domingo, 26 de fevereiro de 2012

Five Minutes to Live - 1961


Johnny Cash já era um astro da música popular quando aceitou estrelar este pequeno "noir", que permaneceria obscuro e provavelmente esquecido se não fora a sua presença. O “Man In Black” sempre estaria ligado ao cinema paralelamente à carreira bem sucedida musical, mas não com tanta relevância. É verdade que no quesito trilhas sonoras foram 147 trabalhos, vários memoráveis; enquanto ator acabaria atuando mais na TV em séries de westerns e policiais. No cinema foram apenas dois: este filme aqui, objeto da resenha, e um western na década de 70, com Kirk Douglas. Johnny é Johnny Cabott, um bandido frio, psicopata, sádico e cínico. Depois de um golpe mal sucedido busca refúgio numa pequena cidade do interior dos EUA, juntamente com a namorada bonitona e gananciosa. Registremos a participação rápida dela - pois é eliminada sumariamente a tiros pelo namorado. Midge Ware, atriz de carreira para lá de obscura no cinema. Uma pena. Um pilantra local propõe ao bandido um novo golpe: fazer a esposa do gerente do banco local como refém, e obrigar o marido a lhes entregar uma soma vultosa. O título original do filme se refere ao intervalo que se sucederiam os telefonemas de um bandido para outro. O roteiro vai explorando com engenho a questão temporal dos cinco minutos.

Boa parte da trama se desenrola no espaço de uma manhã após o gerente ir para o trabalho e deixar a família. Johnny então chega fingindo ser um vendedor de curso de música e mostra a guitarra, mas também o revólver e faz a loura esposa americana típica como refém. No espaço da casa, o bandido com veleidades musicais e a mulher travam um duelo peculiar. O filme repete situação clássica de vários filmes mais conhecidos do período, como “Cape Fear” e “Desperate Hours”, ou menos conhecidos, caso do resenhado aqui anteriormente “Kitten whit a Whip”. Ou seja: o lar doce lar americano invadido e exposto aos terrores dos beatnicks, roqueiros e sociopatas. O golpe parecia bom, mas detalhes inesperados atrapalhariam os planos: o marido, aparentemente certinho, tinha uma amante, e o filho – interpretado pelo futuro ator e diretor Ron Howard – era um pentelho. Obviamente rola entre o bandido e a esposa certa química sexual. O que teria acontecido caso ela soubesse das escapulidas do marido? Infelizmente a situação não é explorada até o fim: estamos no começo da década de sessenta, nada de tensões sexuais que abalassem o lar doce lar americano. E o final, deixa tudo nos seus devidos lugares. Bandidos punidos: um morto, por culpa de um truque bobo do garoto, e Johnny Cabott, pela primeira vez deixa sua frieza de lado e se dá mal; e o outro, preso;a amante, leva uma banana, e o garoto pentelho, fica com algum parente, enquanto os pais chatinhos rumam para Las Vegas em nova lua de mel. Cinismo ? Assinale-se que um dos roteiristas foi Cay Forrester, que também interpreta Nancy, a esposa ameaçada. A direção, criticada por muitos – um exagero -, coube a Bill Karn, de carreira obscura na seara dos filmes Bs, com míseros sete filmes, e este foi seu último trabalho. Para deleite dos curiosos: o filme pode ser baixado sem problemas no You Tube, e outros sites, pois caiu em domínio público.

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