terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Último Cão de Guerra - Tony Vieira.




Tony Vieira. Quando leio seu nome fico aqui matutando sobre nossa memória cultural e percebo como ele é um bom exemplo dessa memória, ou melhor dizendo da falta dela. Achar hoje um filme de Tony para comprar é impossível. A única chance de tomar contato é através de alguns sites que vendem filmes raros, caso do Putrescine, ou por algum milagre achar um filme na rede para download. Citar seu nome para algum cinéfilo só provoca risadas de escárnio.E se a pessoa tem em torno de trinta anos nunca ouviu seu nome. E, no entanto, ele dirigiu e produziu cerca de 30 filmes num espaço de 15 anos: algumas das maiores bilheterias do cinema nacional nacional nos anos 70/80 foram de seus filmes. Detalhe: todos foram produzidos com dinheiro privado, sem ajuda de governo, patrocinios, etc. Dependiam da bilheteria. Tava pesquisando aqui alguma coisa sobre ele e vi que existe na net um site dedicado à sua memória.Muito interessante. E em Ouro Preto , realizaram uma exposiçao em sua homenagem em 2010, na Casa dos Contos, com o nome de “Tony Vieira- Cineasta de Contagem “. Sim, Tony Vieira cresceu em Contagem e lá viria a falecer depois que largou o cinema, ou foi largado por ele. Ele nasceu em 1938 em Dores de Indaiá, mas criancinha se mudou para a cidade vizinha de BH e aí deu os primeiros passos na vida artística.Começou no circo e depois veio trabalhar na TV Itacolomi de BH e tornou-se uma figura até conhecida por aqui nos anos 60. Como de praxe foi então para Sampa e começou no cinema, trabalhando com Mazzarópi, entre outros, até cair na infame Boca do Lixo, onde construiu sua carreira. Fez um pouco de tudo no cinema e na TV:foi ator, assistente, dublê, até que na década de 70 passaria a realizar seus próprios filmes. Seu primeiro trabalho foi um faroeste ! Seus filmes seguintes continuariam nessa trilha do cinema popular que era feito na época : aventuras, faroestes, filmes de ação e eróticos também. Muitas vezes juntava tudo num filme só, sem pudor. “O Último Cão de Guerra” foi realizado em 1979, auge da carreira de Tony, e foi um dos seus maiores sucessos de bilheteria. É o seu filme mais típico, provavelmente, já que nao pude ainda ver muitos filmes de Tony, dada as dificuldades de consegui-los. E até achar um cartaz para ilustrar essa crónica foi díficil. E se me perguntarem como consegui esse filme eu diria que nem lembro mais. Só sei que fui num desses ótimos sites de compartilhamento de filmes brasileiros.
E o filme ? Olha , me diverti muito . Não faz feio perto das produções similares feitas aos montes na Europa e EUA. A trama tem um general neo -nazista que aprisiona mulheres em uma espécie de campo de concentração e lá realiza experimentos brutais.Um morador da região que teve as filhas raptadas chama então um mercenário – o próprio Tony - para resgatá-las. Com a ajuda apenas de um cômico auxiliar e um outro rapaz, o último cão de guerra vai então enfrentar o general maluco. No meio dessa confusão, que se passa num país indeterminado, temos momentos de humor a cargo do ajudante, erotismo aqui e ali – afinal é um filme da Boca do Lixo – e muita pancadaria , tiroteios e explosões. Como já observei, nao faz feio perto dos gringos. Estamos diante de um cinema puro, inocente e popular, que respeitava o público simples que formava longas filas nos cinemas de todas as capitais e cidades brasileiras. E acima de tudo, um filme feito por um cara que amava o cinema em sua essência. Cada fotograma desse filme transpira essa paixão por esse cinema ingênuo e quase primitivo, no bom sentido, bem entendido.

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