segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Unearthly Stranger - 1964

Pequeno e obscuro filme inglês que há tempos estava esperando minha visita, perdido em uma pastinha de filmes Bs e Trash. Creio até que comecei a assisti-lo, mas não estava com em “good mood”, como diriam os americanos, e então  o larguei logo nas primeiras cenas. Mas com domingão chuvoso fui lá conferi-lo mais uma vez. Um dos Bs americanos favoritos nos anos 50 foi  “I Married a Monster from Outer Space “ de Gene Fowler Jr, que tratava de um grupo de aliens que invadiam uma pequena cidade do interior dos EUA e assumiam as formas de uns sujeitos locais. O problema é que eles eram casados e as esposas não demoraram a perceberem que algo estava errado, pois os pobres aliens não sabiam como lidar com uma vida de casado na Terra e se enrolaram todo em banais situações cotidianas. Enfim, esse  filme me veio à cabeça ao fim desse filme inglês de 1964, dirigido por John Kriss, diretor mais afeito a documentários para TV e que realizou poucos filmes de ficção. Temos aqui uma produção de baixíssimo orçamento: apenas 5 atores em cenas, e dois cenários. Efeitos especiais se limitam a zumbidos: os aliens nunca são mostrados em suas aparências.  Ou seja, o diretor usou com imaginação o orçamento quase zero. Um cientista inglês conhece na Suíça, uma belíssima e misteriosa mulher e se casa com ela. O trabalho dele é num departamento que se dedica a pesquisas espaciais que envolveriam  viagens a outros planetas utilizando apenas a força do pensamento. Os dois  cientistas que trabalham no mesmo projeto não tardam a desconfiar do jeito estranho da esposa do colega. Também pudera: ela podia pegar uma vasilha no forno quente sem se queimar, nunca piscava , dormia de olhos abertos e não tinha pulso. Mas para o marido estava tudo bem, mesmo com estranhas mortes de outros cientistas pelo mundo, que também se dedicavam  a projetos semelhantes. A bela Gabrielle Licudi interpreta o alien, que no fim se revela um ser com sentimentos, ao contrário dos  seus pares, frios e insensíveis, e estava mesmo apaixonada pelo marido, apesar de haver se envolvido com ele apenas para matá-lo. Ela protagoniza a sequência mais impressionante do filme, quando para diante de uma  escola, todas as crianças brincando no pátio, e por algum motivo não mostrado, elas percebem que há algo   de inexplicável  em sua  presença  e todas  se refugiam assustadas no interior da escola. A câmera acompanha toda  a cena  focando apenas os pés das crianças recuando  lentamente em grupo, causando um efeito extraordinário. O filme demora um pouquinho a engrenar, muita falação no início, e como o cenário é basicamente uma sala, não há muita  ação. Mas o bom elenco liderado por John Neville, no papel do cientista apaixonado , ao contrário de muitos filmes B, contorna esse detalhe com brio.  O resultado é um filme que expressa bem a paranoia daquela época, com a guerra fria em seu momento mais crítico, ou seja, os aliens como metáforas dos comunistas frios, cruéis e insensíveis. Lamentavelmente o filme parece ser inédito em DVD.

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