quarta-feira, 26 de outubro de 2011

The Kiss of Death - 1973



Du Nun é o nome original chinês. Mais uma produção dos Shaw Brothers, a maior produtora de Hong Kong, responsável por mais de 800 filmes entre os anos 50 e 80, principalmente no gênero das artes marciais. O filme aqui resenhado foge um pouco dessa linha. A direção coube a Meng Hua Ho, um dos grandes diretores de Hong Kong, realizador de mais de 50 filmes. O elenco foi encabeçado pela atriz Ping Chen, uma bela e talentosa atriz, uma das maiores estrelas do cinema asiático em todos os tempos. Aqui nesse filme ela realizava um dos seus primeiros trabalhos para a produtora. Ela é Chu Ling, uma modesta operária de uma fábrica de tecidos, que vê sua vida arrasada ao retornar uma noite para casa, é atacada por cinco homens, espancada e violentada. Transtornada pela violência, vai procurar emprego em clube noturno. E para seu azar, descobre que foi contaminada com uma grave e incurável doença venérea, a Vietnam Rose, uma autêntica sentença de morte. Busca então a vingança e se emprega em uma casa noturna, na esperança de encontrar a gangue. O proprietário do local apesar de aleijado era fera em kung-fu e depois de muita insistência por parte dela, aceita lhe ensinar os golpes mortais.
Os produtores queriam o título “Vietnam Rose”, mas foram aconselhados a desistirem da ideia: Hong Kong contava então com uma horda de imigrantes vietnamitas. O tema da mulher vingadora seria clonado alguns anos depois no clássico exploitation americano “I Spit on Your Grave” ( em 1978) e mais recentemente o “clonador mor” Quentin Tarantino chuparia a trama para o seu badalado “Kill Bill”. É verdade que nesse caso, o autor de “Pulp Fiction” utilizou também outros filmes orientais na sua colagem.
Apesar da violência que predomina o diretor não se abstém de inserir cenas grotescas e cômicas na trama, a mais bizarra sem dúvida, a visita de Chu a um ginecologista picareta, que lhe oferece a cura em troca de favores sexuais. Outro momento inusitado é um dos estupradores, Pimp, drogar duas mulheres e força-las a realizarem um filme pornô. Aliás, em termos de sexo, o filme é pródigo em cenas de nudez, sempre claro tendo o diretor o cuidado de não mostrar os órgãos genitais, tabu no cinema oriental, pelo menos até os anos 80. Pelo jeito, voltou a ser tabu, inclusive no nosso cinema brasileiro e americano, pai da caretice cinematográfica. Para quem tá acostumado com o estilo naturalista de interpretação ocidental, pode causar alguma estranheza os modos algo caricatos dos atores, com muitas caretas, esgares de olhos e gestos.

O conjunto geral da obra é uma delícia. Não tem como não se esbaldar com uma gata lutando kung-fu e que ainda por cima usa cartas de baralho como armas, além dos créditos iniciais serem absolutamente cool, embalado por uma trilha jazzy e rock de primeira ( A trilha é de Yung-Yu Chen).

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