segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

The Blood Drinkers - 1964


Um Bezão filipino e ainda por cima um filme de vampiros é algo mesmo extraordinário e sensacional. Antes um momento Wikipédia: a pequena Filipinas tem uma das antigas indústrias cinematográficas da Ásia, nos anos sessenta e setenta teve um longo flerte com Roger Corman, que lá produziu muitos filmes e deu oportunidade a cineastas filipinos, como o grande Cirio Santiago, entre outros. É provavelmente o único país católico no continente, religião herdada dos colonizadores espanhóis, razão, também pelas quais todos lá têm nomes hispanos, apesar de já não falarem o espanhol. Mas creio que ainda são muitas as palavras castelhanas na língua, neste filme mesmo volta e meia se ouve alguma, apesar de que o filme está dublado em inglês. Voltando ao cinema, os filipinos têm também boa tradição nos filmes de gênero e o filme aqui é dos mais curiosos vindos de Manila. Direção de Gerardo de Leon e produção de Cirio Santiago, roteiro baseado em uma popular HQ do país. Uma história de vampiros com bastante influência dos velhos filmes de terror da Universal e que seguramente não mete mais nenhum medo. O charme do filme está na poética cadência com que a história é narrada, com toques surrealistas e expressionistas. O uso das cores é singular: quando os vampiros atacam, a tela se tinge de vermelho; azul, quando os vampiros estão ameaçando, mas não são vistos; e quando as cores são regulares, para dias normais ou idílios amorosos. A trama segue o padrão clássico de um bom filme de vampiros: o careca dentuço Marco deseja reviver sua amante vampira, e para isso necessita realizar um transplante de coração, que nesse caso seria o da irmã gêmea que vive numa aldeia. O seu séquito compreende uma amante masoquista, que se deixa chicotear e ter o sangue chupado, o indefectível corcunda e um anão. Para combater a fúria sanguinolenta do vampiro, um padre – que narra a história – e o namorado da mocinha terão que mover as forças do Céu e da Terra. O interessante em tudo à parte a citada talentosa direção e fotografia, é que apesar da trama aparentemente convencional, o cenário local está perfeitamente inserido com detalhes quase documentais de uma aldeia filipina, algo raro em produções do gênero gótico. O título original: Kulay Dugo Ang Gabi.

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