segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Alguns Filmes Brasileiros,




Estas são apenas algumas observações rápidas e sem nenhuma pretensão de aprofundamento critico depois de ter visto alguns filmes brasileiros por esses dias. Filmes esses, que graças à internet e seus canais de compartilhamento pude apreciar. Sempre que posso assisto a um filme brasileiro - digamos que ser quase uma obrigação. Alguns desses que vi esses dias me encantaram e surpreenderam :outros nem tanto e me irritaram profundamente. Vamos lá, pois.

"Kung Fu Contra As Bonecas ", sim é esse o titulo mesmo, foi dirigido por Adriano Stuart em 1975. Por sorte foi resgatado do limbo da nossa história cinematográfica graças ao Canal Brasil, que o exibiu algumas vezes. Tai um filme de um tempo em que os cineastas brasileiros não tinham medo e mergulhavam fundo -quando necessário - na paródia e no achincalhe. Tradição essa, iniciada nos bons tempos das chanchadas da Atlântida e que o pessoal da chamada pornochanchada - principalmente - preservou. Os grandes sucessos de bilheteria do cinema americana eram impiedosamente revisados e parodiados de maneira quase sempre tosca e irreverente. Adriano Stuart, por exemplo, perpetraria outra paródia alucinada: "Bacalhau", um deboche colossal em cima do "Tubarão" de Spielberg.
"Kung Fu Contra as Bonecas "achincalha um grande sucesso das nossas Tvs daqueles tempos: o seriado " Kung Fu" com David Carradine.Nao tinha um garoto daquela época que não assistisse ao seriado. O detalhe é que o filme parodia também uma tradição cinematográfica nossa e que naquele período ainda fazia sucesso nos cinemas: os filmes de cangaceiros - quase todos dirigidos pelo Carlos Coimbra, falecido recentemente. As Bonecas em questão são sim, de verdade, os cangaceiros!
A história da vingança do nosso lutador de kung fu contra o bando de cangaceiros boiolas que mataram sua família é só uma desculpa para uma inacreditável sucessão de gags hilariantes e absurdas beirando o surrealismo mais puro. Nem precisa dizer que o politicamente correto - felizmente - passava longe.


O Bando de cangaceiros além de certa boiolagem tem números nas costas dos uniformes - como em times de futebol. O camisa 10- e claro que pertence ao chefão Azulão, interpretado, of course, por Mauricio do Valle -o imortal Antônio das Mortes dos filmes de Glauber Rocha. Para puxar saco do chefão os cangaceiros sempre cantam... Camisa 10 de Hélio Matheus. E em plena caatinga os cangaceiros tem que bater relógio de ponto. Uma gag especialmente brilhante é quando o cangaceiro Azulão canta Assis Valente e sua “Uva de Caminhão “. Demais O nosso herói vingador até arruma uma namorada que o ajuda na sua vingança.A deusa imortal da Boca do Lixo - Helena Ramos - é a moça em questão. E sabe-se lá como, também possui exímias habilidades em kung fu! Só que nosso herói é também meio aboiolado e não da muito no couro preferindo ensair o tempo todo uma flautinha à satisfazer a volúpia da mocinha. Como se verá no final, o herói vai se definir, sexualmente, digamos assim.


Em suma o filme é um barato total, pra usar uma gíria da época. Uma feliz descoberta.

Outra boa e realmente, agradável surpresa foi “A Fêmea do Mar”. O filme é de 1981 e tem direção de Ody Fraga. As musas da Boca,a deslumbrante Aldine Muller e a não menos Neide Ribeiro, são as estrelas do filme. O diretor e dublê de ator, Jean Garret também está nesse filme.
O catarinense Ody Fraga foi roteirista de mais de 50 filmes- em sua grande maioria - realizados na Boca, e dirigiu ainda uma quinzena de filmes,muitos de excelente feitura.Infelizmente já faleceu.

Numa excelente e reveladora entrevista que pesquei na net e feita por ocasião das filmagens, Ody Fraga - um homem culto, extremamente inteligente e original - revelava: " Sempre tive o desejo e a pretensão de fazer um filme dentro da estrutura do clássico, da tragédia grega e isso para mim é um desafio antigo e pretendo enfrentá-lo agora" O desafio a que ele se propôs foi atingido plenamente:o filme é um sólido e poderoso drama com toques sombrios de uma tragédia.

A história é ambientada numa ilha desabitada do litoral catarinense. Uma jovem mulher e seus dois filhos - um rapaz e uma moça(sendo que o rapaz cultiva uma paixão incestuosa pela irmã )vivem isolados. A mãe passa os dias mirando o horizonte a espera da volta do marido marinheiro. Um dia, finalmente, surge alguém: um marinheiro, que traz noticia sobre a morte do marido, e se dizia seu amigo.A chegada desse individuo misterioso - um sujeito que tem um discurso anárquico e niilista -desencadeia um processo repleto de tensões e angústias.
Ody Fraga cria uma atmosfera quase onírica e fantasmagórica. O engenhoso uso da trilha sonora - toda ela composta por temas clássicos de Offenbach - realçam planos e ângulos da câmera que me lembraram cenas do clássico maior do nosso cinema " Limite ". Proposital ou inconsciente? Uma boa pergunta que eu gostaria de fazer - se pudesse - para Ody. As cenas de sexo, longe de gratuitas e apelativas, são bonitas e perfeitamente inseridas no contexto da trama. Cenas lindas, leves e soltas.E Impensáveis no cinema brasileiro de hoje imerso na caretice mais infame.

" Fêmea do Mar " passa longe dessa caretice de hoje : e amoral, anárquico e sensual. Em suma: um grande filme e que merecia ser mais lembrado.



Corpo e alma de uma Mulher “ e de 1893 e tem também a mão de Ody Fraga .Mas só no roteiro e na produção. A direção dessa vez e do inominável e infame David Cardoso. Um blog que consultei em busca de maiores informações sobre esse filme o qualifica de um drama barato e de baixa qualidade, E acrescenta que seguindo a linha das pornochanchadas dos anos 80 não há o que de destacar no filme.
A citação mostra os preconceitos e juízos errôneos que cercam a história do cinema nacional. E no caso desse filme, os comentários acima me pareceram, após assisti-lo, inadequados. O filme é um BOM drama E está longeeee de ser uma pornochanchada.
David Cardoso é , no filme, Fernando um advogado criminalista. Curtindo as delícias extraconjugais com a secretária gostosa - Matilde Mastrangi numa rápida aparição - em Lisboa, e surpreendido pela notícia de que a esposa ficara paralítica. Obrigado a abandonar as opulentas curvas de La Mastrangi , o advogado se retira para uma fazenda isolada no Mato Grosso. A esposa em questão é a linda e - nova na época - Tássia Camargo , que entrevada numa cadeira de rodas, passa a ser cuidada por uma enfermeira. Helena Ramos interpreta o papel. Com este triângulo pode-se imaginar o que vem pela frente. O filme não é tão bom e redondo quanto o filme de Ody, mas tem méritos de sobra. Alguns pontos mostram as semelhanças com o filme anterior. Personagens isolados em local ermo. Tensões sexuais. E o discurso da enfermeira remete diretamente ao discurso niilista do marinheiro do filme de Ody. E a direção de David Cardoso é tudo menos ruim. Muitas sequências o demonstram. As interpretações não são aquela Brastemp ,mas se compararmos com esses "atores" globóides de agora...mereceriam todos os prêmios de melhor ator e atriz.



E por falar em globóides ,vi também 3 filmes que indiretamente - ou não - saíram da linha de montagem da vênus platinada, nossa Hollywood e nossa tumba cinematográfica. Nosso Taj Mahal de Mumbai.
"Bodas de Papel " dirigido por Andre Sturm é , por exemplo, produzido pela Globo Filmes -pelo que parece. O único mérito -relativo -que pude vislumbrar no filme foi a presença de Helena Ranaldi, uma mulher muito bonita. Só por causa dela acompanhei o filme ate a metade mais ou menos. Depois perdi a paciência com aquela história de amor sem graça e mal dirigida entre um arquiteto argentino e a personagem da Helena Ranaldi. Filmo bem aborrecido e fraquinho. Os diálogos são pueris e às vezes constrangedores. As cenas de sexo ruins e como era de se temer, caretas até o pescoço.
"O Homem que desafiou o diabo " tem direção de Moacyr Goes e foi lançado em 2007. Deve ter a chancela da Globo Filmes também. A produção traz aquele padrão dos casos especiais da TV . Ou seja, aquele pseudo padrão de qualidade artificial e pretencioso. O elenco e encabeçado por Marcos Palmeira , que sinceramente, só é ator por razoes familiares. O filme vai na cola das produções anteriores "Auto da Compadecida" e "Lisbela e o Prisioneiro ", Mas ao contrário das citadas acima falta-lhe a leveza e o humor. Uma produção bem cuidada diga-se de passagem - mas não consegue dar um pingo de graça e alma para esse filme insosso. Tenho a maior boa vontade com filmes nacionais. Mas os dois citados acima,sorry, não fui ate o fim.






O "Dia da Caca" com direção de Alberto Graca é de 1999. Tinha preguiça desse filme por causa da presença do Marcelo Antony. Mas o filme me surpreendeu agradavelmente. Um policial bem dirigido e com boas doses de suspense e reviravoltas na trama. Nos minutos finais o filme cai um pouquinho. O personagem do matador travesti interpretado por Paulo Vespúcio se sobressai e toma conta do filme. E aleluia: o diretor nao se furta a mostrar um belo corpo nu feminino por inteiro. No caso da atriz Barbara Schulz. No frigir dos ovos um filme que apreciei bastante e renovou minhas esperanças com essas produções recentes do nosso cinema.




















quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Fuego - Armando Bo - 1969

Outro filme argentino? Este blog é afinal de contas dedicado ao cinema portenho? Dios Mio! Não, nada disso. Mas não resisto a falar agora de Isabel Sarli, a maior popozuda portenha de todos os tempos. A maior e mais gostosa. Muito mais que a Antonela ex- BB(sic). Há cerca de uns dez anos estive passando férias em Buenos Aires e tomei contato pela primeira vez com a musa sexy maior dos argentinos num cineminha de San Telmo que estava exibindo uma retrospectiva de seus filmes. Saí extasiado com aquele mulherão cheio de carnes, canastrona e voluptuosa. Terminei aquela noite sárlica tomando umas copas de vinho e comendo um bom prato de chorizos sonhando com as curvas daquela atriz da qual eu nunca tinha ouvido falar antes. Desde que a vi devo dizer que me viciei nessa argentina - que pelos padrões de beleza atuais seria considerada gorda. Mas foi o maior símbolo sexual latino dos anos 50, 60 e 70. "Fuego" realizado em 1969 e dirigido- como sempre - por Armando Bo, descobridor e amante ( nunca foram casados), é a peça mais extravagante e absurda da longa carreira da atriz, que começou a carreira pública como miss Argentina em 1955. Armando Bo, foi para ela o que foi Sternberg para Marlene Dietrich: mais que um diretor e amante ele moldou o mito erótico que atravessaria décadas. Juntos realizaram mais de uma dezena de filmes. Num tempo que nosso cinema nem sonhava ainda com nossas veras fischers, bragas aldines mullers e helena ramos, Isabel Sarli não hesitava em se desnudar diante das câmeras e se entregar ao erotismo mais frenético . O detalhe é que quase sempre se desnudava em cachoeiras, rios ou no mar. Dai resultaria o dito jocoso de que ela foi a atriz mais "limpa" do cinema."Fuego" é a obra-prima do cinema extremo. Um filme tango. Quero dizer: um filme que tem o espírito encarnado do tango. Exagerado. Cafona. Brega. Desvairado. Em todos os sentidos. Até ao delírio. A trama do filme tem um quê de um Nélson Rodrigues : é a história de uma mulher, que tem, digamos assim, o fogo no rabo. Mesmo sabendo disso o homem a aceita ,casa-se com ela e tem depois que sofrer as consequências do desatino do ato de se unir com uma ninfomaníaca - que ainda por cima tem relações sáficas com a empregada. Como se vê a trama simples e eficaz é uma desculpa para o Russ Meyer portenho colocar na tela ninfomania e lesbianismo entre outras taras sexuais. O filme não obedece nenhum cânone do bom gosto do cinema atual e se entrega totalmente aos desvarios beirando até o surrealismo. Porque, afinal de contas ,a história dessa mulher entregue ao fogo da sexualidade, é também a história de um amor louco no sentido bretoniano do termo. Graças aos benditos torrents e emules podemos agora ter acesso a essas preciosidades do cinema. Santa net.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Sangre de Virgenes -1967


Que tal um vsmpiro hermano (provavelmente torcedor do Boca ou do River ) e atacando em Bariloche ? Pois é,esse vampiro existe :um vampiro argentino ! Essa aparente aberracao pode ser conferida no filme Sangre de Virgenes do diretor argentino Emilio Veyra.O filme narra a história de um legítimo vampiro portenho e sua companheira , uma antiga amante convertida em vampiro. Realizado nos idos de 60,mais precisamente em 1967 -o filme é uma deliciosa tranqueira - dependendo do ponto de vista - ou uma obra prima do cinema.Fico com os dois pontos de vista. Nos padroes habituais o filme não passaria de uma tranqueira trash pelo estilo de interpretacoes dos atores, com os maneirismos de interpretacao herdados do cinema mexicano - o que significa muitos olhos arregalados e contorcoes faciais-um bom filme de terror exige esse modus operandi de interpretacao na minha opinião.O estilo de interpretacao artificial dos atores ajuda a dar um clima surreal que permeia as imagens do filme. A história do filme comeca em uma época antiga e indeterminada - uma bela mulher é morta na noite de nupcias pelo amante - na verdade um vampiro. Depois de morta o vampiro a retira da tumba e lhe da vida eterna, Já nos tempos modernos vemos um grupo de moças e rapazes em férias em Bariloche. Na volta para casa são obrigados e se refugiarem numa mansão abandonada, que por coincidencia cinematografica ,é a mesma casa aonde se deu o nefando crime . O grupo de jovens protagoniza uma sequência de cenas bem interessantes e curiosas. Numa delas, enquanto estao em um barco , uma das mocas coloca um LP para tocar e diz ao pessoal - Vamos dancar um ritmo superlegal , a bossa nova ? A musica ,aliás , é um dos aspectos mais marcantes desse filme. O autor da trilha soube criar um clima pisicodélico e sombrio com perfeicao. Uma excelente trilha sonora, sem duvida alguma, num coquetel de pop sixtie e orquestral. O autor da trilha :Victor Buchino. O erotismo do filme e outro aspecto que chama atencao. A vampira é uma loira voluptuosa e sexy -digna da tradição da grande Isabel Sarli - e traça os protagonistas masculinos do filme com sensualidade. A primeira sequência eróticado filme é bem canhestra. Coincidentemente essa cena é com o noivo...mas nas outras o bicho - ou melhor a vampira - pega.Em resumo so posso dizer que é um filme que apreciei bastante. Via emule pode ser baixado com algum esforço. Que vai valer a pena.