Um pequeno filme noir, mais lembrado por marcar a estreia nas telas de Jane Mansfield. Alguém ainda se recorda dela, ou pelo menos alguém com menos de 50? Duvido.
Reza a lenda que ela inclusive teve que pagar 150 dólares pela participação. E como o resultado de bilheteria não foi lá essas coisas, ela voltou à profissão de vendedora de pipoca em cinema, só reaparecendo nas telas pelas mãos mágicas de Frank Tashlin algum tempo depois. Vendida como uma imitação de Marylin Monroe, o sucesso foi fugaz, culminando no fim trágico em um acidente de automóvel. Nessa altura estava novamente confinada aos papéis em filmes Bs obscuros. Teve, no entanto, a glória de protagonizar o primeiro nu em um filme comercial americano, já no declínio da carreira. Mas o filme que lembro aqui é mais do que apenas uma memorabília cinematográfica, tem no elenco Lawrence Tierney, outra lenda de Hollywood, pelos seus excessos fora da tela. Esse por incrível que pareça, deve ser lembrado ainda por cinéfilos mais jovens, afinal atuou em “Cães de aluguel” de Tarantino, e continuando com as lendas, o ator quase deu uns sopapos no jovem diretor incauto. Tierney foi um dos maiores bebuns do cinema, e causou tanta confusão, que até em um jornalista que pretendia escrever uma biografia autorizada deu uns sopapos e ela nunca saiu.
Em “Female Jungle “ ele está à vontade, pois interpreta um detetive alcoólatra, que estava a dois dias enchendo a cara em um pub. O filme marca sua volta aos estúdios, depois de um hiato na carreira, por motivos óbvios já citados acima. Uma produção barata e rápida, rodada em apenas 10 dias. Foi ainda o único noir produzido pela American International Pictures, produtora de Roger Corman, e lançado em programa duplo com um western. O título inicial era “Hangover”(Ressaca), mas foi descartado pelos produtores.
E ressaca e álcool são os elementos que movem este filme. A sua ação gravita em torno de um pub, e se passa apenas em uma longa noite, após o fechamento do pub. Uma atriz é morta na saída do pub por um assassino misterioso. Os suspeitos logo aparecem e um deles justamente nosso policial interpretado por Tierney, que estava no pub, e não se lembrava de bem do que havia feito na noite, apenas que fora visto saindo com uma loura, e estava com um corte no braço. Entra em cena John Carradine, suspeito óbvio no papel de um colunista elegante e sinistro, amigo e amante infeliz da atriz assassinada. Outro elemento importante no imbróglio é um caricaturista que no momento do crime estava no pub desenhando os clientes. O rapaz casado com uma das garçonetes do lugar tinha, no entanto Candy Price (Jane Mansfield) como amante, que por sua vez tem seu caso com o policial suspeito. Toda a trama se confina ao pub já fechado, e os becos ao seu redor, numa trama claustrofóbica e tensa.
Bruno VeSota teve uma longa carreira como ator no cinema, quase sempre em produções B, e só dirigiu 4 pequenos filmes.
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