terça-feira, 30 de agosto de 2011

La Calda Vita - 1963


Obscura produção italiana dos anos 60 que pelo visto só não caiu em completa obscuridade graças à presença luminosa da atriz Catherine Spaak. No auge da beleza, a atriz francesa, é Sérgia uma garota de 18 anos, que vai passar um fim-de-semana numa ilha da Sardenha, em companhia de um primo e um amigo. Baseando-se numa narrativa do escritor italiano Quarantotti Gambini, que participou do roteiro ao lado do diretor Florestano Vancini. Realmente um filme quase esquecido. Não obtive na net nenhuma informação ou crítica sobre ele. O único comentário que obtive foi uma observação rápida de Carlos Reichenbach em seu blog “Olhos Livres”, onde, aliás, ele pedia para que alguém lhe conseguisse uma cópia. Um absurdo esse anonimato considerando-se que o espectador que puder tomar contato com essa joia do cinema italiano será um felizardo; um filme envolvente, denso, inteligente e repleto de nuances visuais e narrativas. Um filme que é sobre a juventude, a descoberta do amor, mas também sobre o conflito de gerações e as mudanças pelas quais a sociedade italiana passava no começo da década de 60. Um pequeno grande filme.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Embrujada- 1969


Armando Bo, o Russ Meyer dos pampas, realizou com sua musa Isabel “La Coca” Sarli, 27 filmes ao longo de mais de 20 anos de parceria. O título aqui em questão “Embrujada” pode ser qualificado como bizarro, esdrúxulo, extravagante, qualquer um desses adjetivos serviria para defini-lo. A verdade é que se trata de um filme único do duo Bó – Sarli, pelos elementos fantásticos na trama que se desenrola nas cercanias das cataratas de Iguaçu. Sarli está á vontade no papel de Asinsé, esposa de um rico madeireiro, que deseja engravidar de qualquer maneira. Só tem um porém: o marido, além de mais velho, é impotente, e veremos depois no decorrer do filme, que gostava mesmo era de ficar ao lado do capataz fortão. Para solucionar o problema ela começa a se oferecer para qualquer um que estivesse mais próximo, chegando ao cúmulo ir para um num bordel. Cai de amores com um dos empregados, interpretado por Victor Bó, filho do diretor, mas a relação começa a desandar quando entra em cena o Pampero, uma entidade mitológica com cara de diabo, que começa a assediar a voluptuosa. Os habituais banhos de Isabel não poderiam faltar: fico imaginando quantas punhetas os argentinos e latino-americanos não bateram por elas. Para narrar esse colosso Armando lançou mão de tudo que pôde: trechos de outros filmes foram descaradamente inseridos, além de cenas reais de uma viagem à China realizada por Sarli; e a montagem parece que foi feito por alguém meio doidão. Na trilha músicas brasileiras cantadas por Agostinho dos Santos, e uma versão muito boa de “Upa neguinho”, que creio foi executada pelo Luis Loy Quinteto.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

La papesse - 1975


Filme definitivamente curioso e esquisito. Foi dirigido e escrito por Mario Mercier, que não era diretor profissional, e era escritor, até de renome na França. Além desse filme realizou apenas outros dois filmes. Os temas abordados nas obras do escritor giram em torno do satanismo, bruxaria, mitos pagãos. Os problemas com a censura foram muitos e com esse filme não foi diferente: foi proibido durante bastante tempo na França. O censor, no relatório, classificou-o como uma ininterrupta sucessão de sadismo, torturas e violência e um total desprezo pela humanidade, demonstrada de maneira crua e revoltante. Pelo visto o censor gostava de cinema e entendeu direitinho a mensagem desse estranho filme. Apenas alguns nomes do elenco eram profissionais e mesmo assim, obscuros. Umas lendas que cercam o filme é a de que bruxos e bruxas reais atuaram como figurantes nas cenas do sabá. Revelando forte influência da obra do diretor Jean Rollin, o filme narra a tentativa de Laurent, um artista frustrado, em ser aceito como iniciado numa seita satânica liderada por uma misteriosa mulher. Para isso passa por diversos ritos sádicos e repulsivos. A turma dos satanistas tem um “quê” de riponga bicho grilo e agem como se estivessem num ensaio de “ Hair”. Ele é obrigado a colocar a esposa na história, pois uma das exigências para a aceitação era essa: que a esposa Aline, fosse convencida a participar dos rituais. Esse fio de trama aparentemente foi apenas um pretexto para Mercier colocar cenas reais de ritos satanistas, e por isso a narrativa, não tem muita lógica: tudo é envolto numa aura surreal. Ele, com certeza, não estava tentando realizar nenhuma obra-prima. Mas deixou um filme único na história do cinema.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

The Girl from Starship Vênus - 1975


Uma boa surpresa essa produção inglesa de 1975. Dirigida com recursos quase zero, pelo diretor de filmes pornôs Derek Ford . Dizem que Quentin Tarantino é fã dessa história de um alien venusiano que cai Londres e vai estudar a sexualidade humana. Para maior êxito na tarefa adquire as formas de uma loura, interpretada pela alemã Monika Ringwald. O humor inglês, sempre ferino e iconoclasta é destaque e impede que essa picaretagem não seja apenas uma curiosidade exploitation. A moça, nua, vai direto para o bairro boêmio do Soho, e entra numa sauna, depois é assediada por um tarado num cinema pornô, entre outros episódios hilários e bizarros. O passeio noturno pelo submundo erótico londrino se desenrola mais e mais delirante, para terminar com um tom até certo ponto óbvio: a alien , frígida e fria se deixa envolver pela sexualidade humana , desiste da vida venusiana, e cai de boca no sexo .A trilha sonora é ponto de destaque com seus rocks e funks safados que pontuam a trama

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Something Wild - 1961


Jack Garfein nasceu na antiga Checoslováquia e foi para os EUA aos 15 anos de idade, depois de uma temporada em Auschswitz. Em Nova York entrou para o meio teatral como ator na Broadway. No Actors Studio conheceu a atriz Carrol Baker . Casaram -se logo em seguida. No cinema só dirigiu 3 filmes. “Something Wild”, sua obra prima, realizado em 1961 Sem dúvida, um dos filmes singulares dos anos sessenta nos EUA, por vários motivos: produção independente, temática audaciosa para os padrões moralistas da época e uso de locações autênticas nas ruas de NY. Logo nas sequências iniciais a estudante Mary Ann(Carrol Baker) é estuprada por um maníaco. A partir desse evento, a garota, que morava com mãe e o padrasto, mergulha numa odisseia neurótica pelas ruas, até a tentativa de suicídio numa das pontes que cortam Manhattan, de onde é salva por um mecânico, que a leva para seu basement. Mike ( Ralph Meeker) um solitário mecânico mantem a moça prisioneira. Uma relação esquizofrénica se desenvolve entre estes dois seres perdidos na selva nova-iorquina, praticamente únicos personagens em cena. A s imagens são pontuadas pela exuberante trilha do grande Aaron Copland, e os créditos de abertura são da fera Saul Bass. Alguns críticos compararam o filme, pela sua atmosfera doentia, com o clássico de Polanski, “Repulsa ao Sexo” realizado alguns depois. Faz sentido considerando-se alguns elementos comuns, principalmente o minimalismo de ambos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

The Treasure of the amazon - 1985


O título está em inglês, mas trata-se de uma produção mexicana. A direção é de René Cardona Jr, filho de um dos diretores mais prolíficos do cinema popular mexicano. E demonstra nessa produção que aprendeu bem as lições do papai. Apesar de produção mexicana o elenco traz alguns veteranos do cinema americano: Stuart Whitman, John Ireland , Donald Pleasense e Bradford Dillman, além do grande ator mexicano (e diretor) Emilio Fernández.
Inicialmente fui atraído ao filme pelo título: julguei que estava em uma produção sobre o Brasil e a selva amazônica. Estava redondamente enganado: o filme se passa em um lugar imaginário, obviamente no rio Amazonas, mas de país impreciso. Diga-se de passagem, que as locações foram todas no México mesmo, pelo menos é que pude concluir depois de pesquisar na internet. Apesar da suposição errada acabei caindo em bom filme de aventuras com toques de exploitation.
A famigerada série italiana de filmes ambientados na selva, que misturavam horror, sexo e aventuras, como “Cannibal Holocaust” foi sem dúvida a matriz do filme de Cardona Jr.
A trama se desenrola em torno de vários grupos de aventureiros, sem direta conexão entre si, que se encafuam na selva à procura de uma fortuna em diamantes. Um aventureiro é um general nazista, que parte acompanhado de uma índia esquisita e peituda; outro grupo é composto por três aventureiros sem eira nem beira, violentos e ganancioso; e outro casal se enfia na selva também, com propósitos científicos. O problema é que além dos perigos da selva normais, ainda tem os Jivaros, os índios caçadores de cabeça, de tantas lendas e filmes. Ao contrário do que seria de se esperar não há cenas de sexo ou nudez, aliás, só há duas mulheres no elenco, além da citada índia peituda, tem a amiguinha sonsa dos pesquisadores, interpretada pela inglesa Ann Sidney, ex miss Mundo. Algumas escaramuças se seguem, não necessariamente entre esses três grupos, mas o final tem lá suas reviravoltas e surpresas. O conjunto final é um filme simpático e fácil de ir ate o fim, o que é suficientemente bom para uma produção como essa.