segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
El Inquisidor - 1975
Mais um ano que finda. O ultimo post do ano é coincidentemente sobre um filme argentino. Quando morava nos EUA, por falta do que fazer nas horas de folga, resolvi fazer meu próprio blog . Inicialmente a ideia era um blog musical, meio à moda do fantástico e extinto Loronix, mas a falta de conhecimentos sobre o mecanismo de postar discos me fez desistir. Voltei então à outra ideia: um blog despretensioso sobre cinema. Nada de críticas, apenas resenhas e observações sobre filmes ignorados ou desprezados pela crítica “oficial”. Acabara de assistir ao filme “Sangre de Virgenes” de Emilio Vieiyra, um filme de vampiros feito na Argentina, e diante da inexistência de material sobre ele na época- na net- , pensei com meus botões da blusa que eu usava: taí o filme para dar a largada. Voltei para o Brasil após 3 anos e continuei tocando o blog apenas para meu divertimento. Bons blogs de cinema na linha que aprecio existem, excelentes e bem escritos, mas continuo com o meu às pressas, e irritando muitos por não colocar links para baixar os filmes. Para estes repito o que já escrevi: existem toneladas de blogues apenas de comentários e acho ótimo quando leio uma resenha sobre um filme que não conhecia e esta me aguça a curiosidade. O trabalho de caçar o filme é um prazer e acho que o eventual e improvável leitor deveria praticar este esporte também. Mas deixemos de lorota. Relembrando então outro filme argentino. Na verdade uma coprodução peruana- argentina. Diretor Bernardo Arias, peruano, e de longa carreira como assistente de direção no país inca. Elenco dividido entre astros dos dois países. Confesso que não sei nada sobre o cinema peruano. Pelas pesquisas que realizei constato que filmes de gênero praticamente inexistiram por lá, como de resto em outros países da América latina. Os argentinos tiveram alguma coisa com o gênio louco Emilio Vieyra; no Brasil tivemos esparsas e interessantes tentativas para além do monstro Jose Mojica, nome este de ressonância universal hoje entre os cultores do filme B e extremo em todo o mundo. Este filme ainda espera pelo justo reconhecimento. A carreira dele foi atribulada e ganhou reputação de maldita. Só foi liberado pela censura na Argentina em 1984, e foi exibido pela primeira vez dois anos depois. A recepção foi a pior possível. O crítico do ”La Nacíon” o classificou como uma merda. Os produtores para tentar angariar o público mudaram o título para “El Fuego del Pecado” sugerindo uma película erótica, piorando ainda mais.
De qualquer maneira ganharia uma edição em VHS, o que o salvou do limbo. As cópias existentes tem origem dessa edição. Boa caçada, amigos( no emule ele existe). Não se trata de uma obra-prima do terror, mas é suficientemente interessante para merecer um lugar de destaque na história do cinema de gênero na América latina. A primeira parte do filme parece mais um bizarro programa de turismo sobre os lugares mais belos de Lima. Enquanto rola este programa mulheres vão sendo mortas de maneira horrível: queimadas vidas, depois de serem torturadas. Os responsáveis pelas mortes uma seita que se julgava a reencarnação do santo Ofício e caçava bruxas. Comandados por uma psiquiatra vingativa auxiliada por um ex-paciente psicopata e três ajudantes. Depois do início meio confuso a narrativa se concentra em um trio de guapas modelos argentinas passeando em Lima e a inevitável investigação policial. A seita comete um erro mortal e rapta as modelos. Paro aqui a sinopse, para não estragar o final, que é bem divertido e surreal. Um filme desequilibrado, mas singular e brutal. No bom elenco a venerável diva do cinema argentino Olga Zubarry, fazendo uma ponta, e a linda Elena Sedova, atriz argentina que sumiu na poeira do tempo( abandonou a carreira em 1987) que oferece as doses necessárias de “sleaze” e erotismo. As cenas de tortura são violentas: com certeza assustaram o Censor do regime, que deve ter imaginado que os militares não gostariam de se reconhecerem nelas.
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4 comentários:
Grande Mestre Fernado,
desconhecia totalmente tanto o filme 'El Inquisitor' quanto o diretor Bernardo Arias. Essa pérola subiu ao topo da minha lista de recomendações.
Mas é impossível não estabelecer um traço entre a presença da Ditadura (e por conseguinte da censura) e a diminuição do cinema do terror.
Como citado, o Mojica enfrentou problemas gigantescos, como por exemplo no 'Ritual dos Sádicos', assim como Vieyra teve o 'Sangre de vírgenes' enterrado pela ditadura por anos (de 67 a 74).
Quem sabe como o cinema de terror latino-americano não seria se não tivesse acontecido a intervenção dos governos militares.
Uma questão: qual sua opinião sobre o uruguaio 'La Casa Muda'?
Feliz ano novo do King Buddy Holly do Blog Filmes do Pato Morto!
caro amigo, não conheço este filme que você citou..tenho um filme colombiano de terror muito interessante, vou conferir este também...um abraço
Esse 'La Casa Muda' teve um hype a alguns anos, mas para mim foi apenas isso, hype.
Mas ofertado como o renascimento do cinema de terror latinoamericano.
é, eu baixei ele vou conferi-lo depois, mas como é muito recente não deve me interessar muito...rs rs...mas valeu o toque.
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