Um filme alemão digno de nota e bem distante do cinema de arte praticado á epoca no país pelos famosos Herzog, Wenders e Fassbinder entre outros. Trata-se da terceira adaptação para as telas do seminal conto de E T A Hoffmann e que chegou, inclusive, a merecer um estupendo ensaio de Sigmund Freud já no séc. XX.
Eckhart Schmidt é um diretor nao muito badalado e de extensa filmografia com nada mais nada menos que 106 filmes no currículo: é verdade que boa parte deles trata-se de documentários e trabalhos para a TV. No entanto a filmografia para o écran guarda obras significativas no universo da exploitation europeia tais como "Der Fan" e "Alpha City" entre outros.
Em linhas gerais a narrativa de Schmidt respeita a narrativa do conto original com ligeiras variações. Um jovem perambula pelas ruas de uma cidade mediterrânea italiana em companhia da namorada e fica obcecado pela visão de uma mulher de aparência diáfana e sedutora, que por azar e acaso parece ser filha de um homem que lembra o amigo do pai morto num incêndio, e que ele julga ser o responsável por essa morte.
O filme é um crossover de romantismo gótico, horror, art-house tipicamente europeu , ficção cientifica e romantismo com fortes toques de erotismo. Quase anacrônico e nostálgico soando como um filme dos anos 60 ou 70. O filme pode ser baixado com legendas em inglês no blog:http://rarelust.com/e-t-a-hoffmanns-der-sandmann-1993/
chiados e canudos
terça-feira, 10 de maio de 2016
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Reformatório das Depravadas - 1978
Não faz muito tempo uma associação de críticos de cinema nacional divulgou uma lista dos 100 melhores filmes nacionais de todos os tempos. Minha relação com listas é ambígua: em algumas encontrei dicas memoráveis de obras que não conhecia, em outras vi apenas a acumulação de nomes óbvios referendando o já gasto, trivial e batido . A lista me surpreendeu por vários motivos: em primeiro lugar nem imaginava que ainda existissem tantos críticos de cinema no país em atividade -onde exercem é um mistério, diga-se de passagem -, outro motivo de espanto foi a lista em si que achei absolutamente irrelevante e irritante tanto por alguns filmes incluídos e, principalmente, pelas ausências, algumas óbvias para mim. O tema mereceria um longo debate. No Facebook muitas vozes se levantaram contra a lista apontando os problemas, eu mesmo dei uns pitacos. Mas , francamente, não julgava que ela fosse ser diferente. Um dos nomes , inúmeras ausências na lista foi Ody Fraga. Revendo neste fim de semana o ótimo documentário sobre a Boca dirigido por Daniel Camargo, "Boca do Livo- a Bollywood Brasileira", fiquei feliz por vê-lo lembrado. Seria um espanto, claro, se isso nao ocorresse num documentário sobre a cinematografia da Rua do Triunfo, tendo em vista as importância do catarinense para o extraordinário fenômeno que foi a Boca do Lixo.É provável que Ody tenha sido o sujeito mais intelectualizado e inteligente ali, e vários que o conheceram concordam com o papel de inteligência que ele exerceu enquanto crítico, roteirista e diretor. Falecido em 1987, deixou uma penca de ótimos filmes que revelaram sua personalidade aguda, criativa e original fruto de muitas leituras(era um leitor voraz). A carreira como diretor teve inicio em 1967 e se estenderia até 1986. O filme que relembro se não é sua obra-prima (gosto muito de" Fêmea do Mar" e "Palácio de Vênus")é um dos mais interessantes. Duas estrelas da Boca apareciam aqui: Nicole Puzzi,ainda assinando apenas Nicole, e Patricia Scalvi, e so por isso o filme já mereceria uma lembrança. Mas ele tem outros méritos. A sequência inicial é de tirar o fôlego jogando o espectador numa universo de violência e repressão: um grupo de jovens arrasta uma mulher para um porão e a estupram. A coitada era a cão de guarda do reformatório para mocinhas desequilibradas e perversas , as tais depravadas do título. A proprietária ? uma alemã de passado nazista que não hesitava em chamar assistentes do antigo exército do reich para torturar alunas rebeldes. Estamos pois em WIP puro, digno de ombrear com qualquer exemplar europeu: mulheres bonitas seminuas, sacanagens, violência, amor e dor. Para pontuar as cenas diálogos marotos e inteligentes que só Ody sabia fazer ali na Boca. Achei que o final desandou um pouco, talvez por problemas de orçamento, mas o resultado final vale a conferida. O filme felizmente está disponível no YouTube. Boa diversão.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Traitement de choc - 1973
o cinema de terror francês é hype,está na moda. Confesso que não vi muitos desses novos exemplares: ao que tudo indica pendem pro gore e para a violência extrema em detrimento da sutileza e da sugestão, e isso não me agrada. Na década de 70 o cinema gaulês tinha perdido a corrida no cinema de gênero para os prolíficos italianos, e para os espanhóis. Um ou outro filme ganhou algum destaque, e este foi um deles. Vai muito além de um mero filme de terror e tangencia a ficção científica. No elenco dois nomes de primeiro plano no cinema francês e europeu: Alain Delon, então com 45 anos , e Annie Girardot. Para os voyeurs ambos nos brindam com cenas de nudez sugestivas numa sequência famosa, e que talvez tenha garantido a sobrevivência dele nesses anos todos. Alain Jessua, é hoje um diretor meio esquecido, uma pena porque deixou bons filmes além deste que relembro. A carreira foi curta: apenas 10 filmes. Uma executiva da industria de moda , Hélene (Girardot) é abandonada pelo namorado, trocada por uma mais mulher mais nova, e cai em depressão. Ao saber da existência de uma clinica que garantia um tratamento miraculoso para o envelhecimento nao perde tempo e vai até lá e se interna. O diretor da clínica é o charmoso Dr. Devilers( Alain Delon)e o tratamento utiliza sangue de animais . No entanto ela não vai demorar a perceber que algo não está "nos conformes" na clínica e irá se deparar com um segredo pavoroso. Uma crítica social: a clínica é um microcosmo da sociedade francesa com todos os seus representantes. O filme é mais que um terror com toques de ficção cientifica, uma sátira quase surrealista à burguesia fútil francesa dos pós guerra, bem típica dos anos 70 . Quase desnecessário dizer que ela continua atualíssima,e serve também para a nossa e todas as classes médias desse mundo atual. O americano "Soylent Green" trata quase da mesma temática e coincidentemente foi realizado no mesmo ano. A sequência inicial é curiosa para nós brasileiros porque todos os diálogos estão em português e ela é embalada por uma canção também em português. Por um momento pensamos que estamos assistindo ao filme errado. O filme pode ser baixado no blog: http://rarelust.com/shock-treatment-1973/
terça-feira, 27 de outubro de 2015
terça-feira, 22 de setembro de 2015
Body Fever- 1969
Ray Dennis Steckler é um dos diretores mais interessantes do maravilhoso universo do filme B. Faleceu em 2009 depois de uma longa carreira de muitos filmes. Este que relembro não está entre os mais conhecido de sua carreira, mas é sem duvida dos melhores e creio que agradaria a qualquer cinéfilo. Foi a unica experiencia de Ray no universo do filme noir. Aqui e ali Ray insere homenagens a Bogart, curiosamente uma delas até parece uma brincadeira com "Acossado" de Godard. O próprio diretor interpreta o herói Charlie Smith, um detetive mixuruca e duro que recebe a incumbência de encontratar uma mulher que se vestia como uma espécie de Mulher Gato que havia cometido um roubo de um pacote miloionario de heroina . A mocinha é interpretada por Carolyn Brant ,na época musa de Ray. A trilha sonora a cargo de Andre Drummer é muito boa, e outro destaque são os diálogos irônicos e bem humorados. Coleman Francis, uma das lendas do filme ultra B, faz uma ponta especial: reza a lenda que após ter finalizado o filme Ray o encontrou nas ruas mendigando . Convidou-o então a atuar e filmou algumas cenas especialmente para ele.
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
The Clonus Horror - 1979
Filme B que estava escondido em um dos meus HDs completamente
esquecido e so me veio à lembrança quando li uma entrevista de Pete Tombs, o fundador da
Mondo Macabro, e ele assinalou que o filme foi um dos maiores fracassos da sua
distribuidora. Aliás, já está fora de catálogo o DVD. E posso dizer que é uma
pena, pois se trata de um filme peculiar
e inteligente. Foi o único filme dirigido por Robert S. Piveson. No elenco
somente dois atores vagamente conhecidos: Dick Sargent, que foi um dos maridos
na série A Feiticeira, e Peter Graves.
Num local isolado e aparentemente idílico vive um grupo de jovens,
homens e mulheres. A vida deles parece a
melhor possível: apenas praticam esportes e se divertem , todos sonham com o
dia em que poderão se mudar para a América. Logo se revela que as moças e
rapazes ali não passam de clones criados com algum proposito obscuro. Um dos clones
percebe que não vive nos melhor dos mundos quando acha no leito de um riacho
uma lata de cerveja o que desperta sua curiosidade. Daí em diante ele não cessa
de ir fuçando aqui e ali ate descobrir que por trás do suposto paraíso
encontra-se um inferno horripilante. A fuga para o mundo exterior, a América, se
revela outro pesadelo.
A trama soa familiar? Ora, pois em 2005 a Dreamworks
produziu “A Ilha” com Scarlett Johanssen e Ewan McGregor, e não demorou a ficar
claro que “The Clonus Horror” fora clonado descaradamente. Uma ação se seguiu e a Disney (proprietária
da Dreamworks) pagou um valor não revelado aos
produtores.Cumpre lembrar ainda que alguns anos antes o filme obtivera
relativa notoriedade ao ser exibido no
programa americano de TV “Mystery Science Theater “especializado em achincalhar
supostos filmes ruins. O filme pode ser
conferido no site: http://rarelust.com/the-clonus-horror-1979/
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