segunda-feira, 14 de maio de 2012
El Cuarto Chino -1967
Albert Zugsmith foi um dos sujeitos chaves para vários movimentos culturais que emergiram a partir dos anos 50 : o rock’roll , o movimento hippie e os beatnicks, de uma maneira ou outra passam e lhe devem muito. Iniciou a carreira como jornalista e depois entrou na indústria cinema produzindo vários clássicos notáveis como a “A Marca da Maldade” de Welles, o “Incrível Homem de Encolheu” de Jack Arnold e “Palavras ao Vento” de Douglas Sirk, entre outros, todos para a Universal. A partir da década de 60 decidiu dirigir seus próprios filmes, sempre no campo da exploitation, abordando temas como a delinquência juvenil e as drogas . E é neste último tema, sempre polémico , que reside o aspecto mais curioso e interessante dessa obra marginal nos anais da história do cinema. Albert teve a ousadia de adaptar “As Confissões de um Comedor de Ópio” de Thomas de Quincey, com Vincent Price. Um livro ,no meu entender, de difícil adaptação. Outros títulos na sua filmografia exploraram o tema espinhoso. Infelizmente filmes que não existem em DVD ou sites de compartilhamento. Uma pena. Felizmente o filme que lembro aqui pode ser encontrado com alguma sorte em uma versão mexicana, ou melhor, dublada em espanhol. O filme foi uma coprodução com o México, com atores americanos e chicanos, todos atuantes por lá, nenhum de Hollywood. A estrela Elizabeth Campbell, por exemplo, apesar de americana, fez a carreira toda no cinema mexicano. Ao que consta foi para a capital asteca para estudar espanhol e acabou entrando no mundo do cinema, fazendo sucesso com filmes de luta-livre, sucesso na época (Lembrem “ Santo , O Mascarado de Prata ”?).
As drogas são a força motriz dessa esquisitice cinematográfica ambientada em Acapulco. Começa com uma tentativa de suicídio de uma empregada, filha do mordomo, que era apaixonada pelo patrão milionário. Este, Nicolás(Carlos Rivas), proprietário de um banco e vivendo um casamento frio com Muriel(Elizabeth Campbell). Para socorrer a mocinha é chamado um tal de Dr. Saluby(Guillermo Murray) que logo arrasta as asas para a esposa do banqueiro. Estamos ainda no terreno do dramalhão de tintas eróticas. Outros dois personagens chaves no embroglio : o empregado Cervantes (Jorge Rado) e a amante do banqueiro Sidonia (Regina Torné), com uma estranha deformidade nos pés. Uma trama confusa que evolui para a trama policial psicológica, pontuada por sequências de sonhos bizarros, e deriva para o psicodélico: o quarto chino, de propriedade de Cervantes, uma espécie de paraíso à base de cogumelos alucinógenos, onde o milionário buscava refúgio. Um detalhe curioso é que o banco havia pertencido ao pai de Cervantes, que o perdera desonestamente para o pai de Nicolás. Pesadelos e delírios, cartas misteriosas, traições, vai-e-vem entre casais. Insólito e surreal o filme dá a entender que Albert e toda a equipe utilizavam o quarto chinês para se distraírem nas filmagens. A julgar pelo fascínio de Zugsmith pelo tema das drogas, é de se supor que o uso delas não lhe fosse estranho. Única explicação para esta mèlange de delírio kitsch, dramalhão erótico, terror, suspense e psicodelia . Imperfeito e irregular, com certeza, mas fascinante pela estranheza e sugestões que evoca.
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Um comentário:
felizmente achei um rip no CG, obrigado por compartilhar mais esse review!
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