Uma raríssima exploitation vinda da Áustria pelas mãos de Eddy
Saller diretor falecido em 2003 que deixou
uma obra pequena de 5 filmes apenas. Se
não foi extensa nem por isso foi menos importante, além de ter nadado contra a
corrente cinematográfica que imperava no país, os dramas agridoces e românticos
(tipo “Sissi”, por exemplo) -, chocou pela violência, realismo e erotismo. E seria o guru de alguns diretores
como Klaus Lemke e Eckhart Scmidt, entre outros poucos. Existe hoje em Viena um
Instituto Schamlos , que realizada festivais e exibições de filmes
alternativos. Claro que a obra dessa turma passa ao largo do cinema alemão que
ficou conhecido em todo o mundo: Wenders, Fassbinder e Herzog à frente, todos
influenciados pela nouvelle-vague.
Seller pregava um cinema anti-intelectual, antes de tudo. No elenco um
rosto conhecido: Udo Kier, de trajetória gloriosa no cinema europeu e mundial,
aqui fazendo sua estreia. Mas quem brilha é a gata Marina Paal, sexy , amoral e
perigosa. Incrivelmente só atuou em
dois filmes e desapareceu sem deixar
vestígios. Ela é Annabelle, uma stripper que não tem escrúpulos
em trabalhar como prostituta e se deixar vender para mafiosos. Acalenta um sonho: se tornar estrela de cinema,
mas não consegue muito mais do que atuar em filmes pornográficos feitos para
chantagear velhos tarados. O gigolô e amante é Pohlman (Udo Kier), um gangster medíocre,
evadido de um circo onde era atirador de facas, que vive de oferecer “proteção
“ a comerciantes, e quando leva cano não hesita em usar da violência mais
sádica e alucinada possível. Os letreiros iniciais informam – com alguma
ironia -, que gangsteres reais
trabalharam no filme. É um detalhe que
ressalta o aspecto quase de documentário do filme. O pano de fundo onde estes seres marginais se
movem é uma Viena imaginária habitada por gangsteres gays, drogas, rock, strippers,
putas e bares enfumaçados onde artistas do movimento Aktionist encenam
performances selvagens. Um retrato da
contracultura vienense nos anos 60. Os atos impuros e escusos da bela Annebelle
acabam resultando em seu assassinato. O pai, um italiano, contrata Pohlman para
caçar o suspeito do crime, um ator decadente, gay e drogado, que foi
considerado inocente pela polícia e solto. Direção nervosa e febril, com influências
de Lang e Fuller. Do primeiro ela é evidente nas sequências do julgamento que remetem ao clássico ” M - O Vampiro de
Dusseldorf”; do segundo a violência estilizada. “Sem Vergonha” é o título do
filme, numa tradução literal. A trilha sonora fantástica de Gerhard Heinz é
dado que não pode deixar de ser citado. O filme só foi reeditado em DVD há
pouco tempo na Europa e deu as caras nos sites de compartilhamento, felizmente.
linK:
http://wipfilms.net/surreal-movies-collection/shameless/
Um comentário:
Parece interessante e ainda em preto e branco, show !
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