sexta-feira, 13 de julho de 2012
Bad Blonde - 1953
Bárbara Payton é um dos mais fascinantes, insólitos e miseráveis exemplos de como a máquina de Hollywood pode ser impiedosa e cruel. A sua vida rendeu algumas biografias e nenhum dos 15 filmes em que atuou chega aos pés do drama vivido na sua vida real. Morreu abandonada e na miséria aos 39 anos, vitimada por um ataque cardíaco. A estreia no cinema foi sensacional, marcante, com o filme “Kiss Tomorrow Goodbye” ao lado de James Cagney; mas a carreira entrou rapidamente em declínio e um escandaloso caso de triângulo amoroso praticamente expulsou-a de Hollywood e buscou refúgio na Inglaterra. Alcoolismo e drogas arruinaram-na em pouco tempo. Chegou a ser presa por prostituição e passar cheques sem fundo. Um autêntico pesadelo. O filme que desenterro é do seu período inglês, uma produção barata da Hammer dirigida pelo veterano artesão Reginald Le Borg. É mais uma variação do tradicional tema do triângulo amoroso que resultou em obras-primas do noir como “O Destino Bate a sua Porta” e tantos outros, e que aqui resulta em um filme curioso. No papel de Lorna ( um nome que ressurgiria em filmes de Russ Meyer e Jess Franco) Bárbara é uma jovem casada com um homem mais velho, rico e empresário no mundo do boxe. Naturalmente entediada. A entrada em cena de um jovem aspirante a boxeador faz girar a roda da tragédia. O que nossa femme fatale oferece a ele são as chaves do inferno envoltas em uma bela embalagem de sexo, mentiras e promessas. Obviamente o pobre e irresoluto rapaz não resiste ao chamado do pecado. E a pergunta que não quer calar: quem afinal resistiria a um chamado do demônio nas formas de Barbara Payton ? Ela já apresentava no corpo alguns sinais da decadência que a devastaria, mas ainda era um mau pedaço de caminho. A primeira sequência em que ela surge é sensual e marcante: o marido na sala proseando com o boxeur e ela despreocupadamente deixando entrever as pernas enquanto veste as meias, pela porta entreaberta do quarto. Um furor. O filme começa e se encerra em um parque de diversões fuleiro de interior: metáfora irônica para mais uma versão do pecado original sob o ponto de vista de um filme policial noir. O filme é conhecido também pelo título (ruim) de “The Flanagan Boy”. Para os interessados existe um torrent do filme no divino Pirate Bay.
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