segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

La Contrafigura- 1971


Rotulado como giallo na maioria dos blogs e sites consultados, o que é no meu entender uma classificação inexata. O gênero oriundo da Itália tinha elementos peculiares que o distinguiam dos thrillers habituais, e qualquer espectador que assistir dois ou três deles e depois tomar contato com esse dirigido por Romulo Guerrieri ,verá que está diante de outro tipo de filme. É verdade que é um thriller. Poderia ser considerado sim, como um precursor dos thrillers eróticos que infestariam a península italiana a partir da década de oitenta, tornando-se quase que um subgênero por si só.
O início é forte: um homem caminha por um estacionamento e é alvejado por um estranho. Corte para uma praia: Giovanni(Jean Sorel), um arquiteto frustrado, vive à custa do dinheiro do pai milionário, casado com Lúcia (Ewa Aulin). Estão em férias numa praia no Marrocos. Além da frustração profissional ele carrega outro peso: um ciúme doentio pela linda e sexy esposa. Na praia deserta tomam contato com um americano Edyy, meio hippie, que vive isolado, e lê literatura anárquica e de esquerda. O interesse da jovem por ele aumenta ainda mais o ciúme do arquiteto. Tudo muda com a inesperada chegada da sogra Norah (Lucia Bosé). Como a filha linda e sexy, logo desperta inesperada paixão em Giovanni, que passa a assediá-la até conseguir fazer amor com ela, quase em um estupro. O retorno a Roma não irá diminuir o desejo pela sogra, que desaparece, não atende seus telefonemas e nunca é encontrada no apartamento. E para deixar tudo pior, ela parece que instalou no apartamento o americano hippie, que ela assim como a filha também se aproximara e parecia estar de caso.
Resumindo assim uma parte da trama, nada sugere que o filme se distinga muito de produções rotineiras italianas, com sexo, e um crime, embalados por uma música deliciosa, que, diga-se de passagem, é mesmo uma beleza. O diretor já se havia aventurado por outro thriller, “The Sweet Body of Deborah”, também estrelado por Jean Sorel, igualmente longe dos padrões dos “gialli “ clássicos. Mas se ali alguns defeitos empanavam o conjunto, aqui a mão do diretor está mais calibrada: a trama é narrada flashback, pontuada por situações que podem ser apenas produtos da imaginação de Giovanni, em suma: um puzzle, que só é esclarecido em um final absolutamente inesperado e com uma boa dose de ironia e crueldade.

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