sábado, 23 de junho de 2012

Five Fugitive Girls - 1974

O título já diz um pouco do que é o filme: cinco garotas em fuga. A direção é assinada por Stephen Apostolof ( A.C. Stephens), um ilustre parceiro e discípulo do famigerado Ed Wood, que também está na produção desse filme como co-roterista, e atuando em dois papéis.Um exploitation típico dos anos 70 com violência, alguma nudez, talvez audaciosa para a época, mas que nos tempos de agora não tem nada demais, e o mais importante é que tem aquele espírito libertário e de insolência que havia nos filmes dos anos 60 e 70 mesmo em produções grindhouse apelativas e sem nenhuma proposta estética.O PC(politicamente correto) era apenas uma miragem medonha. Se não existe mais o código Hays temos em compensação esta chateação:e o negócio então é enchermos o bucho de pipoca e refrigerante e se anestesiar no 3-D. Cada geração tem a epifania que merece. Mas tenho certeza :o público de drive-in e dos cinemas fuleiros- que era o meu caso - com certeza se divertia mais do que o público dos multiplex de agora. O filme começa com cara de filme erótico mixuruca: um casal nu na cama, beijinhos, afagos, o cara sugere que saiam para comprar um drink, param numa loja de conveniência e surpresa: o loverboy é um assaltante, mata o proprietário, deixa a namorada na mão e escapole. A namorada desamparada é presa, condenada e levada para uma prisão feminina, estranhamente deserta, pois só vemos mais quatro mulheres durante todo o tempo em que ela lá permanece. Aí o filme bandeia para o lado do WIP típico: a prisioneira negra em conflito com a “white trash” , cenas de lesbianismo e a inevitável fuga pelo deserto. As cinco mocinhas são duronas. Imagino o que Russ Meyer não faria com este material. Há algo de “Faster Pussycat, Kill, Kill” no astral delas: insolência, fúria, malandragem. Do nada aparece um bando de motoqueiros e tentam fazer gracinha com elas e se dão mal: são espancados sem dó nem piedade. Na fuga encontram um bando de hippies também. Outra sequência antológica nos anais da exploitation: as garotas assaltam um carro que perambulava pelo deserto, pegam o motorista e o estupram. Uma inversão absoluta dos papéis.A mesma situação havia sido explorada em um filme de Ed Wood, "Violent Years", na década de 50. Um miserável e vulgar precursor de “Thelma e Louise”? Faz sentido e ,eu digo que , particularmente, prefiro este aqui ao filme do Ridley Scott , que só tem de bom mesmo a voz de Marianne Faithfull na sequência final, pois de resto não passa de pseudo feminista mainstream careta para donas de casa .Sob a camada vagabunda e precária desse pequeno filme há mais realidade do que o luxo e a empáfia arrogante da produção classe "A". Viva a exploitation! O filme recebeu outros dois títulos alternativos: “Five Loose Women” e “Hot on the trail”. Foi o último filme escrito por Ed Wood. Existe uma versão com cenas de sexo mais fortes. A conferir. Para os interessados existe uma cópia decente no Pirate Bay, portanto corram antes que desapareça.

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