terça-feira, 23 de julho de 2013
Sexo, sexo e sexo -1984
Os títulos dos filmes de Chico são diretos, apelativos e provocam
ao máximo o espectador. Este promete muito, muito
sexo a julgar pelo título e o cartaz. Existe uma versão com sexo explicito, diga-se de
passagem. Vários dos seus filmes
realizados a partir da entrada do sexo explícito nos anos 80 passaram pelo dissabor de cenas de sexo hardcore inseridas quase sempre de
forma gratuita, e não poucas vezes protagonizadas por atores alheios às tramas.
Felizmente minha versão é a “normal”. Meu limite para determinado tipo de tosqueira não é dos maiores, confesso. Mas, claro que não deixo
de dar uma espiada nos sady babys da vida e Cia Ltda., sempre rola alguma surpresa
que garante a aventura. Se tiver que apontar meu diretor favorito na Boca este seria, sem nenhuma dúvida, Chico Cavalcanti.
Os adjetivos para os seus filmes sempre giram em torno dos adjetivos de tosco, rudimentar, primitivo e simples. Cinema
direto, despretensioso, e ingênuo sim. Chico nunca negou isso, O mais próximo do que o cinema da Boca
chegou do universo dito brega e cafona da canção popular brasileira dos anos
70, de Odair Jose, Fernando Mendes e tantos outros menosprezados e debochados
pela crítica oficial. Uma analogia com a poesia: um cruzamento entre Augusto dos Anjos e Casemiro de Abreu. Um cinema livre de quaisquer influencias externas, puramente
brasileiro na temática e no estilo. Cinema de comunicação direta com o
espectador. Puro instinto. Sempre
reafirmo que o cinema não tem que ser refém do teatro, da musica ou do romance, e muito menos da
televisão (Aí já e dose para leão, não? ). E a
obra de Chico é cinema vital, bruto e sólido. Este filme que relembro começa meio parecido com a obra-prima
“Noite do desejo” de Fauzi Mansur: dois desocupados marginais saem pela noite á
procura de uma farrinha, de zona em zona, de boate em boate, cada uma mais
vagabunda que a outra. Carlos e Nico são como tantas pessoas reais que iam
assistir aos filmes de Chico, pessoas pobres, sem perspectivas, condenados a viverem trabalhando quase como escravos em
troca de um salário miserável no inferno urbano da metrópole insana. Escapar a
essa sina só pelo crime. Tentam ,é claro
,o caminho honesto. Mas os dois se dão mal depois que um deles dá umas porradas
no chefe mala que flagrara fumando um baseado . E depois disso tem início para a dupla uma jornada de crimes medíocres, quase simplórios,
e por isso mesmo muito reais, que os deixará mais uma vez em outro beco sem saída, até que
conhecem duas putas em um dos muquifos que frequentavam, e essas lhe apresentam
um malandro arrumadinho. Aqui entra em
cena a presença sempre magnética de
Francisco di Franco, eterno Jerônimo, o herói do sertão, e que sobrevivia em produções da Boca nessa época. Um amigo
lembrou que ele morreu na miséria. Um absurdo, caso fosse americano teria fã-clube
e seria idolatrado até hoje, assim como Chico, é claro. O aumento do séquito de larápios dá ensejo ao
desejo de voos e golpes mais altos. Chico
Cavalcanti e o seu “Grande Golpe” Kubrickiano
,ou um Fuller tropical, sem glamour, muito próximo das ruas sujas do centro da
grande São Paulo, e sendo assim autêntico, original em sua poesia do desencanto
e da mediocridade. Infelizmente nenhum filme de Chico foi existe em DVD , mas
este e alguns outros felizmente volta e
meia são reprisados no Canal Brasil. Menos mal. Salve Chico Cavalcanti, mais um
herói do cinema brasileiro e da Boca.
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Shock 'Em Dead - 1991
Confesso que só cheguei a este filme por causa da presença
de Traci Lords no elenco. Quatro anos depois do escândalo em que se envolveu quando
descobriram que atuava em filmes pornôs com idade inferior a 18 anos. De Lolita
do hardcore para rainha do filme B no final dos anos 80 e começo de 90.
Cinquentona, continua na ativa. O blog She Zine publicou um bom dossiê sobre
ela há um tempo e, portanto não vou me
estender em maiores detalhes. Para os tarados
um aviso: ela não aparece nua neste filme. Uma pena. Aliás, sua atuação aqui
neste filme é discreta. Além de Traci Lords temos no elenco
Stephen Quadros, no papel do roqueiro
demoníaco Angel, ex pizzamen nerd. Troy Donahue, astro dos anos 50 numa ponta.
Aldo Ray, figura carimbada em filmes B faz o papel do dono da pizzaria. A direção é de Mark Freed. Trata-se de uma comédia
de humor negro com alguns momentos de
gore. Não esperava nada do filme, e fiquei surpreso com ele.Divertido, insano, sem
medo de ser idiota, politicamente incorreto, trash até a medula. Uma banda de
metal pra lá de farofa – meio Poison, meio Motley Crue -, com um vocalista absurdamente
gay ( e que ficaria melhor como vocalista de uma banda new-wave), procura por
um guitarrista às vésperas do início de uma tournée. O nome da banda: Spastic Colon.Um nerd que
trabalha numa pizza se oferece para fazer um teste. Desastre total: o coitado
era inepto com a guitarra e é expulso e
ridicularizado sem dó e ainda perde o emprego na pizzaria. A sorte muda quando
aparece em seu caminho uma
sacerdotisa/feiticeira vodu- sim, isso mesmo, existem criaturas desse tipo nas
ruas de Los Angeles – e lhe oferece um singelo pacto com o coisa ruim, o Cujo,
O demo. Nunca se soube nos anais da literatura, do cinema ou da mitologia, de
alguém que tenha se dado bem com tal
acordo. As entrelinhas desses contratos costumam esconder clausulas para lá de
perigosas e funestas para os incautos. E
nesse filme não será diferente. A chamada do cartaz diz que “pela garota dos
seus sonhos ele faria um pacto com o diabo”, o que não corresponde à trama do
filme. Ele só cai de amores por Traci depois que já se tornara um guitar hero
de araque e tinha o mundo aos seus pés. O filme não fez feio perto das
produções da Troma, o que dependendo do ponto de vista pode ser uma advertência
para evita-lo a qualquer custo. A
guitarra foi dublada por Michel Angelo Batio e tem aquele estilo que consagrou
Joe Satriani, bem veloz e cheio de notas. Os vocais ficaram a cargo de Ricky
Livingstone. O filme foi lançado em VHS no Brasil com o título de “Magia Negra
no Rock”. Existe um link para download na net: http://depositfiles.org/files/2ya1lz1f4
( Possessed by Movies)
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