segunda-feira, 2 de julho de 2012
La Encadenada - 1975
Normalmente procuro variar a geografia dos filmes que comento. O último que lembrei era uma produção espanhola de terror nos anos 70. O certo seria agora dar um pulo aqui no Brasil, Itália, Japão, Tailândia, Inglaterra, ou outro país qualquer, e eis que agora quebro a regra que me impus e volto a mais filme da terra de Cervantes e Buñuel. Já disse aqui mesmo neste espaço há tempos que uma bela atriz é sempre um bom motivo para comentar ou um filme. E ao que consta ainda não havia comentado nenhum estrelado pela magnífica Marisa Mell. Um pecado que procuro corrigir agora.
Começar a escrever sobre esta atriz austríaca - que fez carreira no cinema italiano, espanhol e francês – e brilhou com diretores como Mário Bava e Lúcio Fulci, entre outros, talvez fosse apropriado citar os versos do simbolista português Cesário Verde, um dos poucos poetas que ainda leio: ”Teus olhos dizem mais que mil bibliotecas”. Ou para continuar na língua portuguesa, com nosso Machado quando escreveu que os olhos de Capitu eram olhos de ressaca, no caso do mar. Os olhos de Marisa Mell eram devastadores na beleza e no mistério que sugeriam. E nesse thriller ítalo-espanhol, falado em espanhol (mas a cópia que vi estava dublada em inglês) e com elenco internacional, ela está sublime, perversa, envolvente, labiríntica e sinuosa no papel de Gina ( ou seria Elizabeth?) e depois que o filme termina o efeito dos seus olhos ainda se prolongam por muito tempo em nós.
Um milionário, Alexander (o americano Richard Conte) a contrata para cuidar do filho mudo e retardado, que dependendo da gravidade das crises era trancafiado em um porão. O rapaz vivia isolado, com dois criados, em um castelo, que abrigava o Santo Graal ! Óbvio que nem um debilóde resistiria ao charme da pretensa psicóloga, que com alguma inteligência maligna e muito sexo o coloca nos eixos( ou na cama, melhor dizendo). Enquanto isso o velho também ficava babando por ela sem obter o mesmo sucesso do filho, no entanto. A trama adquire significativos meandros com a aparição de um marido - interpretado pelo ítalo brasileiro Anthony Steffen - da moça, até então conhecida como Gina, mas na verdade Elizabeth, e descobrimos que ela era a suma de todos os pecados possíveis: ladra, assassina e possivelmente, prostituta. Daqui em diante é impossível falar do que acontece tantas são as surpresas e reviravoltas que vão se sucedendo, conduzidos com boa mão pelo diretor Manuel Mur Oti, também um dos roteiristas desse bom filme. A almodovariana Carmen Maura faz uma ponta como uma jovem freira. A diva Marisa Mell viria a falecer com apenas 53 anos em 1992. A versão americana ganhou o título de “Diary of an Erotic Murderess”, um título que explica outros aspectos do filme e que são essenciais para entender o final surpreendente; o título espanhol original dá a dica para outro fato essencial também para explicar o final. Deixemos as dúvidas e incertezas e fiquemos com os olhos de Marisa Mell, eternos nnas telas.
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