domingo, 7 de outubro de 2012

Toi, le Venin - 1958

Se tivesse saco e paciência bem que gostaria de escrever algumas listas. Uma delas que sempre imagino seria dos melhores inícios da história do cinema, ou melhor, meus favoritos e marcantes Na falta dessa lista, talvez um texto sobre eles. O hábito de ver muitos filmes gera certa impaciência vez ou outra: me pego às vezes tentando assistir, um, dois, três filmes, e largando-os logo nas primeiras sequências numa dispersão ansiosa irritante. Não foi caso desse filme francês que já há algum tempo descansava aqui no HD e esperava pacientemente sua hora. A presença de Marina Vlady já era suficiente para despertar a curiosidade. Mas logo na primeira sequência ele me cativou: sem dúvida um dos melhores e mais sensuais inícios que tive a oportunidade de assistir. Um sujeito perambulando por uma praia ao cair da tarde, um cadillac branco dirigido por uma mulher (da qual não se consegue ver o rosto ), que lhe oferece uma carona até Nice. Sim, o cenário é o mesmo imortalizado pela câmera de Jacques Demy. Porém a motorista misteriosa desvia do caminho, estaciona num local isolado, e para a felicidade do moço, se desnuda e se deixa possuir. Uma noite que prometia ser inesquecível e que logo se transforma em um pesadelo: a desconhecida após fazer amor, saca uma pistola, expulsa o rapaz e ainda tenta atropelá-lo. Felizmente - dependendo do ponto de vista - o nosso herói, Pierre, consegue anotar a placa do carro e resolve descobrir a identidade da maluca. A investigação leva-o a uma mansão habitada por duas irmãs: Eva(Marina Vlady), presa a uma cadeira de rodas, e Helene (Odile Versois). Ambas belíssimas , sedutoras e enigmáticas. Diga-se de passagem, que as duas atrizes eram irmãs na vida real, e a primeira casada na época com o diretor Robert Hossein, que interpreta o personagem principal. Para continuar o clima familiar a trilha(sensacional) foi assinada pelo pai do diretor, André Hossein, e a assistência de direção esteve a cargo de outra irmã das atrizes. O filme foi realizado durante o nascimento do furacão da nouvelle vague, mas passou longe do movimento. Um filme que não envelheceu e continua a seduzir o espectador com sua aura de sensualidade e clima “noir”.
A trama lembra em alguns pontos outro filme “à gauche” da nouvelle vague: “Les Felins” de René Clément, com Alain Delon e Jane Fonda, realizado em 1964. Em ambos os filmes temos homens indecisos e tolos que se tornam joguetes nas mãos de mulheres diabólicas e ambíguas, mas sempre fascinantes e sedutoras: sereias de canto venenoso e mortal. O diretor Robert Hossein nunca obteve muito reconhecimento por parte da crítica, e anos 70, se afastou do cinema e foi se dedicar ao teatro, onde se tornou um dos monstros sagrados e ganhou o respeito merecido. A história foi adaptada de um romance policial de Frédéric Dard, que colaborou na confecção do roteiro juntamente com o diretor. O filme pode ser baixado via torrent, em boa cópia: http://bt.eutorrents.me/index.php?page=torrent-details&id=bea76a5f2212799e5f7f34f2fa064ca4647785fb

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