sexta-feira, 8 de junho de 2012
Il Gigante di Metropolis - 1961
O título sugere uma versão espúria do Superman ou em um pensamento mais audacioso uma releitura do clássico mudo de Fritz Lang. Mas trata-se apenas de um peplum, gênero que fez sucesso no cinema italiano popular entre meados dos anos 50 e 60. Direção de Umberto Scarpelli, que curiosamente só dirigiu 5 filmes, sendo este o seu único trabalho relevante, de resto se dedicou à assistência de direção em muitos filmes de Vittorio de Sica. Eu disse apenas acima, mas o fato é que estamos diante de um filme de méritos que o distinguem. É um bom pastiche de gêneros, o que é sempre curioso No caso aqui a ficção científica e o peplum. O herói fortão é interpretado por Gordon Mitchell, americano, que como muitos outros compatriotas buscou trabalho no cinema peninsular. Carreira longeva e obscura em faroestes, pepluns e outros gêneros. O peplum é desses gêneros cinematográficos que não encontra muitos defensores e é vilipendiado pelos cinéfilos canônicos. Um autêntico “guilty pleasure” para muitos. Confesso que minha intenção minha inicial era apenas relembrá-lo com uma dose de saudosismo, pois eu tenho lembranças de tê-lo visto quando criança no Cine Ipiranga, na Rua Jacuí, aqui em BH. Este tipo de filme invariavelmente ganhava espaço na programação e claro, que a garotada da época comparecia em peso. E a cada bordoada que o fortão dava eram gritos de alegria por todo o cinema.
Curiosamente, revendo-o, pude perceber que se trata de um filme que vai além dos clichês habituais e tem méritos que resistiram ao tempo ingrato com boa parte dos filmes do tipo. Nosso herói, o gigante Ohro, apesar de fortão, por exemplo, passa boa parte do filme fugindo ou preso pelo rei malvado, ao contrário de Maciste e Hércules, que com sopapos resolviam tudo. Todos os acontecimentos catastróficos acontecem independentemente dos seus bíceps. Outro aspecto digno de nota é a boa direção e cenografia. O título languiano tem sua razão de ser: a concepção visual remete diretamente a vários filmes do expressionismo alemão, principalmente aos de Fritz Lang, como o já citado homônimo ”Metrópolis” e os “Nibelungos”; ressaltem-se ainda as interpretações artificiais em tons quase operísticos de boa parte do elenco. E a trilha de Armando Trovaioli, bastante original, tempera as imagens com uma aura feérica e espacial. Quanto à temática subjacente à trama: o crescimento tecnológico desenfreado que pode colocar risco uma civilização, nem precisa dizer que é atualíssimo. O filme tem uma atmosfera sinistra e profética e os amantes das pancadarias da época não apreciaram o filme por estes excessos de qualidades e o filme desapareceu assim como o continente mítico que em que se passava a ação. Metrópolis é, na verdade, a lendária Atlântida dominada pelo tirânico rei e cientista Yotar. O reino é uma espécie de organização nazi-fascista que privilegia os experimentos tecnológicos de toda ordem. O nosso gigante herói vai até a cidade, vindo do mundo exterior, na tentativa de prevenir dos perigos que todos estão correndo se continuarem com as experiências. O rei não lhe dá ouvidos e nem a outros que também pressentem que algo está errado. No elenco além de Gordon Mitchell, a cubana Bella Cortez e Liana Orfei, duas gatas que não alcançaram maior destaque no cinema italiano. O vilão Yotar é defendido brio pelo ator Roldano Lupi. Um detalhe final é que os figurinos e o cenário seriam reaproveitados no clássico ”O Planeta dos Vampiros” de Mário Bava, realizado alguns anos depois. Existe no YouTube uma cópia do filme, infelizmente de qualidade inferior à cópia em DVD lançada na civilização, mas de qualquer maneira dá para ver.Vai ai o linK;
http://www.youtube.com/watch?v=pXdeu6SaRVg
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Um comentário:
Puxa Fernando, obrigado pelas críticas de filmes tão desconhecidos e curiosos. Toda atualização no seu blog é uma nova maravilha a ser redescoberta. Parabéns!
J. LUca
www.midnightdrivein.blogspot.com
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