quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
A Praia do Pecado- 1977
É inevitável quando escrevo sobre filme brasileiro, principalmente se tenha sido realizado antes dos anos 90, fazer uma arenga sobre a falta de memória. Já foi um milagre conseguir uma cópia desse filme, por exemplo, do diretor Roberto Mauro, e em condições tão ruins que só mesmo um cinéfilo demente - como eu - para ver o filme. A geração bluray, padrão tela sei lá o quê, iria correr da cópia. Citemos, que só o Canal Brasil, ainda salva nossa falta de memória com a exibição de filmes pré-90; acho que há tempos a Band vez ou outra promovia alguma exibição. Este ainda sobrevive ripado de alguma dessas exibições. Das TV passemos para a internet, que supostamente é um amplo repositório de informações, e ai no caso do meu filme, tomo bomba: apenas algumas informações técnicas, uma sinopse – errônea – e nada mais: nenhuma crítica, resenha, ou análise. Diga-se em louvor da net, que é graças a muitos bons blogs que nossos filmes ainda são lembrados:Revista Zingu, o blog Estranho Encontro e muitos outros que promovem o necessário resgate. E no quesito iconografia de filmes, especificamente do filme de Roberto Mauro, não consegui obter um único e miserável fotograma do filme, cartaz,nada. Um espanto. Até o fórum Clan Sudamérica, de onde baixei o filme parece que improvisou um cartaz, que é o mesmo que usei para ilustrar a resenha. O filme tem vários aspectos que o tiram da banalidade. É um caso raro de tentativa de um cinema de gênero no país, aqui no caso, um policial; o argumento original é do Carlos Reichenbach – que dispensa comentários: e uma das estrelas do elenco é o magnífico Toni Tornado, amado e idolatrado por todo que amam sambasoul e boa música, e que fez longa carreira no cinema e na TV. O diretor Roberto Mauro atuou toda a carreira na Boca do Lixo, com mais de 20 filmes entre pornochanchadas e policiais, e como tantos outros diretores encerraria a carreira nos filmes de sexo explícito, antes de falecer em 2004. Apesar do título apelativo, que sugere uma praia com muita suruba,o que temos mesmo é um policial, e sem nenhuma cena de nudez mais ousada. Qualquer novelinha da Globo das oito é mais ousada no quesito. Enquanto policial um filme decente, com uma história bem amarrada e com as reviravoltas necessárias para manter o interesse. Gabriel, um advogado, interpretado pelo produtor do filme Oasis Minniti, para ajudar um cliente preso injustamente pelo assassinato de uma garota de programa, acaba em posse de documentos que incriminariam um milionário. Lenocínio, tráfico de drogas eram os negócios do figurão. Para fugir da pressão, aceita o convite de trabalho de um amigo que tinha uma construtora, e muda-se para lá, uma praia aparentemente calma. Não demora a descobrir que havia pulado da panela para o fogo: o próprio milionário era proprietário da construtora, apenas uma fachada para lavagem de dinheiro. O elenco tem nomes conhecidos dos filmes da Boca, como Sérgio Hingst, o diretor Cláudio Cunha – numa ponta –Zélia Martins, Andrea Camargo e Sonia Garcia; mas o destaque vai mesmo para Toni Tornado, o papel de capanga do milionário e amante da filha loura, que estava envolvida também com o pai em escabrosas taras sexuais. O pano de fundo da trama é a paradisíaca praia de Caraguatatuba, que imagino mudou muito desde então.
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