terça-feira, 13 de setembro de 2011

Boss Nigger - 1975


Em 1975 o ex-jogador de futebol Fred Williamson e ator e diretor de filmes de ação, escreve o roteiro de um western com protagonistas negros e entrega a direção a Jack Arnold. Quem está familiarizado com o universo dos filmes Bs sabe que ele dirigiu várias obras-primas nos estreitos limites da série B, entre as quais “O Incrível homem que encolheu”, “O Monstro da lagoa negra”, além de uma penca de bons westerns, ficções científicas, policiais e musicais. Esse western blaxploitation seria sua despedida do cinema.
Um western blaxploitation soa mesmo um pouco bizarro. No ano seguinte o ator faria questão de dirigir outro nesse mix, “Adios Amigo”. É curioso lembrar que Mel Brooks um ano antes do filme tratado nessa crônica havia realizado “Blazing Saddles”, um western paródico que tinha como herói um xerife negro. Mas em nosso filme não estamos diante de uma comédia, apesar de que os momentos de humor não faltam. A trama segue o padrão clássico dos westerns: uma dupla de caçadores de recompensa - dois cowboys negros - chega a uma cidade da fronteira à caça de um bandoleiro. Lá descobrem que ela não tinha xerife e o prefeito era um corrupto aliado aos bandoleiros. Sem muita cerimônia a dupla assume o posto de xerifes. Se o desenrolar da história não foge dos padrões do gênero, a questão racial colocada em evidência tira o filme da banalidade: as piadas e tiradas racistas e anti-racistas são uma constante. Uma das leis do xerife, por exemplo, proibia o uso da palavra nigger como insulto, e é claro que a cadeia toda hora fica ocupada por isso. Diga-se de passagem, que o politicamente correto fez com que em seu relançamento em dvd a palavra nigger fosse omitida do título. Um filme que realmente não ignora os conflitos raciais e os coloca até como cerne da trama, sem abdicar de um humor sarcástico: 99% dos brancos no filme insultam em algum momento os dois, e cada vez que isso ocorre, ou são presos ou levam bastante sopapos.
Como de hábito nos filmes blaxploitation a trilha sonora é um capítulo a parte. E é mesmo singular assistir um western pontuado por funks sacolejantes.

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