quarta-feira, 27 de março de 2013

El Triângulo de Oro (La Isla Fantasma) - 1983


Quando fazia pesquisas para escrever a resenha sobre o filme “O Inquisidor” – uma coprodução entre Peru e Argentina - tive notícias de Jairo Pinilla um diretor colombiano, e me chamou a atenção o fato dele se dedicar ao gênero fantástico. Algo inusitado : um diretor colombiano realizando filmes de gênero.  Ao lado do nosso Jose Mojica e do hermano Emilio Vieyra  um dos raros nomes que praticaram de forma mais sistemática o terror e o fantástico na América Latina.  E ,assim como nosso Mojica , filmes  realizados em condições precárias: orçamento exíguo, atores não profissionais.  Os críticos o apelidaram de o “Ed Wood colombiano”, o que pode soar bizarro ao quadrado. Para aqueles que  acham que o cinema é uma arte que exige padrões de qualidade técnica, interpretações classe “A” e nada que incomode,  que seja um afago no ego em suma, os filmes dele não serão indicados e aconselho a evitá-los. Mas se você acha que o cinema pode ser mais do que isso, que  ele deve  e pode ser ingênuo, louco, furioso, idiota, insolente irreverente, descomunal, insensato, infantil, primitivo, alucinado,brutal, então mergulhe no universo desse colombiano que ainda está vivo e produzindo  filmes modestos na terra natal. Lembrei nosso Zé do Caixão , mas o universo de Jairo também tem muito a ver com os filmes de Chico Cavalcanti e outros diretores da Boca que realizaram filmes de terror. Interessante que ele se arriscou a explorar outros gêneros, como neste filme que relembro bem mais próximo do fantástico com toques de ficção científica, do que do terror. O filme foi dublado em inglês e filmado  fora da Colômbia – no Panamá e no Caribe -, com a clara intenção de que soasse como uma produção americana ou internacional. Jairo comentaria que  o público gostou e achou que estivesse diante de uma produção japonesa! Na mesma  entrevista o diretor resumiu  a obra: “Tratava-se de uma ilha no Atlântico que era visível somente de um determinado ângulo, e dos  outros restava invisível. Na ilha havia um triângulo de ouro maciço cobiçado por muitos, mas que era, no entanto perigoso, já que todos que chegavam á ilha para busca-lo geralmente não saíam vivos”. Uma ilha perdida no oceano, um objeto, um segredo, um desejo, um sonho. Um filme em todos os aspectos único:  um “Lost” tosco, mas com a poesia  de Mélies ,Jules Verne e dos verdadeiros artistas do cinema primitivo.  Ed Wood, mas também Steven Spielberg: um crítico conterrâneo escreveu depois de ver este filme que” Jairo ,guardada as devidas proporções, era o Spielberg colombiano”. Sobre o filme ele declarou, com franqueza e coragem, que a intenção não foi  de fazer um filme de arte, como os outros diretores do  país sempre faziam, mas um filme comercial. Jairo se assumiu ingênuo (trabalho para pessoas que querem se divertir, e não gente pretensiosa , comercial sim(não pretendo fazer filme de arte),kitsch( se considerar que ser kitsch é  ser vulgar e fazer os outros se divertirem, então eu sou kitsch). Jairo tem outra tirada que faria as delícias dos que desejam esculhambá-lo: “No cinema prefiro Batman a Bergman”. Jairo, assim como nossos  Tonys, Cavalcantis , Cunhas e tantos outros ,foi mais um que se arriscou a realizar filmes para o público simples, longe das veleidades e pretensões sociológicas e artísticas. Lembrando que Jairo Pinilla foi homenageado no festival de cinema fantástico realizado em São Paulo em 2010, juntamente com seu coirmão José Mojica. Para os interessados todos os seus mais importantes filmes( a obra é pequena) estão disponíveis no Youtube, incluindo este que relembro.

Um comentário:

Unknown disse...

Os filmes de Emilio Vieiyra e Mojica sõa grandes obras, e mesmo que não tenham o selo de intelectualidade, ambos demonstraram uma astúcia cinematográfica e uma audácia nos temas abordados que os deveria colocar no patamar que merecem (como o que aconteceu com o Jodorowsky.

Irei conferir a obra do Ed Wod Colombiano e o seu Triángulo de oro.

Abraços do KING Buddy Holly, erternamente ITs ALIVE do Blog Filmes do Pato Morto.