Diretor bacana (pra usar uma gíria velha) este Alberto
Pieralisi. Italiano de origem, veio pro Brasil a convite do consagrado diretor
Alberto Cavalcanti e aqui acabou se fixando e construindo uma carreira
cinematográfica de valor em diversos gêneros, foi um dos que ajudaram a construir a Vera Cruz e a Maristela, e
deixou 15 filmes para a posteridade, felizmente vários deles disponíveis. É
dele, por exemplo, um dos raros exemplares de ficção cientifica que aqui foi
realizado, o “Quinto Poder”, tido por muitos como um dos melhores filmes
brasileiros de todos os tempos, por gente como Carlos Reichenbach , o que não é
pouca coisa. Alberto tinha mão boa para filmes de gênero e este que relembro
envereda por um gênero igualmente raro entre nós: o filme de espionagem “a la
007”. O gênero teve grande voga entre os anos 60 e 70, mas aqui assim como
outros gêneros despertou pouco interesse dos produtores. A ideia do filme
surgiu de uma produtora americana e inicialmente o diretor baiano Roberto Pires
foi convidado para a direção. Não aceitando o encargo indicou o italiano. A
intenção dos produtores americanos e brasileiros, que se associaram ao projeto
era criar um 007 brasileiro e que gerasse uma possível série. Infelizmente o
público não correspondeu e nunca foi adiante a ideia. Uma pena porque Alberto
realizou um exemplar decente e simpático do gênero “spy”. A canastrice charmosa
de Meira se encaixa bem no papel do policial chique e classudo com o
brasileiríssimo nome de José da Silva que nas horas vagas vive como playboy e
que, além disso, atrai suspiros e outras coisitas mais de todas as mulheres que
cruzam em seu caminho. A trama é boa: um assassino profissional chega de navio
no RJ para matar um dos conferencistas de um congresso da OEA. Disfarçado de
médico ele se hospeda com uma mulher, membro da quadrilha que o contratou, bem
em frente ao local da cerimonia de abertura, local escolhido para o crime. A
mão boa do diretor se revela em algumas sequências inspiradas. No elenco dois nomes
internacionais: a s atrizes Eva Christian, alemã, e Yvette Buckingham, inglesa.
As duas acabaram se fixando por aqui e ainda atuariam em outros filmes.Foi
exibido nos cinemas no mesmo ano da superprodução patriótica Independência ou
Morte.Baseado no romance "Always Kills a Stranger" do americano Robert Fisch, que nos anos 60 morou no Rio e escreveu uma série de 10 livros tendo o detetive José da Silva como protagonista. O filme chegou a ganhar edição em VHS nos anos 80, egraças a isso pode ser encontrado em sites que vendem DVD-Rs de filmes raros nacionais.
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