segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Pigs - 1972

Os anos 70 foram o ápice do cinema americano alternativo e B. Várias produtoras independentes já disputavam o imenso mercado exibidor que as majors desprezavam (drive-ins, grindhouses e cinemas de pequenas cidades) desde a década de 50. O resultado foram obras criativas, dementes, realizadas por diretores malucos e originais e que acabariam por influenciar o mainstream nas décadas seguintes. Marc Lawrence tem seu nome assegurado na história do cinema enquanto ator, e sempre como coadjuvante, desses que deixam impressão marcante mesmo que apareçam apenas em algumas cenas. Carreira incrivelmente longeva: atuou desde os anos 30 e chegou a trabalhar em “Um Drink no Inferno” de Robert Rodriguez(e produção de Tarantino) e viria a falecer em 2005. Para os cultores do filme B ele deixou dois filmes como diretor: o primeiro, realizado ainda na década de 60, mais precisamente em 1965, “Nightmare in the Sun”, um thriller com toques noir, estrelado por uma jovem Úrsula Andress; o segundo filme, já na década de 70, é este que relembro agora. Produção atribulada desde o início, pois o orçamento era inexistente. Reza a lenda que o filme foi realizado por Marc para servir de cartão de visita para a filha atriz Toni Lawrence , a estrela do filme. Fracasso de público quando lançado com o título original ”Daddy’s Deadly Darling” (recebeu ainda outros títulos) e rebatizado com o título atual, já em 1975, numa tentativa dos produtores de aproveitar a onda de filmes com animais assassinos deflagrada por “Jaws’ de Spielberg. Não adiantou muito, mas felizmente o filme ganharia edições em VHS e, mais recentemente, em DVD pela Troma. Edições ”meia boca”, mas as única possíveis até o momento. Ressalte-se que o título original é mais adequado para o que realmente acontece. Temos Lynn ( Toni Lawrence) que mata o próprio pai, depois de ser violentada, e é levada para um hospital psiquiátrico, de onde escapa disfarçada de enfermeira. A fuga em um fusquinha azul a leva até um vilarejo perdido na Califórnia, daqueles que os Mcdonalds e os wallmarts ignoram, longe do século XX. Nossa heroína arranja emprego como garçonete no único restaurante local, uma espelunca. O proprietário: um fazendeiro de nome Zambrini (interpretado pelo próprio Marc Lawrence) e de macabra fama junto aos vizinhos que diziam que ele alimentava seus porcos com carne humana. Boato, que logo no início do filme vemos que procedia. O alimento grotesco era adquirido de furtos no cemitério ou eventuais assassinatos. A relação que se estabelece entre o velho e a garota só poderia ser ambígua, incomum. Melhor para os porcos que passam a receber mais alimentos especiais já que Lynn coloca as manguinhas para fora e começa a matar: primeiro, uma paquera, depois um médico da instituição que a descobrira e tentara leva-la de volta.
Falei da produção precária e o fato é que o visual tosco até que combina com a orgia insana e indigesta que Lawrence oferece ao espectador. O blog é também serviço de utilidade pública e deixo aqui duas dicas : a primeira, gastronômica, vai para os apreciadores de uma boa feijoada , e que sempre confirmem a procedência da carne oferecida( ou melhor, da ração dos suínos) ; a segunda vai para os que ficaram interessados e chegaram até o fim da crônica informando que o youtube tem o filme completo(infelizmente sem legendas). O link aqui: http://www.youtube.com/watch?v=b9iguLopECs

Um comentário:

Viviane Wehdorn disse...

Porcos alimentados com carne humana soa muito bizarro. Mas seu texto está uma delícia de ler.Leve, inteligente e engraçado! Parabéns! :-)