quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
The Leech Woman - 1960
Quando vejo um filme B como este fico mesmo satisfeito e vejo que tenho razões para apreciá-los. Sob toda a carapaça de clichês, footages, enfim, tudo que encontramos nos piores e melhores, podemos achar mais coisas do que sonham os preconceitos ou as risadas de deboche. O diretor Edward Dein não fez muitos filmes, apenas 14. Já resenhei sua “obra-prima” aqui no blog:o filme “The Curse of Undead”, um mix de terror e faroeste interessante. Este aqui foi realizado apenas para acompanhar um filme da Hammer de Drácula, ou seja, despretensiosamente. E um detalhe: foi uma produção da Universal já no crepúsculo dos filmes de monstros. Na década de sessenta drive-ins e cinemas baratos já exibiriam monstros mais reais, fantasmas que assombravam os americanos - que podiam ser vistos nas ruas de São Francisco ou no Village -,além de sexo, muito sexo. A história de June (Collen Gray) tem também o sexo como tema subjacente, ora, pois. Ela é uma mulher mais velha, feia, casada com um endocrinologista mau-caráter, obcecado por descobrir o segredo da eterna juventude. O casamento de ambos é uma boa droga. Os primeiros minutos do filme são uma longa discussão matrimonial onde ela expõe toda sua frustração e rejeição, e é humilhada. Uma situação crível e banal. Para agravar a situação é uma alcoólatra.
A sorte parece mudar quando aparece no consultório uma velhinha chamada Malla, que afirma ter mais de 150 anos. E em troca de uma ajuda para que possa voltar para a África, terra da tribo de onde saiu ainda menina para ser vendida como escrava, ela diz ao médico que tem o segredo do rejuvenescimento e da beleza. Ambicioso ele aceita e parte para o continente negro, levando a mulher a tiracolo para servir de cobaia quando pusesse a mão no elixir. Ao chegarem à tribo dos Nandos –sim, o nome é este mesmo – presenciam a cena do rejuvenescimento da velhinha e descobrem um "porém" na história toda: um dos ingredientes do elixir só era possível se obter matando um ser humano. E ai o filme que derivava entre o drama doméstico e um safari de fundo de estúdio, ganha contornos de filme de terror. Malla a velhinha, transformada em uma bela morena, oferece o elixir à June, com a condição que ela escolhesse o ser humano a ser sacrificado. E adivinhem quem ela escolhe? O marido pilantra. Novinha em folha, com a ajuda do guia - que acaba sendo morto por ela também- volta à civilização na pele de uma suposta sobrinha. Disposta a usufruir a vida move sua artilharia , agora sexy ,sobre um advogado bonitão. E para sustentar a juventude vai matando homens na calada da noite: a sequência em que mata um gigolô ladrão é particularmente hilária. É um filme de terror sim, mas os pavores que ele aflora são humanos e reais, cotidianos: o medo da velhice, a perda da juventude, a rejeição sexual que as mulheres mais velhas sofriam. ”Para os homens mais velhos cabelos brancos trazem respeito e dignidade, para as mulheres mais velhas, nada “, diz a velhinha africana. Fico aqui agora tentando imaginar a cara dos rapazinhos e suas namoradas nos drive-ins , enquanto iam comendo pipoca ,ao lerem uma frase como esta, dita assim num filme, aparentemente, apenas para distrair.
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