quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

The rats are coming ! The werewolves are here ! - 1972

Já faz alguns anos resenhei neste espaço um filme do diretor Andy Milligan, “The Body Beneath”.   Neste fim de semana acabei me decidindo a encarar este que estava  na fila há algum tempo. Claro que já vi outros filmes do diretor nesses últimos anos. Posso dizer que ele é um dos cineastas do universo exploitation que mais me fascinam.
Andy Milligan é odiado por boa parte de quem se deu ao trabalho de ver algum de seus filmes. Basta ler as resenhas de espectadores no IMDB e praticamente todas classificam este filme como uma merda completa. Stephen King classificou um dos seus filmes como a obra de um retardado segurando uma câmera. Os cânones de bom gosto são todos quebrados: atores ruins e amadores, fotografia tosca, a falta de recursos saltando em cada plano, enfim amadorismo total.  Só mesmo lunáticos podem aprecia-lo em toda a sua grandeza, grupo no qual me incluo.  Um aspecto é inegável: ele foi um autor completo, escrevia, produzia, fotograva e criava os figurinos. Indo contra toda essa rejeição por parte do  mundo cinéfilo que preza a arte e até dos que  apreciam o universo exploitation, foi lançada uma biografia de Milligan: “The Ghastly One” escrita por Jimmy McDonough, em 2003.

O filme que desencavei pertence ao chamado período inglês de Milligan. Foi  na comunidade underground e gay do Village  que o diretor iniciou sua carreira .No fim da década de 60 o produtor William Mishkin recrutou-o pra uma série de filmes na Inglaterra. Aproveitando a estadia Andy realizou ao mesmo tempo vários filmes aproveitando sempre os mesmos atores e a equipe. No caso especifico desse filme o produtor exigiu que mais algumas cenas fossem inseridas posteriormente para aumentar a duração e por isso só em 1972 ele ganhou exibição comercial.
Orçamento irrisório, como sempre, de 18 mil dólares. Filmado em 16 mm, como quase todos os filmes da carreira dele.
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Já foi assinalado que toda a obra de Milligan é marcada por famílias disfuncionais, taras sexuais, sadismo, homossexualismo, deformidades físicas e genéticas. E aqui ele não deixa por menos e termos a família Mooney  sendo um poço de taras que faria as famílias do nosso Nelson  Rodrigues, por exemplo, parecerem uma família de seminaristas pudicos e recatados. Além de toda insanidade ela esconde um segredo terrível: devido a uma antiga maldição todos eles se transformam em lobisomens. A chegada da filha mais nova, trazendo um marido, é a esperança para o patriarca de curar essa maldição, entretanto nem tudo sairá como o patriarca desejava.

Como assinalei acima os filmes de Milligan não só podem assustar pelos temas, mas também pela forma que se abstrai de todas as regras do dito bom gosto cinematográfico. É, portanto, um desafio, fascinante, eu garanto. O filme pode ser encontrado no You Tube.