quarta-feira, 20 de abril de 2011

The Woman they Almost Lynch- 1953


Tempos atrás em papo furado numa mesa de boteco com amigos cinéfilos o assunto recaiu em Allan Dwan. E eu disse: se havia alguém que eu desejaria ter vivido a vida (entre tantas outras) teria sido a dele. Ele fez mais de 200 filmes, começou a fazer filmes ainda no cinema mudo e só pendurou as chuteiras nos anos 60. Carreira longeva e como não podia deixar de ser, repleta de obras-primas. É verdade: muito diretor americano teve carreira igualmente longeva, mas nunca saiu da mediocridade. Deixemos seus nomes no limbo e exaltemos os bons, caso de Allan Dwan.
Um dos picos da carreira de Allan Dwan foi a parceria com o produtor Benedict Bougeaus já nos anos cinquenta, que resultariam numa sequência de obras primas nos mais diversos gêneros:, noir ,westerns e aventuras. Entretanto o filme que comento aqui pertence ainda à fase anterior, quando realizou filmes para a Republic. Fase de filmes baratos e rápidos. Pequenas obras-primas de concisão e estilo. ”The Woman They Almost Lynch” é um dos faroestes mais singulares de toda história. Compartilha com o badaladíssimo “Johnny Guitar” de Nicholas Ray (realizado um ano depois, também na Republic), a peculiaridade de ter como protagonistas as mulheres. Não em papéis de mocinhas chorosas e esperando o cowboy, mas como mulheres que empunham revólveres, saiam no tapa e tomavam a iniciativa. As semelhanças entre os dois filmes não param aí: as duas heroínas igualmente são proprietárias de saloon em ambos os filmes. No mais assumem pontos de vista estilísticos e temáticos divergentes. O filme de Ray é muito visto e comentado e louvado. O filme de Dwan não teve tanta visibilidade- e só mesmo o Santíssimo Cinemageddon, para achar uma pérola como essa, tendo em vista que o filme nunca edição em VHS ou DVD.
No filme de Dwan, acompanhamos a trajetória de uma mocinha Sally (Joan Leslie) que chega a uma cidade do oeste, em plena guerra civil. O povoado guardava várias particularidades: não tinha xerife, era neutra em relação ao sul e o norte e tinha como prefeito uma mulher. O irmão da moça proprietário do saloon local é morto numa refrega, provocada pela ex-amante, que o abandonou para ficar com Quantrill (Brian Donlevy). È então que entra em cena Kate, a amante de Quantrill, interpretada com brio por Audrey Totter. Quantrill, Kate e um ainda jovem Jesse James, são alguns dos personagens reais que aparecem na história( evidentemente com a liberdade histórica habitual de Hollywood). O foco da trama se concentra então na disputa entre a bandoleira Kate e a mocinha, que se revela uma exímia pistoleira e boa no muque também. As duas protagonizarão um dos raros duelos femininos do velho oeste. Cena regida com maestria pelo mestre Dwan, coroando um filme menor na sua filmografia, se comparado com suas obras-primas, mas nem um pouco desprezível. O epíteto de obra-prima não lhe fica mal.

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