sexta-feira, 15 de julho de 2011

Andy Warhol's Bad- 1977


Último exemplar da série de filmes produzida pelo papa da pop arte pela sua Factory e o único a não levar a assinatura do pupilo e diretor Paul Morrisey. Desde a década de 60 Andy Warhol se envolveu com cinema. Seus filmes experimentais adquiriram certa notoriedade; depois abandonaria a direção e enveredaria pela produção, focando o público mainstream, claro, sempre com filmes bizarros e extremos. Sem nenhuma dúvida, o filme aqui comentado é o mais bizarro e transgressivo da série. No quesito humor negro, pelo menos, consegue ser bem mais virulento que a trilogia “Heat”, “Flesh “ e “Trash”, ou os dois filmes de terror que foram produzidos pela Factory, “Drácula” e “Frankenstein”.
“Bad” marcou o retorno da diva Carrol Baker ao cinema americano, depois de uma longa temporada atuando na Itália. E pode-se dizer: um retorno para lá de bizarro e controverso. Ela é a senhora Hazel, uma simpática cabelereira, que dirige uma espécie de agência de assassinos profissionais, todas mulheres. A chegada de um rapaz procurando por trabalho como assassino desencadeia uma série de situações. Além de folgado, ele trata logo de se enrolar com uma das garotas que presta serviços para Hazel. Para complicar um detetive importuna continuamente a “simpática” senhora, com chantagens e ameaças. Em meio a esses problemas, ainda tem que lidar com a nora meio maluca e seu bebê feioso e chorão. Um tipo de filme impensável de ser realizado nos tempos atuais do politicamente correto. Os filmes de John Waters seriam talvez o mais próximo que o cinema americano chegaria posteriormente em termos de virulência e politicamente incorreto. Mas aqui estamos num terreno muito mias sarcástico e demente, digamos assim. Cada fotograma respira ultrajes e demências variadas, ignorando as regras elementares dos padrões de comportamento tidos como corretos. Racismo, perversões sexuais, violência, humor grotesco são alguns dos ingredientes doesse bolo indigesto para aqueles que acham que o cinema deve ser a expressão cor-de-rosa da vida.
A direção desse catálogo de bofetadas no politicamente correto, bom gosto e lugares comuns coube a Jed Johnson. Foi único dirigido por ele em sua carreira, mais direcionada para a edição e produção, sempre para Andy Warho. Um detalhe extra que torna o filme ainda mais interessante é a trilha sonora, composta de grooves funkeados e roquinhos safados.

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