Já faz alguns anos resenhei neste espaço um filme do diretor
Andy Milligan, “The Body Beneath”.
Neste fim de semana acabei me decidindo a encarar este que estava na fila há algum tempo. Claro que já vi
outros filmes do diretor nesses últimos anos. Posso dizer que ele é um dos
cineastas do universo exploitation que mais me fascinam.
Andy Milligan é odiado por boa parte de quem se deu ao trabalho
de ver algum de seus filmes. Basta ler as resenhas de espectadores no IMDB e
praticamente todas classificam este filme como uma merda completa. Stephen King
classificou um dos seus filmes como a obra de um retardado segurando uma
câmera. Os cânones de bom gosto são todos quebrados: atores ruins e amadores,
fotografia tosca, a falta de recursos saltando em cada plano, enfim amadorismo
total. Só mesmo lunáticos podem
aprecia-lo em toda a sua grandeza, grupo no qual me incluo. Um aspecto é inegável: ele foi um autor
completo, escrevia, produzia, fotograva e criava os figurinos. Indo contra toda
essa rejeição por parte do mundo
cinéfilo que preza a arte e até dos que apreciam o universo exploitation, foi lançada
uma biografia de Milligan: “The Ghastly One” escrita por Jimmy McDonough, em
2003.
O filme que desencavei pertence ao chamado período inglês de
Milligan. Foi na comunidade underground
e gay do Village que o diretor iniciou
sua carreira .No fim da década de 60 o produtor William Mishkin recrutou-o pra
uma série de filmes na Inglaterra. Aproveitando a estadia Andy realizou ao
mesmo tempo vários filmes aproveitando sempre os mesmos atores e a equipe. No
caso especifico desse filme o produtor exigiu que mais algumas cenas fossem
inseridas posteriormente para aumentar a duração e por isso só em 1972 ele
ganhou exibição comercial.
Orçamento irrisório, como sempre, de 18 mil dólares. Filmado
em 16 mm, como quase todos os filmes da carreira dele.
.
Já foi assinalado que toda a obra de Milligan é marcada por
famílias disfuncionais, taras sexuais, sadismo, homossexualismo, deformidades
físicas e genéticas. E aqui ele não deixa por menos e termos a família Mooney sendo um poço de taras que faria as famílias
do nosso Nelson Rodrigues, por exemplo,
parecerem uma família de seminaristas pudicos e recatados. Além de toda
insanidade ela esconde um segredo terrível: devido a uma antiga maldição todos
eles se transformam em lobisomens. A chegada da filha mais nova, trazendo um marido,
é a esperança para o patriarca de curar essa maldição, entretanto nem tudo
sairá como o patriarca desejava.
Como assinalei acima os filmes de Milligan não só podem
assustar pelos temas, mas também pela forma que se abstrai de todas as regras
do dito bom gosto cinematográfico. É, portanto, um desafio, fascinante, eu
garanto. O filme pode ser encontrado no You Tube.
2 comentários:
Parece interessante...Tem algum filme dele que você conhece com legendas em português?
Oi jamal, desculpe a demora na resposta,infelizmente creio que não
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