outros clássicos do filme B e do cinema.
Realizado em 1957, em parceria com a Vera Cruz, então já em franca decadência. Alguns técnicos fizeram parte da produção, além do elenco. O destaque aqui reside na presença da dançarina Luz Del Fuego. Só isso já justifica uma olhada no filme. O resultado é uma sucessão de momentos absurdos e hilários. O monstro, por exemplo, é um curandeiro que se disfarça de monstro e usa bombachas. Todos os clichês de filmes de aventura barata estão presentes e é claro enfatizando a imagem do Brasil como um país de selvagens canibais. Nada para ser levado a sério. A mesma equipe voltaria ao Brasil em 1957, para filmar outro colosso trash, tendo aqui como cenário: “Love Slaves of Amazon”, esse infelizmente ainda não consegui. Deve ser um primor.

domingo, 20 de março de 2011

Samba -1965


Continuando o levantamento desse subgênero, Brazilian Movies made by Foreigners, vamos agora lembrar um filme feito na Espanha. No post anterior havia falado de um filme alemão, como esse, também filmado nos anos 60. “Samba” foi realizado em 1965, com direção de Rafael Gil. Foi mais um veículo para a cantora e atriz Sara Montiel. Quando ela estrelou esse filme ela já estava entrando nos quarenta, Tinha exatos 37 anos. O filme é um monumento ao kitsch. Nada mais absurdo e extravagante que esse filme ambientado em nosso país. Ela interpreta dois papéis: de uma cantora famosa, que é assassinada logo nas primeiras cenas e de uma mocinha que mora na favela do Salgueiro. Os números musicais vão se sucedendo e servem para pontuar uma história que é um primor de nonsense e não faz muito sentido. Os números são divertidos e a danada da Sara cantava bem, sempre abolerando tudo, mas alguns números são mesmo interessantes. Até procurei a trilha depois aqui na net e consegui baixá-lo. Alguns atores brasileiros tem destaque na trama: Grande Otelo e Carlos Alberto. Destaque para a presença do grande Cyro Monteiro, como presidente da Escola de Samba do salgueiro. Mesmo com o olhar pitoresco e exótico sobre o Brasil, além de todo mundo hablar espanhol, temos imagens fantásticas do Rio e do nosso Carnaval. Bons tempos.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Lana -Rainha das Amazonas-1964


O Brasil não é um país sério, disse um grande filósofo e poeta francês, há décadas atrás. E a julgar pelos filmes realizados por cineastas de todas as partes do mundo, tendo como cenário nosso país, a conclusão é que o dito filósofo deve ter assistido a vários desses filmes. Essa modalidade de filme deveria constituir, no meu ponto de vista, um gênero à parte. Ainda estou catando e compilando os filmes realizados nessa praia. Até agora, sem exceção todos retratam Pindorama de maneira estrambótica e bizarra. Desnecessário dizer que os filmes resultam em produtos quase sempre hilários e curiosos. Vou, na medida do possível ,relembrando alguns deles aqui nesse cantinho . Os mais recentes como “Anaconda” ou “turistas”, são por demais conhecidos e divulgados e serão omitidos. Destacarei os mais obscuros e bizarros.
“Lana – A Rainha das Amazonas”, por exemplo, é um primor de bizarro. A produção é alemã. O diretor é de origem húngara, Geza Von Sziffra, mas o IBMD indica que o nosso brasileiro, Cyl Farney, foi codiretor. Nos créditos do filme não vi seu nome, mas deve ter participado mesmo.
O filme está dentro da tradição das expedições às selvas, realizados em penca, durante décadas. E aqui temos dois alemães, o cientista e seu ajudante, que estão em busca do lendário reino das amazonas. No meio do caminho encontram um bando de pilantras, comandados pelo ator brasileiro Átila Iório. E um dos seus comparsas é nada mais nada menos, que o nosso digníssimo Dedé Santana! Ele ainda assinava como Adalberto Silva. Por força das circunstâncias os dois grupos, com interesses distintos se unem e chegam ao reino das amazonas. E a rainha era uma loira(claroooooo) e alemã, ainda por cima. Coisas de cinema. Outra figuraça do nosso cinema pode ser percebida ao longo do filme: Zezé Macedo, tida como a mulher mais feia da TV e do cinema brasileiro. E ela faz papel de índia e ainda por cima, está seminua! A tal rainha das amazonas, foi interpretada por uma alemãzinha inexpressiva e que parece que acabou de sair de um salão de beleza. Talvez na selva as amazonas tivessem um à disposição.. Num filme desses tudo é possível. Exageros a parte o filme consegue manter o interesse até o fim, nada muito surpreendente é verdade, mas o resultado final tem sua graça.