quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Libido - 1965

Considerado um dos precursores do “giallo”, esse raro filme nasceu de uma aposta do roteirista Ernesto Gastaldi: ele afirmou que com uma boa história seria capaz de realizar um filme em poucos dias. E com a ajuda de Vittorio Salerno, acabou realizando o filme em 10 dias e com orçamento mínimo. Assinou o filme com o pseudônimo de Julian Berry. Apenas quatro atores, todos então estreantes, dois cenários apenas: uma mansão e um penhasco a beira-mar
Apesar de conter elementos que caracterizariam o gênero em que foi precursor, estamos mesmo é diante de um thriller gótico, com elementos psicanalíticos. Christian – interpretado pelo ator Giancarlo Giannini, em seu primeiro papel – é um jovem, que retorna para a casa em que viveu na infância e onde sofreu um trauma que o levaria a passar boa parte da vida num sanatório: viu o pai assassinar uma amante. Aparentemente curado, ele retorna ao cenário do drama, em companhia da esposa Helene, além do tutor e da esposa dele, uma loura com jeito de sonsa. Não demora muito para perceber que a volta é um inferno: passa a ter visões do pai desaparecido, desconfia do relacionamento entre a esposa e o tutor (seriam amantes ou não? ), e vai se tornando mais e mais ensandecido. Apesar de poucos personagens em cena, nós espectadores ficamos como Christian à medida que o filme se desdobra em meandros mais e mais labirínticos, um autêntico jogo de espelhos. Não á toa o quarto de espelhos lembra o salão de espelhos de “Lady from Shangai” de Orson Welles. Veio-me à lembrança também “Ensayo de um Crimen” de Luis Buñuel, onde o protagonista era, assim como Christian, perturbado pela música de uma caixinha-de-música.

Gastaldi não dirigiria muitos filmes depois, estabelecendo seu prestígio como uma dos melhores roteiristas do cinema italiano, com mis de 120 trabalhos em diversos gêneros. O a esposa Mara Maryl, que no filme interpreta a loura, foi autora da história em que o filme se baseou. O filme teve apenas uma edição quase pirata em VHS, e a única cópia que o sortudo pode conseguir na net não é lá essas coisas. Vale destacar a excelente trilha sonora de Carlo Rustichelli, o que em se tratando de filmes italianos é quase tolice ressaltar.

Nenhum comentário: