Não tem a ver com a obra do mesmo nome de Henry Miller. Esse filme francês de 1965, realizado no auge da nouvelle-vague, permanece como obra à parte numa década dominada por Godard, Truffault e seus pares. É verdade que o diretor Jose Benazeraf flertou com a turma: chegou a fazer uma ponta no clássico que abriu o moderno cinema francês para o mundo, “Acossado” de Godard. Mas enquanto esses enveredavam pelo esteticismo, formalismo político – com resultados cada vez mais “malas” – nosso diretor privilegiou o erotismo, sem esquecer o apuro formal e o visual. “Sexus” tem até muito da estética da nouvelle-vague na concepção visual e na montagem. Mas nos anos 70, o diretor enveredaria definitivamente para a produção erótica, desaguando no pornô hardcore e matando qualquer simpatia que a crítica ainda pudesse nutrir por sua obra. Errática e curiosa, quase sempre de thrillers eróticos.
Uma rica herdeira é raptada e levada pelo bando para uma casa no campo. A moça raptada se apaixona por um dos raptores. Tenta escapar, mas é alcançada pelo líder que tenta estuprá-la no bosque. O amado aparece, há um duelo com facas e o embate termina com a morte do líder. Tudo com uma mise-en-scène pontuada pela trilha cool de Chet Baker e diálogos minimalistas, um clima de tédio existencialista, beatnik perpassando cada fotograma. Todos parecem agir como sonâmbulos.
Realizar um estudo do erotismo em um bando de homens dominados por uma situação de tensão extrema e stress, essa foi segundo o próprio diretor o objetivo. A nouvelle-vague japonesa de Oshima, Wakamatsu , Suzuki , Oshida e outros , seguramente deve muita à explosiva e anárquica obra desse francês marginal da nouvelle-vague francesa incensada pela crítica oficial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário