quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sansone e il tesoro degli Inca -1964

Outro sério candidato à lista dos faroestes mais malucos, curiosos e divertidos da história do cinema.Claro que não poderia ser americano: por lá eles são mais ortodoxos no gênero, que, para eles quase é sagrado. O que não significa que façam suas extravagâncias basta lembrar o recentíssimo e fraco “Cowboys e Aliens”. Mas só mesmo italianos para perpetrarem este coquetel de faroeste e peplum ! Sim o gênero que parecia restrito aos Hércules, gladiadores, Neros, Messalinas, cristãos na arena, mitologia de pacotilha e outras coisas mais, invade as pradarias. Sansão empunha um par de revólveres no velho oeste. A produção é na verdade ítalo – germânica. O western chucrute é um subgênero obscuro derivado do euro-western, que engloba o spaghetti e o espanhol paella, mais proeminentes. Este aqui apesar do dedo italiano é bem diferente dos filmes de Leone, Corbucci e outros. Pouca violência e muita ingenuidade que o deixa mesmo com cara de uma boa matinê. O título já indica o absurdo: que diabos os Incas – que eram da América do Sul – estariam fazendo no velho oeste? A versão americana piora a confusão e muda o nome do herói para Hércules e os índios se transformam em astecas, o que faria mais algum sentido, guardada as devidas proporções, ao imbróglio. No Brasil foi exibido na época com o título de “O tesouro perdido dos Astecas”. Mas os índios do filme são mesmo incas, o que ao longo do filme o espectador afeito –como eu – a saladas como esta vai descobrir como, quando e as razões pelas quais os incas foram parar no oeste no séc.19. O Hércules ou Sansão do filme é interpretado pelo popular Alan Steel, na verdade um ator italiano cujo nome verdadeiro é Sérgio Ciani. O cara interpretou os heróis citados acima, além de Maciste e Golias, dezenas de vezes em pepluns entre 1959 e 1964 e estrelou outro coquetel bizarro: “Zorro contra Maciste”. Se a base do peplum sempre foi a mitologia bastante natural o mergulho em outra mitologia ocidental que é o faroeste. Estão aqui todos os elementos: o dono do saloon com cara de vilão, caviloso e pilantra – que supreendentemente se safa no final – o pistoleiro soturno vestido de negro, a professora boazinha da escola infantil, o jogador profissional, a cantora do saloon com jeito de moça da vida fácil, mas de bom coração, o xerife incompetente, e os bandidos ruins de pontaria. Presumo que mais habituados a espadas e lanças greco-romanas eles não tenham treinado pontaria adequadamente, pois nunca vi pistoleiros tão ruins de tiro em um mesmo filme. E olha que os colts eram aqueles fantásticos que disparavam pelo menos 30 tiros sem que houvesse necessidade de recarrega-los. A trama caminha pelo primeiro terço do filme com a velha história de um mocinho acusado injustamente por um crime que não cometeu. Entra em cena o amigo Sansão que recaptura e o devolve ao xerife, e claro que, o gesto estúpido, quase provoca o enforcamento do rapaz . Nosso herói tem tempo, no entanto de ir até ao Fort Apache – , o nome só poderia ser este – e traz a cavalaria para salvar o amigo Alan do linchamento. Até agora nada de tesouro ou de incas, apenas citados rapidamente pelo vilão. E inesperadamente os peruanos dão as caras e temos a explicação plausível: os índios haviam escapado á perseguição dos conquistadores espanhóis, atravessado toda a América Central e se refugiado no deserto, onde construíram uma cidade subterrânea e lá viviam há pelos menos uns 400 anos. A trama do inocente perseguido é esquecida e tudo converge para a caça ao tesouro dos Incas. Para costurar a maçaroca e dar um sentido romântico aparece uma princesa inca, disfarçada de rapazinho, que é salva por Alan e juntos fogem pelas montanhas. Aqueles que apreciam insinuações homoeróticas tem aqui um prato cheio: Alan diz à princesa inca Mísia (Anna Maria Polani), após descobrir a identidade real dela, que a amou desde o instante em que lhe beijara o pescoço: enquanto estavam fugindo pelo deserto a moça – ainda disfarçada de rapaz- fora picada por uma serpente e ele tivera que chupar o veneno, e pelo visto, aproveitando a ocasião, tirou uma casquinha. Very funny, diria um americano. O filme tem outros detalhes divertidos como os nomes de alguns personagens: um se chama Barracuda, outro Fish, temos um Deprofundis e um cavalo com o nome de Agonia, e por ai vai. Ao fim e a cabo um bom exemplo da picaretagem cinematográfica italiana que nunca teve vergonha de emular gêneros americanos por excelência e o resultado eram filmes estrambóticos como este, muitas vezes. Uma pena que que isso acabou. A direção dessa ópera bufa coube a Piero Pierotti, também roteirista.

3 comentários:

disse...

Olá, Fernando. Gostei muito do seu blog e adoraria fazer uma parceria.
Este filme parece ser uma grande diversão, daqueles que você assiste sem levar o enredo muito a sério.
Abraços!

Karina disse...

Ola você saberia me dizer onde consigo baixar esse filme?

fernando fonseca disse...

Oi karina:http://rarelust.com/hercules-and-the-treasure-of-the-incas-1964/