sábado, 24 de março de 2012
The Curious Female - 1970
Com apenas dois filmes no currículo como diretor, Paul Rapp tem, no entanto, uma relativa importância no universo do cinema, mais precisamente no filme B: foi produtor de vários filmes do papa B Roger Corman. Além disso, o filme esportivo(?) deve também muito à ele, pois foi um dos inovadores no uso das câmeras no documentário que realizou “Go for It”. Como produtor trabalhou também Scorsese em seus primeiros filmes. Seu único trabalho de ficção foi, presumo um trabalho de curtição – como diriam os antigos -, sem muitas pretensões. Com certeza a intenção era explorar o fértil terreno dos “nudies” dos anos 60: filmes de apelos sexuais, alguns até explícitos, atores mixurucas, produções precárias, enfim, quem acompanha as edições da distribuidora de DVDs americana Something Weird – principalmente - sabe bem ao que estou me referindo. Como produtor do filme um nome ilustre para os familiarizados com a seara exploitation americana dos anos 60 e 70: Joe Salomon. Confesso que fui conferir este filme sem muitas expectativas, imaginando que até ia abandona-lo pela metade: uma produção simplória e apelativa. Mas surpresa! Acabei topando com um filme inteligente e muito, muito engraçado. Uma comédia cheia de irreverência, ângulos e nuances. O mix de ficção-científica e sexo nem é tão original. É curioso que essa mistura era até comum naquela época, com resultados díspares em qualidade. Listar os filmes aqui ocuparia muito espaço: até resenhei um há tempos, na verdade um filme inglês, realizado alguns anos depois. O auge desse mix ficção e sexo dar-se-ia nos anos 80, com o explícito e criativo “Café Flesh”. A ação se passa no - nem tão distante mais - ano de 2177. Todo o planeta parece que está dominado por um computador monstruoso. A sexualidade humana completamente modificada. Para a distração, secretamente, algumas pessoas exibiam antigos filmes sexploitation. E é numa dessas seções que tudo se desenrola: um casal exibe a mais nova aquisição. Pois então temos, de fato, duas linhas narrativas: a época em que o filme está sendo exibido para a turma ali na orgia, e o filme que eles estão assistindo. Nos instantes em que os rolos são trocados o pessoal fica ali fazendo perguntas sobre os hábitos sexuais, para eles bizarros do nosso tempo, tais como casar, ter filhos, homofobia ( estávamos nos anos 60) e outras coisas mais, que veem no filme assistido. E a trama do filme exibido é hilária: uma agencia de encontros, que utiliza um computador para cadastrar e procurar pessoas consegue a proeza de encontrar em Los Angeles três mulheres virgens! Antes que me esqueça: o nome do filme exibido é “As Três Virgens”. Vários atores que aparecem na exibição são os mesmos que atuam no pretenso filme exibido. As gags visuais e os diálogos mordazes e cínicos. Em suma: uma farra. Considerando que naqueles anos, em que o filme foi realizado ainda estávamos distantes da invasão tecnológica- virtual- midiática-facebokiana e etc na vida de todos ( e que parece só aumentar) , é curioso que possa soar profética ,em linhas gerais, esse despretensioso exemplar da sexploitation americana. .A turma que o produziu deve ter dado boas gargalhadas. Felizmente, para o espectador, a diversão é compartilhada
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