sábado, 11 de fevereiro de 2012

Cry Uncle ! - 1971


John Avildsen(nascido em 1935) é um caso curioso no cinema americano. Ainda em atividade, mas em produções obscuras, é lembrado por haver dirigido alguns blockbusters de sucesso nos anos 70 e 80: os infames “Rocky” e “Karaté Kid”. No entanto o início da carreira sugeria um diretor ousado e criativo. O primeiro filme, ”Joe” deixou boa impressão e este aqui que relembro, caso algum admirador dos sucessos acima assista provavelmente irá vomitar ou praguejar antes de atirar o filme ao lixo. Onde foi que ele errou afinal de contas? Como alguém se desvia de um caminho coerente para se deixar enredar por filmes pusilânimes e sem alma? Em quê momento John vendeu sua alma? Dinheiro? Perguntas que ficarão sem resposta, pois certamente não irei entrevista-lo jamais. Mudando de assunto só um momento: o caso recente da morte do cantor Wando. Um caso algo semelhante: ele começou a carreira com uma série de 4 ou 5 discos criativos, suingados, mas em algum momento, o diabo disfarçado na figura de algum executivo ou produtor cochichou em seu ouvido: deixa de onda, faça merda que lhe darei o mundo. E o cara foi lá enveredou pela música dita romântica, colecionou calcinhas, passou dessa para melhor unicamente lembrado com a pecha de cantor brega das calcinhas. Muitos se surpreenderam ao descobrir a sua faceta inicial de sambista sacolejante. E voltemos ao nosso Avildsen que ganhou prêmios – Oscar, no caso - , viu a glória pública, que o diabo lhe concedeu ao se vender, e tal como Wando morreu, apenas artisticamente, aqui no caso. Brega, sambalanço ,calcinhas, cinema e Troma: tudo a ver aqui no blog. Falei em Troma, a produtora maluca de filmes Bs, justamente por que foram eles que produziram essa peça sui-generis do cinema americano dos anos 70.

Bons tempos, de liberdade conceitual, criativa e nada de politicamente correto. Filme decerto que, feito hoje, seria dizimado pelas hostes do bem estar comum americano. Mas no começo da década de 70 o ambiente ainda permitia um filme como este no mainstream. Sexo é o grande personagem que paira sobre todas as ações do filme. Sexo, um dos pesadelos americanos. A sequência inicial é exemplar: um cara gordo e feio, careca, fazendo sexo, desajeitado com uma mulher longe de qualquer padrão de bom gosto. Jake (Allen Garfield) o sujeito, é um detetive fuleiro e tarado. É interrompido em seu coito com uma chamada para resolver um caso aparentemente banal: um milionário esquisito acusado de matar uma prostituta durante uma orgia. O que se segue é uma jornada fescenina, debochada, fora dos parâmetros do bom gosto, no mundo das drogas e do sexo. Apalavra sacana poderia resumir bem o filme, ou talvez outra pior, e que não pega bem escrever aqui. Uma pequena obra-prima de mau gosto e sordidez, irregular e divertida.

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