sábado, 21 de abril de 2012
Retorno a la Juventud - 1954
Não resisto em relembrar mais uma vez outra pérola do cinema mexicano com este filme dirigido por Juan Bostillo Oro. A indústria de cinema do país primava pela excelência em todos os quesitos, mas principalmente no gênero fantástico e terror. Muitos desprezam, e daí? Os filmes da Universal dos anos 30 e 40 deixaram marcas profundas nos cineastas locais, que emularam com êxito o clima daqueles filmes. Vampiros, lobisomens e outros monstros tornaram-se figurinhas carimbadas. E muito antes da Hammer e dos italianos eles demonstravam competência e talento em criar atmosferas góticas. Não sei se pelo fato dos inúmeros refugiados europeus, que buscaram refúgio por lá nos anos pesados da guerra civil na Espanha e a segunda-guerra mundial – basta lembrar o nome do gigante Luís Buñuel – a influência do surrealismo e até do expressionismo foi outra marca forte em muitos filmes. Este que relembro é um bom exemplo de um fantástico longe dos clichês dos filmes de terror explorados habitualmente. Há algo nele dos clássicos americanos “Portrait of Jennie “ e “ The Devil and Daniel Webster”, ambos do diretor William Dieterle, e elementos de filmes de Cocteau e L’Herbier.
Assim como o citado filme de Dieterle , que aliás resenhei aqui há algum tempo no blog, este é uma recriação, até mais fiel, da lenda de Fausto. Juan Gaudio (Enrique Rambal) um professor de psicologia já idoso, que recebe a visita de uma jovem e linda aluna e entusiasmado confunde as coisas, avança o sinal e é humilhado por ela. Surge o diabo e lhe oferece a possibilidade do retorno à juventude, em troca, é óbvio da alma, e mais uma condição: teria o amor de todas as mulheres que quisesse, mas não poderia se apaixonar. Fausto, Don Juan, e toques de Dorian Gray, o personagem do livro de Oscar Wilde. Afinal o velho infeliz retorna à juventude na figura do quadro na parede que o retratava jovem. O que chama a atenção no filme é a excelência da cinematografia: esplêndida fotografia, personagens movendo-se em apenas três cenários artificiais: um exemplo perfeito do talento dos mexicanos para criar uma atmosfera de irrealidade, fantasmagórica e onírica. O diretor foi figura importante no cinema mexicano com uma cinematografia extensa e marcada pela variedade de temas.
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