sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

La Rose Écorchée - 1970


O tema é, digamos assim na falta de expressão melhor, clássico no cinema fantástico e de terror: uma bela mulher tem seu rosto desfigurado, aparece um cientista ou cirurgião que descobre uma maneira de recompor a sua beleza. O problema é que para isso, a matéria prima necessária é pele de uma mulher viva, ou seja, só matando para obtê-la. George Franju , em “Les Yeux Sans Visage” de 1959, obra respeitada até por cinéfilos normais e de carteirinha, aparentemente esgotou o tema. Mas outros cineastas renomados ou não acharam e refizeram a história algumas vezes. O infame Jess Franco praticamente refilmaria a história em 1962 com o seu “The Awful Dr. Orloff”, mas os italianos, é claro, não perderiam a oportunidade e também dariam a contribuição deles com “Atom Age Vampire” em 1961, entre outros. E não é que anos depois o querido dos cinéfilos, o espanhol Pedro Almódovar, quem diria, retomaria o tema com seu último filme “A Pele que Habito"? Não tive a oportunidade de conferi-lo ainda. Devo admitir que a obra do diretor de “Átame” não me interessa há muito, muito tempo. Não deixa de ser curioso que para se injetar sangue novo e escapar da armadilha estética em que se envolveu quando virou “almodovariano”, tenha recorrido a um tema típico de filme B. Bem feito, eu diria. O filme do obscuro francês Claude Mulot retomava a história sob a influência de Jess Franco e Jean Rollin, sem deixar de prestar tributo ao clássico de Franju. Com um título que é sem dúvida um dos mais belos do cinema, temos um filme que tentava apresentar algumas variações ao tema. Um pintor ricaço e famoso Fréderic Lansac(Philippe Lemaire) se enamora de uma jovem Anne(Anny Duperey) e se casam. Desgraçadamente, na noite da festa de casamento, a jovem noiva tem seu corpo inteiramente desfigurado pelo fogo. Ela é dada como morta, e presa a uma cadeira de rodas, vai viver como uma reclusa nas profundezas do castelo. A chance de recuperar a beleza surge quando o marido descobre que seu funcionário da floricultura, era um renomado cirurgião plástico, que estava impedido de exercer a profissão. Romer é interpretado por Howard Vernom, que havia interpretado papel semelhante no citado filme de Jess Franco de 1962, numa mais que declarada homenagem e citação. E como era de se imaginar a única chance para a cirurgia plástica obtivesse sucesso seria recorrendo á pele de uma mulher jovem. Providencialmente aparece no castelo a irmã de uma enfermeira que havia desaparecido quando trabalhava no castelo – preciso dizer que ela fora assassinada? A história é ambientada em século XX onírico, irreal. A atmosfera é gótica, poética, temperada com um erotismo suave, raios e trovões -os castelos parecem viver eternamente tomados pelas tempestades -, dois anões mudos, que vivem nos porões do castelo e flores mortíferas que podiam matar a um simples toque. Clichês obrigatórios em uma produção do gênero e amontoados como antiguidades em um castelo. O diretor Claude Mulot adotaria o nome do personagem do pintor para assinar seus filmes eróticos que realizaria posteriormente.Aqui era apenas seu segundo filme e logo depois enveredaria para o cinema pornô, e seria amaldiçoado e riscado de qualquer história do cinema.

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