quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Más Negro que la Noche- 1975


País de larga tradição nos filme de gênero (destacando-se ai o terror), o México teve em Carlos Henrique Taboada um dos seus melhores representantes. Deixou pelo menos quatro clássicos, sempre reprisados em países hispânicos. Mesmo assim a crítica tradicional, obviamente, sempre detonou esses filmes, não muito diferente do que se passa no nosso Brasil, cuja crítica sempre esculhambava com as produções de “gênero”.
Meu filme da vez, não ombreia sem dúvida com sua obra-prima “Hasta el Viento Tiene Miedo”, realizado em 1968, ou “El Libro de Piedra”, também lançado no mesmo ano, e sem dúvida seus melhores filmes, mas tem seus méritos. Ofélia, uma jovem que vive em um apartamento ao lado de três amigas, recebe uma inesperada notícia. Uma tia distante faleceu e lhe deixou toda a herança. O único “senão”, que afinal de contas, para ela não tinha nada demais, era a cláusula de cuidar de um gato preto amado pela falecida. A velha mansão, uma governanta esquisita e um gato preto, três elementos típicos de um terror gótico. Ofélia convida as amigas e se instalam no casarão, passando a viver despreocupadamente. Mas as mocinhas, bonitas e tolas, não se deixam fascinar pela beleza da casa e seus objetos, se contentam em debochar e fazer pouco caso de tudo que encontram pela frente: músicas, peças de arte, vestuário. O fato é que eram jovens aborrecidas, fúteis e antipáticas na maior parte do tempo. Quando Becker, o gato é encontrado morto no sótão coisas estranhas começarão a acontecer. Taboada imprime à narrativa uma boa cadência, deixando a tensão aflorar pouco a pouco com bons momentos de terror, destacando-se as sequências na biblioteca, entre outras. O fantasma da velha tia, que passa a assombrar as moças, nunca é mostrado inteiramente, mas sua presença apavora e inquieta. Uma trama simples, sem muitas surpresas, mas bem armada pelo diretor. O conflito de gerações é um tema subjacente e é de certa maneira, a raiz do pesadelo: as mocinhas serão punidas pela insensibilidade e incompreensão para com o passado.

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