sábado, 15 de junho de 2013

Libidine - 1979

A zoofilia é tara velha, e o cinema já explorou aqui e ali. Nosso cinema pornô da Boca foi pródigo na exploração dela. Antes da onda do  explicito Jean Garret fez o sensacional “Mulher, Mulher” que tinha a cena de Helena Ramos sendo lambida por um cavalo. Inolvidável. Os italianos fizeram o clássico “Bestialitá” em 1976, onde um cão fazia amor com uma mulher. Confesso que não aprecio muito essa corrente da exploitation, incluindo os filmes da Boca que investiram neste filão. Tem gente que gosta ou tem curiosidade a respeito, não? Mas vamos ao filme, sem dúvida um dos mais insanos e bizarros que explorou a zoofilia. O que temos aqui é um quê de horror, muito erotismo com cenas que beiram o explícito e até toques de giallo. Um cientista maluco faz experiências com serpentes em seu laboratório  sonhando em criar um ser meio serpente meio homem, que segundo ele solucionaria o problema da fome no mundo! Imerso nessas preocupações profundas não esquenta a cabeça com a jovem esposa Carla(marina Hedman), uma frenética ninfomaníaca que passa boa parte do filme fazendo sexo com o mordomo ou com a empregada interpretada por Ajita Wilson, figura enigmática do cinema europeu dos anos 70. Homem ou mulher? Ao que tudo indica nasceu homem, fez uma operação para mudança do sexo e foi fazer filmes exploitation na Europa até morrer em um acidente.  A dupla garante a voltagem erótica ao filme. A primeira, sueca de origem, teve longa carreira no cinema italiano, atuou em filmes pornográficos, e fez ponta em “Cidade das Mulheres” de Fellini. A impressão que tinha neste instante era mesmo de apenas mais um filme erótico italiano. Mas a filha do cientista retorna para casa depois de uma temporada em um colégio de freiras. OK, ela era virgem, mas às primeiras cenas em que aparece já fica nua e logo é assediada por todos na casa: pela madrasta, pelo criado e pelo assistente de laboratório do pai. A vingança pelo assédio vem na forma de uma  serpente que o pai utilizava para os experimentos: um por um os tarados vão sendo mortos por ela. Entre o réptil e a virgem se estabelece uma relação de amor, que vai culminar com uma cena única no cinema, e que não contarei aqui, mas que garanto que é o ápice da zoofilia no cinema. Afinal não recordo de ter visto uma mulher fazer amor com uma serpente.O diretor Raniero di Giovanbattista, não teve carreira longa no cinema, com apenas quatro filmes assinalados pelo  IMDB.A trilha do genial Stelvio Cipriani dispensa comentários. O filme até pouco  era tido como raro e obscuro, não consegui, por exemplo, encontrar nenhum comentário e respeito dele, deu  enfim as caras agora em sites e pode ser encontrado no Eurotorrents.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Thirsty for Love, Sex and Murder (Aska Susayanlar Seks Ve Cinayet )-1972

Minhas manias cinematográficas são muitas, ou paixões, para usar um termo mais elevado. Algumas antigas, caso do giallo e do gótico italiano, ou dos japas, outras relativamente recentes, caso do cinema turco dos anos 60 e 70. A medida que vou descobrindo novos filmes nesse universo mais e mais me entusiasmo. Este que relembro agora é um dos clássicos do período áureo da explotation turca. O bom é que ele existe em versão legendada. Infelizmente são muitos os filmes de lá que ainda permanecem inacessíveis pela ausência de legendas. Confesso que não tenho muita paciência para assistir um filme cuja língua não compreendo lhufas. Até faço download de  um filme  chinês, filipino , turco ou alemão quando vejo que é muito interessante, e sempre pode um dia aparecer legendas para ele, mas raramente assisto-o sem não consigo legendas.  O título original em turco é "Aska susayanlar seks ve cinayet". Como só conheço uma única palavra da língua, não fazia ideia do que significaria este título. Verificando o Google pude constatar que o título inglês é literal. Todos os blogs gringos que consultei assinalam que o filme é uma cópia ou refilmagem de um giallo clássico de Sérgio Martino ”O estranho Vício da Sra Ward”, que já assisti faz muito tempo e do qual não lembro muito. Portanto nenhuma comparação posso fazer entre o suposto original e a cópia.  Mas à exceção da língua falada pelos personagens, de algumas paisagens, nada indicaria que o filme se passa na Turquia. Não há nenhuma indicação religiosa, exotismo, os personagens se vestem à maneira  ocidental, bebem álcool, e fazem muito sexo, e por isso há muita nudez feminina ao longo do filme. Este detalhe é um aspecto que pode causar estranheza, considerando-se que o islamismo é uma religião extremamente avessa ao erotismo, como de resto o cristianismo também. Mas o fato é que o cinema turco daqueles tempos deitou e rolou no quesito da sensualidade. A maré permissiva, no entanto duraria pouco, e muitos filmes tiveram cópias destruídas pelos moralistas. Desnecessário dizer que as novas gerações turcas praticamente ignoram essa linha da cinematografia local. Nada muito diferente daqui com o cinema da Boca, objeto de desprezo e deboche por nove entre dez cinéfilos canônicos. Lá imagino que seja a mesma coisa. Tive uma amiga turca no Facebook, era apreciadora de cinema e nunca tinha ouvido falar dos filmes desse tipo. O que encanta nos filmes turcos e nesse fica bem evidente é a sensação de alucinação que perpassa por todo o filme. Essa sensação é acentuada pelos ângulos inusitados de câmera, o ritmo desconexo da trama e o erotismo exacerbado. Dir-se-ia uma viagem lisérgica, onde nós espectadores somos convidados a adentrar em  um pesadelo. Temos uma mulher casada, com um sujeito impotente, e ela ao que parece foi estuprada por um sujeito. Mas foi mesmo um estupro ou  seria simplesmente uma relação sadomasoquista? Ambiguidade. Como todo giallo que se preze a trama não faz muito sentido se tomada ao pé da letra. O que importa no gênero é o estilo sobre a substância, sempre. Aqui no caso um giallo com tempero otomano. Mehmet Aslan, diretor prolífico na cinematografia turca  assina a direção. No  elenco nomes como Kadir Inanir,Meral Zeren,Eva Bender,Yldirim Gencer. O filme pode ser encontrado no Eurotorrents e no PirateBay também.