sábado, 26 de maio de 2012
Night of the Eagle - 1962
Sempre me fascinaram filmes deslocados, extremos, insanos e loucos. Mesmo nos tempos do filme de arte os cineastas autorais que mais me agradavam seguiam a essa linha: Buñuel, Lang, Zulawski, Kumel, alguns filmes de Godard,entre outros nomes que me fogem à memória agora. Passada essa fase, digamos profissional, resgatei os filmes que eu assistia no cine do meu bairro Ipiranga. Cheguei a cogitar o nome para o blog de Cine Ipiranga, em homenagem àqueles bons tempos das sessões duplas: filmes de Tarzan, gladiadores, spaghettis italianos, faroestes americanos, filmes bíblicos americanos e italianos também, seriados como “The Phantom”, a dupla “Gordo e o Magro”, comédias de Chaplin e Jerry Lewis, filmes mexicanos como “El Santo”, chanchadas brasileirase muitas, muitas outras maravilhas. Quando finalmente pudemos adquirir filmes assim como temos livros, já nos tempos do VHS, foi outra uma fase de descobertas, ampliação do horizonte até então limitado à ida aos cinemas, revistas e convivência com cinéfilos apreciadores de cinema de qualidade. Último adendo autobiográfico: quando eu fazia a programação do CEC no Palácio das Artes realizei uma mostra de filmes Bs, onde exibi Jacques Tourneur e seu “Cat People”, Don Siegel e muitos outros que pude ter acesso na velha Polifilmes em São Paulo. O modismo “cult” teve lá suas vantagens: cineastas foram resgatados, filmes voltaram a circular nos canais de TV a cabo e minha coleção ganhou muito. Graças ao Telecine , por exemplo, pude conhecer um dos meus cineastas favoritos, Russ Meyer, que associava apenas a filmes pornográficos , além de incontáveis gemas do cinema B americano dos anos 50 e 60, que eu só conhecia de nome. Essa curtição por filmes Bs rendeu autênticas aventuras para encontrar certos filmes, como foi o caso da caça ao “The curse of Undead”, na qual tive que fuçar dezenas de pequenas lojas de VHS no Village até encontrar uma cópia. Isso há uns 16 anos, quando de minha primeira viagem à NY. A internet significou uma nova oportunidade de ampliar ainda mais o universo desses filmes. Blogs maravilhosos onde pude descobrir grandes filmes, caso do falecido Boizeblog, que era uma loucura, todos os filmes postados eram interessantes. Mas também tinham aqueles blogs só de comentários que me excitavam a curiosidade e me forçava a percorrer o universo virtual à caça da bendita cópia. Minha estadia de três anos na América foi igualmente ótima: pude adquirir filmes raros, comprar excelentes livros sobre filmes Bs e afins.
É óbvio que adoraria fazer como o extinto “Boizeblog” e outros blogs sensacionais, alguns amigos, que ainda sobrevivem e insistem em postar filmes, mas volta e meia percebo que passam por problemas de toda ordem, inclusive legais. Até que tenho tentado colocar os links quando sei que são possíveis. Mas creio que os meus improváveis leitores, caso existam, deveriam fazer como eu fiz e faço ainda: caso curta a dica que dei, corra atrás como eu . E eu não teria nenhum problema em enviar cópia de algum filme caso alguém se interessasse demais. O emule ainda existe, não acabaram ainda com o torrent, e tem dezenas ainda de abnegados que disponibilizam maravilhas em bons blogs nacionais e estrangeiros.Eu me contento em apenas tecer rápidos comentários e fico feliz quando vejo que despertei o interesse de alguém por esse ou aquele filme.
A arenga ficou longa e sobra pouco espaço para relembrar este ótimo filme inglês dos anos sessenta que é facilmente baixável no YouTube em cópia de boa qualidade. Direção do artesão Sidney Hayers, de longeva carreira no cinema e TV. No elenco Janet Blair, boa atriz americana, no papel de uma simpática e dedicada dona de casa, esposa de um respeitável professor universitário. A vida do casal começa a ficar confusa quando ele passa a desconfiar que a esposa fosse uma bruxa. Estamos na mesma década do seriado “A Feiticeira”, de grande sucesso e que tratava o mesmo tema com bom humor. Mas aqui o tom é sombrio e melancólico. Cético e racional o professor acha que tudo aquilo não passava de loucuras da esposa, e não lhe dá ouvidos, quando ela o adverte que estava praticando a magia na tentativa de lhe proteger de uma colega maligna da universidade. O diretor absorve as lições da boa tradição inglesa do terror e também dos filmes produzidos pelo americano Val Lewton, que renovaram o gênero algumas décadas antes. Atmosfera e sugestão acima de tudo: a receita infalível que torna este filme digno de nota. O filme recebeu o título mais óbvio de “Burn, Witch, Burn”, mas prefiro o original, bem mais sutil. A história, baseada em um romance de Fritz Leiber, já havia recebido uma adaptação em Hollywood nos anos 40, dentro da série “Inner Sanctum”. A destacar o grande Richard Matheson como um dos roteiristas da versão inglesa. E como já disse: tem cópia no YouTube !
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3 comentários:
valew por mais essa, a proposito achei isso aqui http://www.filmdetail.com/2010/09/26/free-films-on-youtube/
Caramba amigo eu também sou do Ipiranga em São paulo, moro perto da Bom Pastor, que mundo pequeno esse, rssrs.
Se você me permitir gostaria de colocar no meu blog o Space Monster sua resenha sobre o Night of Eagle, claro que com todos os créditos mantidos e link direto para seu blog.
sem problema e obrigado
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