sábado, 30 de novembro de 2013
Occhio dietro la parette - 1977
Boa parte das resenhas de um filme tem a necessidade de classifica-lo em
determinado gênero. Normal. O problema,
que muitas vezes ocorre, é que este pode escapar aos limites dessa classificação.
O que isso significa: que o filme pode estar lançando um gênero novo, ou
simplesmente é um híbrido assumido? O filme que relembro é um bom exemplo desse
problema. Em 1977 o giallo agonizava depois de quase 20 anos de obras incríveis.
Este epígono não conservava do gênero ,na
verdade , pouco mais que o ambiente perverso e doentio, de resto prenunciava o thriller erótico ( filho bastardo do giallo).
Um drama com elementos vagos de terror e
mistério e melodrama familiar, certamente. Prato cheio para psicanalistas pelas taras e perversões
que arrolava nos seus 77 minutos. Claro que muita coisa mudou desde então e boa
parte dessas taras se tornaram
rotineiras e aceitas, e podem ser vistas
hoje em qualquer novela. Voyeurismo, sodomia, incesto e outro vícios : um
Nelson Rodrigues italiano, sem o humor
do nosso dramaturgo. Fica, no entanto como um documentário da mentalidade
de uma época que agora nos parece
distante em demasia, uma curiosidade arqueológica. Da psicanalise para uma
simples arqueologia das perversões. A duração curta se explica pela história
conturbada da produção: cortes sofridos, demissão do diretor Giuliano Petrelli (foi
seu único filme). Ao que tudo indica não existe possibilidade de aparecer um
dia uma edição sem cortes. As resenhas sempre enfatizam as semelhanças com “Janela Indiscreta”, o que
tirando o detalhe do homem espionando na cadeira de rodas , não corresponde
realmente ao filme. Fernando Rey é Ivano, um escritor impotente de preso à cadeira
de rodas, que vive em companhia da jovem esposa (?) e se se dedica a espionar o cotidiano do inquilino para
colher material para seu novo romance. A curiosidade extrema o leva a sugerir
que a jovem esposa trave contato com o vizinho e o seduza. Arturo, interpretado
por John Phillipp Law, o astro de Diabolik, já meio velho para o papel do rapaz
é o
clássico “beatnick” das fantasias cinematográficas, e também um tarado estuprador e assassino, e que se
revela também bissexual. A primeira
sequência do filme, e de impacto, é o assassinato e estupro de uma moça em um trem. Curiosamente
é o único crime que acontecerá. O que se desenrola no filme é a previsível sedução da jovem esposa pelo ambíguo e sedutor Arturo. Outro personagem
curioso e pervertido é o mordomo Otávio, que tem uma fixação pela patroa Olga e por seus pelos
púbicos que ele recolhe da banheira após os banhos dela. O fato gera o único
momento cômico do filme quando ela flagra Otavio cheirando os seus pelos. Um detalhe curioso: O IMDB indica
que é um coprodução com a Shaw Brothers ,
produtora chinesa de Hong Kong, conhecida pelos filmes de terror e kung fu.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário