terça-feira, 15 de novembro de 2011

Íncubus - 1966

Um dos filmes mais cercados por lendas de todos os tempos, e dos mais curiosos e obscuros. Para começar foi um dos dois únicos filmes falado inteiramente em esperanto até hoje. Eu até achava que era o único, e a maioria das resenhas dizia que seria,mas foi realizado antes na França, outro falado em esperanto. Lendas de maldições cercam o filme: praticamente todo o elenco, à exceção do star trek William Shatner, morreu de maneira trágica após a realização. E para finalizar: só teve exibição na França – daí porque qualquer cópia que alguém encontrar sempre terá legendas em francês –, foi dado como perdido e só há alguns anos foi encontrada uma cópia e enfim, o ganhou versão, lá fora em dvd.
O responsável por essa curiosidade da história do cinema foi um homem mais afeito ao universo da televisão, curiosamente: Leslie Stevens dirigiu pouquíssimos longas-metragens, tendo trabalho como produtor, diretor e roteirista na TV. Seu nome sempre é lembrado por ser o responsável pela série “Além da Imaginação”, umas melhores coisas que a TV produziu.
A decisão por colocar os personagens falando em esperanto foi uma audácia de Leslie Stevens, mas faz algum sentido, considerando a trama. Dois demônios Amael e Kia , em forma de mulher, entediadas com a facilidade com que os humanos se deixam levar para o mal. Kia descobre que um humilde soldado que vive numa ilha isolada , envolta em brumas, com a irmã era, afinal de contas, alguém realmente puro, e resolve, junto com a irmã concentrarem as forças em levá-lo para o caminho do mal. Para corromper a irmã recorrem a outro espírito do mal que vai seduzir e estuprar a moça ; mas Kia e o soldado se enamoram. Para o diretor então só faria sentido que os íncubos falassem uma língua que não soasse como falada por humanos, e daí escolheu o esperanto. O cenário nas cercanias de Big Sur, na Califórnia, sugere mais uma atmosfera expressionista e nórdica, uma aura onírica e de pesadelo. Um episódio da “Além da Imaginação” com toques bergmanianos alguns críticos sugeriram. As imagens e temas influenciariam diretamente três filmes posteriores: “O Exorcista” – os demônios de ambos os filmes se assemelham -, “Evil Dead” de Sam Raimi e “o Bebê de Rosemary” ( a cena do estupro demoníaco é similar à cena do filme de Polanski).
Voltando ao tema da maldição que cercaria o filme: as duas atrizes, que interpretaram os demônios tiveram fim trágico um ano após a realização do filme: Ann Atmar suicidou e a outra Eloise Hardt, teve a filha raptada e morta; e o ator Milos Milos que interpretou o demônio matou a amante, esposa do ator Mickey Rooney e cometeu suicídio em seguida. A questão é - para além dessas lendas - que estamos diante de um filme de terror sui-generis, que não deixa ninguém indiferente ao assisti-lo.

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