quinta-feira, 28 de julho de 2011
The Face of Eve - 1968
Um dos subgêneros do filme B , que nem sempre é enquadrado como tal, são os filmes sobre “jungle girls”, ou seja: histórias de aventuras com mocinhas na selva, sempre fazendo o papel de tarzãs. O gênero é antigo e uma das fontes, já que falamos do Tarzan, é o pai do homem-macaco Edgar Rice Burroughs, que inclusive escreveu um livro chamado “Jungle Girl”.O arquétipo é constante em produções B de todas as épocas, ficções “pulp” , seriados e até filmes mais produzidos.
Assistindo um B-movie dos anos 70, um dia desses, “The Velvet Vampire”, me chamou a atenção a atriz principal, que fazia o papel de uma vampira moderna vivendo num deserto. Celeste Yarnall, a atriz em questão, depois de algumas pesquisas na net, descobri que até fez carreira longa no cinema e na TV como atriz, mas sempre fazendo pontas. Essa produção B de vampiro, com produção, diga-se de passagem, do papa B Roger Corman, e dirigida por uma mulher Stephanie Rothman, foi um dos seus raros papeis principais. O outro, descobri, foi justamente uma produção na linha “jungle girl”. E como tenho um fraco por esse subgênero – já ate resenhei um filme na temática, por aqui – não descansei enquanto não consegui uma cópia do bendito filme “The Face of Eve”. Apesar do título em inglês é uma produção espanhola. O filme, de 1968, tem vários detalhes interessantes: o elenco tem além de Celeste, três bons atores, Christopher Lee( sim, ele mesmo) , Herbert Lom e Maria Rohm, austríaca e figura carimbada em produções dos anos 70 europeias; outro detalhe que me levou a fazer resenha é que o filme é ambientando no Brasil
E essa produção não faz feio perto das anteriores, no quesito “samba-do-crioulo-doido” ou macumba para turista desavisado. A ficha da produção e os créditos indicam sim, que o filme teve cenas no Brasil. E as sequências iniciais tentam sugerir que estamos aqui, já que as placas estão em português. Mas o nativo, com jeitão de Mazzarópi mais gorducho, fala espanhol. O Rio de Janeiro parece ser o ponto de partida para a expedição à selva amazônica, e curiosamente, o herói se dirigir à selva toma um teco-teco como meio de transporte. As cenas de selva, além das habituais “footages”(cenas de arquivo de bichos na selva, etc.) parecem ter sido feitas em Jacarepaguá e na floresta da Tijuca. Vai ver que os produtores achavam que era selva amazônica.
Os créditos indicam a direção de Jeremy Summers, diretor normalmente de segunda-unidade de produções obscuras; a ficha na internet indica outro codiretor, Robert Lynn, igualmente especialista em segunda-unidade. Dois diretores para realizar uma tosqueira do maior quilate.
É claro que deve ter muita garota em trajes sumários perambulando pela selva amazônica, talvez não loiras caucasianas, mas seguramente elas existem aos montes por lá. E o herói do filme tentando achar um amigo piloto desaparecido na selva, tem a sorte de encontrar uma mocinha, loira é claro, que falava inglês, e linda como uma modelo sixtie. Cara sortudo. Os índios de pacotilha, falando uga-uga estão ali para atrapalhar, e os vilões sedentos pelo tesouro inca, estão ali, ineptos como o herói. O venerável Christopher Lee fica o tempo todo preso a uma cadeira-de-roda. Deve ter aceitado participar desse colosso desde que não precisasse se mexer muito. E a bela e lânguida Celeste no papel da Eva americana na selva, se limita a desfilar e andar de cipó em trajes sumários, feitos de peles de animais. Com certeza ela tinha também um salão de beleza na selva, para manter o cabelo sempre arrumadinho.
O final do filme é até divertido: levada de volta à civilização, o dono da boate local tenta torna-la uma atração do lugar. Assustada com o assédio da “imprensa”, ela cai fora e volta para sua selva. Fosse agora seguramente ela estaria na capa da “Playboy” e estrelando novela das oito, e não pensaria em voltar pro mato. Bons tempos do filme B....
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