.Lançado quatro antes de “Love has Many Faces” filme que lembrei anteriormente, do mesmo diretor, Alexander Singer, Se naquele tínhamos um melodrama “camp” extravagante e quase cafona, mas com elementos interessantes, aqui temos uma produção independente e um drama bem mais próximo da realidade. Filmado em preto-e-branco, nas próprias ruas de NY, o tema da mulher mais velha insatisfeita sexualmente, o que levou o crítico Andrew Sarris a classificar o diretor do poeta das mulheres (caídas), guarda alguns elementos com o filme de 1965. Lá como cá estamos diante da história de uma mulher, já nos quarenta, que se envolve com homens mais novos. Íris é uma trintona que vive sozinha em um apartamento em NY. Sua profissão é stripper e já passou por três casamentos, e agora só tem como companhia uma vizinha, um amigo chato e um ex-marido alcoólatra. Estamos em pleno verão, o que na Big Apple é um autêntico inferno, e ar condicionado da belezura – sim, a atriz Lola Albright estava no auge da beleza e da sensualidade -, pifou. O jeito é pedir os serviços do zelador do prédio, que ocupado manda o filho Vito de 17 anos ( interpretado pelo ator Scott Marlowe )se encarregar do serviço. Começa aqui uma intensa, explosiva e desesperada história de amor entre o teenager e a coroa stripper. Praticamente a mesma história da obra-prima do italiano Valério Zurlini, “Verão Violento” de 1959, que lembrei também aqui, claro que em contexto diferente. Mas ,curiosamente, Lola Albright e Eleonora Rossi Drago (a atriz do file italiano) são bastante parecidas fisicamente. O ambiente onde o rapaz se move é o mesmo que Martin Scorsese exploraria à exaustão em seus contos sobre o Litle Italy na década seguinte, quase sempre com Robert de Niro, dos italianos pobres sem muitas opções na vida a não ser talvez se tornarem wise guys para algum capone. O envolvimento entre os dois, que prometia apenas alguns rápidos encontros sexuais, acaba resvalando para uma paixão tórrida, pelo menos da parte da stripper. O problema, é que logo os sentimentos e emoções ainda imaturos do rapaz começam a aflorar, a descoberta in-loco do trabalho da namorada, que até então ele julgava que fosse uma atriz ou modelo, o perturba e é literalmente uma ducha de água fria. Estamos nos anos 60, afinal de contas. A recepção ao filme foi variada: o NY Times em crítica da época malhou, mas Pauline Kael teceu elogios e outro crítico considerou-o o melhor filme sobre amores de verão entre “adolescentes e mulheres mais velhas” já realizados. Um filme relativamente obscuro, de um diretor subestimado, que merece a lembrança, e além do mais, oportunidade de ouro de se seduzir pela sensualidade e beleza de Lola Albright, aqui talvez em seu melhor papel. Atriz e cantora teve papel destacado também no filme de René Clément, “Les Félins” e “Lord Love a Duck” de George Axelrod, entre muitos papéis no cinema; na TV, se destacou na série “Peter Gunn”. O ator Scott Marlowe, que segundo Tab Hunter, foi seu “caso”, acabou sumindo em produções de TV, até a sua morte em 2000.
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