sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Female Bunch - 1971

Al Adamson, outra figuraça do cinema B dos anos 50 e 60 do cinema americano, cuja carreira e obra daria um bom filme. Como lembrei a propósito do outro rei dos Bs Ron Ormond, ele também está a espera de seu Tim Burton. A vida dele foi mesmo estranha, e sua morte mais ainda: foi assassinado, e enterrado sob o piso do banheiro da sua mansão, por um mestre de obras, que assumiu sua identidade e viajou pelo país até ser capturado algum tempo depois. Alguns de seus filmes também passaram por aventuras e dissabores inusitados. O meu filme lembrado aqui, não tão conhecido quanto sua obra-prima imortal “Drácula vs Frankenstein”, por exemplo, foi filmado em 1969, no mesmo rancho , “Spahn Ranch”,que servia de morada para o bando do hippie Charles Manson, que no mesmo ano perpetrou uma série de massacres na região de Hollywood. Inicialmente foi exibido com o título de “A Time to Run”, mas ao perceber o sucesso do filme de Sam Peckinpah, “The Wild Bunch”, mudou o nome do seu filme. Al era um picareta que não se importava em fazer um filme com restos de outros filmes, e chegou a lançar um filme, três vezes com diferentes títulos e cenas adicionais. Mas em “Female Bunch” ele se comportou e só recorreu a ajuda de uma espécie de codiretor para as cenas de ação. Sua fama é de um diretor inepto, pior que o infame Ed Wood, só para lembrar o mais notório realizador de “filmes-tão-ruins-que acabam-sendo-divertidos-e-ótimos”, mas aqui ele estava com a mão boa e não assustaria um espectador que esteja acostumado com tranqueiras italianas ou produções da Boca-do-Lixo Paulista nos anos 70. Aliás, já que citei os paulistas, a trama e a estrutura dos personagens é bastante similar às muitas produções que a Rua do Triunfo lançou para nosso deleite. Temos uma sonsa garçonete que cai de amores por um clone medonho de Elvis Presley, em alguma birosca de Las Vegas, mas logo toma um pé na bunda do cantor. Tenta o suicídio, mas é salva por uma colega, que sugere uma escapulida para um rancho de umas amigas. Lá ela se depara com um bando de mulheres bandidonas, bem sensuais e nada amistosas, lideradas por uma gata brava, Grace( Jennifer Bishop). Novas amazonas, que só permitiam um homem no local: um gordo velho, interpretado pelo veterano Lon Chaney Jr, em seu penúltimo papel, totalmente debilitado pelo alcoolismo e com a voz rascante, pois estava com câncer na garganta. Para ser aceita na gangue a moça tem que passar por algumas provas, que incluíam entre outras coisas, ser enterrada viva. Para quem havia tentado suicídio fotogramas antes, moleza. Logo a garota descobre que o bando era mesmo barra pesada, além de depredar ranchos de mexicanos nas redondezas, atravessavam a fronteira, faziam orgias com os bebuns da taberna e principalmente, se dedicavam ao tráfico de drogas. Entra em cena nesse momento Russ Tamblyn, que quase chegou ao topo de Hollywood, quando foi ator principal em “West Side Story” de Robert Wise, mas nessa época estava na trupe de Al Adamson e fazia pontas em seus filmes. Aqui ele é um cowboy que cai de amores por uma das bandidas – numa dessas expedições além da fronteira- e desconhecendo as leis do rancho que proibiam a presença masculina, vai à caça dela. A visita obviamente não termina bem, e ele é marcado com ferro em brasa, com uma cruz na testa. Daí em diante a tensão explode como seria de se esperar num ambiente desses. Em meios aos tiros, socos e pontapés, somos brindados com estupros, cenas sáficas e uma perseguição que envolveu um avião e cavalos contra um carro, pelo deserto.
O filme foi exibido em 2007 numa mostra “Grindhouse”, organizada pelo diretor Quentin Tarantino. Desnecessário dizer após lerem as linhas acima, que o filme tem mesmo a cara dele. Inicialmente eu pensei em relembrar seu filme mais “elogiado”, “Drácula versus Frankenstein”, uma senhora tranqueira bizarra, mas gostei bem mais desse “Female Bunch”, e vou deixar aquele e outros filmes de Al , para ocasião próxima.

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