quarta-feira, 27 de junho de 2012

Las Amantes del Diablo - 1971

Um filme espanhol de nenhuma reputação crítica, por razões que vão do universo em que se insere , o chamado eurotrash, (definição tida como pejorativa, mas que considero adequada para a sexploitation europeia dos anos 70) ao fato de que , foi realizado em pleno regime franquista . Típica sexploitation de terror europeia setentista com os elementos habituais( e deliciosos) : um bando de mulheres voluptuosas e seminuas, tramas de terror ou policiais, tudo em belas locações, quase sempre embaladas por ótimas trilhas sonoras. Um gênero em que as classificações exaltadas de obra-prima, soam relativas. A questão é ser aborrecido ou não. E no caso desse temos um filme passável , com boa atmosfera e que reserva surpresas para o espectador. Por se tratar de uma produção espanhola o quesito nudez não chega a impressionar, infelizmente. Com direção de José Maria Elorrieta, 54 filmes entre 1945 e 1975, também co-roteirista do filme, e no elenco Espartaco Santoni, ator de boa projeção no cinema espanhol do passado, a austríaca Krista Nell, e a espanhola Teresa Gimpera, esta ainda na ativa. Falando um pouquinho mais da estrela do filme, Krista Nell, vejo que ela faleceu com apenas 28 anos, vítima de leucemia, em 1978, e a exceção do filme que relembro só apareceu em papeis coadjuvantes em comédias e western italianos.
Uma bela mulher, sem dúvida. No filme ela é Hilda Salas decidida a descobrir o paradeiro da irmã desaparecida misteriosamente durante as férias em uma aldeia à beira mar. Chegando ao local ela acaba travando contato com um misterioso doutor Tills Nescu – o nome é este mesmo – e sua assistente dúbia. Dizendo-se portador de poderes misteriosos ele logo a seduz. Todos ao redor da moça a advertem da roubada em que está se metendo, mas como estamos em um filme ela é a última perceber o envolvimento do doutor no desaparecimento da irmã. E como não poderia deixar de ser nosso médico com visual de Lúcifer cinematográfico, mora em um castelo e passa o tempo tocando um velho órgão(ops !) . Um ano depois Edward Dmytryk lançaria o, relativamente badalado, “Bluebeard” estrelado por Richard Burton e Raquel Welch, um filme, diga-se passagem, que estava aqui na lista para uma futura possível resenha, e ficou claro para mim que o obscuro espanhol semiesquecido e a essa citada produção possuem elementos temáticos comuns. O nosso Nescu, por exemplo, se revela uma espécie de Barba- Azul colecionando cadáveres das amadas infelizes em uma caverna, tal qual o Barba- Azul de Burton guardando as suas em um quarto, e de resto o visual de ambos os personagens é semelhante. Realmente curioso e, possivelmente, acidental. O filme pode ser baixado no blog http://oldmoviesdownload.blogspot.com.br/. Divirtam-se.

sábado, 23 de junho de 2012

Five Fugitive Girls - 1974

O título já diz um pouco do que é o filme: cinco garotas em fuga. A direção é assinada por Stephen Apostolof ( A.C. Stephens), um ilustre parceiro e discípulo do famigerado Ed Wood, que também está na produção desse filme como co-roterista, e atuando em dois papéis.Um exploitation típico dos anos 70 com violência, alguma nudez, talvez audaciosa para a época, mas que nos tempos de agora não tem nada demais, e o mais importante é que tem aquele espírito libertário e de insolência que havia nos filmes dos anos 60 e 70 mesmo em produções grindhouse apelativas e sem nenhuma proposta estética.O PC(politicamente correto) era apenas uma miragem medonha. Se não existe mais o código Hays temos em compensação esta chateação:e o negócio então é enchermos o bucho de pipoca e refrigerante e se anestesiar no 3-D. Cada geração tem a epifania que merece. Mas tenho certeza :o público de drive-in e dos cinemas fuleiros- que era o meu caso - com certeza se divertia mais do que o público dos multiplex de agora. O filme começa com cara de filme erótico mixuruca: um casal nu na cama, beijinhos, afagos, o cara sugere que saiam para comprar um drink, param numa loja de conveniência e surpresa: o loverboy é um assaltante, mata o proprietário, deixa a namorada na mão e escapole. A namorada desamparada é presa, condenada e levada para uma prisão feminina, estranhamente deserta, pois só vemos mais quatro mulheres durante todo o tempo em que ela lá permanece. Aí o filme bandeia para o lado do WIP típico: a prisioneira negra em conflito com a “white trash” , cenas de lesbianismo e a inevitável fuga pelo deserto. As cinco mocinhas são duronas. Imagino o que Russ Meyer não faria com este material. Há algo de “Faster Pussycat, Kill, Kill” no astral delas: insolência, fúria, malandragem. Do nada aparece um bando de motoqueiros e tentam fazer gracinha com elas e se dão mal: são espancados sem dó nem piedade. Na fuga encontram um bando de hippies também. Outra sequência antológica nos anais da exploitation: as garotas assaltam um carro que perambulava pelo deserto, pegam o motorista e o estupram. Uma inversão absoluta dos papéis.A mesma situação havia sido explorada em um filme de Ed Wood, "Violent Years", na década de 50. Um miserável e vulgar precursor de “Thelma e Louise”? Faz sentido e ,eu digo que , particularmente, prefiro este aqui ao filme do Ridley Scott , que só tem de bom mesmo a voz de Marianne Faithfull na sequência final, pois de resto não passa de pseudo feminista mainstream careta para donas de casa .Sob a camada vagabunda e precária desse pequeno filme há mais realidade do que o luxo e a empáfia arrogante da produção classe "A". Viva a exploitation! O filme recebeu outros dois títulos alternativos: “Five Loose Women” e “Hot on the trail”. Foi o último filme escrito por Ed Wood. Existe uma versão com cenas de sexo mais fortes. A conferir. Para os interessados existe uma cópia decente no Pirate Bay, portanto corram antes que desapareça.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sansone e il tesoro degli Inca -1964

Outro sério candidato à lista dos faroestes mais malucos, curiosos e divertidos da história do cinema.Claro que não poderia ser americano: por lá eles são mais ortodoxos no gênero, que, para eles quase é sagrado. O que não significa que façam suas extravagâncias basta lembrar o recentíssimo e fraco “Cowboys e Aliens”. Mas só mesmo italianos para perpetrarem este coquetel de faroeste e peplum ! Sim o gênero que parecia restrito aos Hércules, gladiadores, Neros, Messalinas, cristãos na arena, mitologia de pacotilha e outras coisas mais, invade as pradarias. Sansão empunha um par de revólveres no velho oeste. A produção é na verdade ítalo – germânica. O western chucrute é um subgênero obscuro derivado do euro-western, que engloba o spaghetti e o espanhol paella, mais proeminentes. Este aqui apesar do dedo italiano é bem diferente dos filmes de Leone, Corbucci e outros. Pouca violência e muita ingenuidade que o deixa mesmo com cara de uma boa matinê. O título já indica o absurdo: que diabos os Incas – que eram da América do Sul – estariam fazendo no velho oeste? A versão americana piora a confusão e muda o nome do herói para Hércules e os índios se transformam em astecas, o que faria mais algum sentido, guardada as devidas proporções, ao imbróglio. No Brasil foi exibido na época com o título de “O tesouro perdido dos Astecas”. Mas os índios do filme são mesmo incas, o que ao longo do filme o espectador afeito –como eu – a saladas como esta vai descobrir como, quando e as razões pelas quais os incas foram parar no oeste no séc.19. O Hércules ou Sansão do filme é interpretado pelo popular Alan Steel, na verdade um ator italiano cujo nome verdadeiro é Sérgio Ciani. O cara interpretou os heróis citados acima, além de Maciste e Golias, dezenas de vezes em pepluns entre 1959 e 1964 e estrelou outro coquetel bizarro: “Zorro contra Maciste”. Se a base do peplum sempre foi a mitologia bastante natural o mergulho em outra mitologia ocidental que é o faroeste. Estão aqui todos os elementos: o dono do saloon com cara de vilão, caviloso e pilantra – que supreendentemente se safa no final – o pistoleiro soturno vestido de negro, a professora boazinha da escola infantil, o jogador profissional, a cantora do saloon com jeito de moça da vida fácil, mas de bom coração, o xerife incompetente, e os bandidos ruins de pontaria. Presumo que mais habituados a espadas e lanças greco-romanas eles não tenham treinado pontaria adequadamente, pois nunca vi pistoleiros tão ruins de tiro em um mesmo filme. E olha que os colts eram aqueles fantásticos que disparavam pelo menos 30 tiros sem que houvesse necessidade de recarrega-los. A trama caminha pelo primeiro terço do filme com a velha história de um mocinho acusado injustamente por um crime que não cometeu. Entra em cena o amigo Sansão que recaptura e o devolve ao xerife, e claro que, o gesto estúpido, quase provoca o enforcamento do rapaz . Nosso herói tem tempo, no entanto de ir até ao Fort Apache – , o nome só poderia ser este – e traz a cavalaria para salvar o amigo Alan do linchamento. Até agora nada de tesouro ou de incas, apenas citados rapidamente pelo vilão. E inesperadamente os peruanos dão as caras e temos a explicação plausível: os índios haviam escapado á perseguição dos conquistadores espanhóis, atravessado toda a América Central e se refugiado no deserto, onde construíram uma cidade subterrânea e lá viviam há pelos menos uns 400 anos. A trama do inocente perseguido é esquecida e tudo converge para a caça ao tesouro dos Incas. Para costurar a maçaroca e dar um sentido romântico aparece uma princesa inca, disfarçada de rapazinho, que é salva por Alan e juntos fogem pelas montanhas. Aqueles que apreciam insinuações homoeróticas tem aqui um prato cheio: Alan diz à princesa inca Mísia (Anna Maria Polani), após descobrir a identidade real dela, que a amou desde o instante em que lhe beijara o pescoço: enquanto estavam fugindo pelo deserto a moça – ainda disfarçada de rapaz- fora picada por uma serpente e ele tivera que chupar o veneno, e pelo visto, aproveitando a ocasião, tirou uma casquinha. Very funny, diria um americano. O filme tem outros detalhes divertidos como os nomes de alguns personagens: um se chama Barracuda, outro Fish, temos um Deprofundis e um cavalo com o nome de Agonia, e por ai vai. Ao fim e a cabo um bom exemplo da picaretagem cinematográfica italiana que nunca teve vergonha de emular gêneros americanos por excelência e o resultado eram filmes estrambóticos como este, muitas vezes. Uma pena que que isso acabou. A direção dessa ópera bufa coube a Piero Pierotti, também roteirista.

domingo, 17 de junho de 2012

5 tombe per un medium - 1965

Um post ainda marcado pelo luto diante do falecimento de Carlos Reichenbach. No meio da década de 60 o terror italiano já estava consolidado enquanto gênero, com todos os vícios e virtudes. A musa maior na Itália , que curiosamente era inglesa, a atriz bárbara Steele, já estava no entanto em de suas fases de tentar escapar das convenções góticas , o que ela faria inúmeras vezes sem sucesso antes e depois desse filme. Só mesmo já aposentada é que ela capitalizaria a fama alcançada nesses filmes e aceitaria a sina que lhe coubera na história do cinema. Esta viva, firme e forte, e sempre participa de convenções dedicadas aos filmes de terror. Aqui uma produção que terminou em confusão: o diretor Massimo Pupillo, após o fim das filmagens renegou o trabalho, que acabaria assinado pelo produtor Ralph Zucker. O fato geraria uma eterna confusão com muitos achando que este não passava de um pseudônimo do diretor, ainda mais que ambos faleceram em 1982 ! No elenco outro ícone do terror italiano dos anos 60 , que curiosamente também não era de nacionalidade italiana, o alemão Walter Brandi. A ficha técnica anuncia que o roteiro foi baseado no mestre supremo Edgar Allan Poe , porém não encontrei referência a nenhum conto que teria inspirado diretamente o filme. Caso alguém saiba, por favor, me informe, já que não conheço toda a obra do autor de “O Corvo”. Mas vamos ao filme propriamente dito que é bem interessante. A trama - ambientada nos primórdios do século 20 - tem um começo à moda de Drácula: um advogado recebe uma carta solicitando a presença dele para resolver pendências de herança. Ao chegar ao castelo, de propriedade do remetente, um médico fascinado por magia negra, descobre que o dito cujo era morto há exatamente um ano, e só encontra a viúva, interpretada por Bárbara Steele, e a filha do falecido, Corinne (Mirelle Maravidi). A boa premissa inicial evolui para maldições, catacumbas, um criado corcunda que vaga pelos corredores, aparições misteriosas, mortes e reviravoltas em meio a trovoadas, raios e as indefectíveis portas que batem. Gótico puro, com toques surreais e o final extravagante. Para o nosso deleite somos brindados ainda com uma breve cena de nudez de Bárbara Steele: uma epifania, realmente. O filme caiu em domínio público e pode até ser encontrado no youtube ou em sites que compartilham filmes de domínio público.

sábado, 9 de junho de 2012

Baby Face - 1933

Lendo um dos capítulos do livro de Peter Biskind, “Como a geração sexo, drogas e rock’roll salvou Hollywood ”(ed. Intrínseca) sobre as filmagens de “Bonnie and Clyde’ de Arthur Penn, um dos momentos curiosos e divertidos relatado é quando os produtores tiveram que exibir o filme para um padre e o dito cujo ficou escandalizado com o vestido usado por Faye Dunaway, pois segundo o religioso este mostrava que ela estaria sem calcinha por debaixo dele. Parece piada, mas até meados nos anos 60 os produtores eram obrigados a submeter os filmes a uma liga de censura de origem católica que podia vetar quaisquer detalhes que insinuassem sexo e outros pecados, taras e anomalias. Cômico e absurdo, mas foi com isso que cineastas e produtores em Hollywood tiveram que conviver desde 1934 quando foi criado o Código Hays até 1966, mais ou menos. Por isso filmes americanos realizados antes desse ano costumam ser elucidativos e interessantes como é o caso desse aqui que relembro. Se não é um clássico tem atrativos suficientes para ainda ser apreciado. Temos Barbara Stanwyck no auge da juventude e beleza, no papel de Lilly Power, a Baby Face do título, que não tem escrúpulos em ascender socialmente usando a arma mais letal que as mulheres possuem desde os tempos de Adão e Eva: o sexo. O curioso é que esta estratégia utilizada pela moça tem um viés filosófico: a inspiração vinha da leitura das obras de Nietzsche, que um amigo alemão lhe havia emprestado. A vida para a moça não fora fácil. Desde os 14 anos era prostituída pelo próprio pai, durante os intervalos em que tinha que trabalhar como garçonete em um boteco ilegal. Não esquecer que naquela época a venda e o consumo de bebidas alcoólicas eram proibidos. A sorte da mocinha muda quando o pai gigolô morre em acidente no bar. O jeito é se mudar da cidadezinha sulista onde vivia, acompanhada por Chico (Theresa Harris), que apesar do nome era mulher e negra, e partir para Nova York. A ascensão é tão rápida quanto um ato de strip-tease: a mocinha, sempre se fingindo de sonsa e santa, vai galgando os andares do edifício , sede do banco onde conseguira trabalho: de em cama em cama - ou no escritório ou banheiro mesmo, segundo a conveniência - obtendo joias e residências mais e mais sofisticadas à medida em que os amantes vão se tornando mais importantes. Em apenas 2 semanas consegue conquistar o chefe supremo do banco e tem a cidade aos seus pés. Infelizmente uma tragédia causada por ciúmes entre um ex-amante e o banqueiro quase põe tudo a perder e é enviada para Paris: um jeito que os chefões encontraram de abafar o escândalo que se seguiu. John Wayne pode ser visto em uma ponta como um dos empregados do banco, papel muito distante com o qual ficaria conhecido pouco depois nos faroestes com John Ford, entre outros. Apesar dos tempos de pré-código tudo se resolve de maneira moralista, claro que com uma dose de cinismo e cara-de-pau: a amargura e raiva “nietzschiana” da nossa heroína são redimidas quando encontra o amor puro e verdadeiro.Resumo da ópera: um filme indicado para estudantes de filosofia admiradores de Nietzsche e também para entender como era o cinema americano antes da censura. Um raro cruzamento entre putaria e filosofia de almanaque. Inolvidável. A direção coube ao subestimado e prolífico Alfred E. Green, que dirigiu 114 filmes em toda a sua carreira . A versão que temos agora só pode ser conhecida mais de 70 anos depois, em 2003, já que quando foi exibida na época a censura de New York exigiu cortes e mudanças . O filme pode ser encontrado no Pirate Bay sem problemas.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Il Gigante di Metropolis - 1961

O título sugere uma versão espúria do Superman ou em um pensamento mais audacioso uma releitura do clássico mudo de Fritz Lang. Mas trata-se apenas de um peplum, gênero que fez sucesso no cinema italiano popular entre meados dos anos 50 e 60. Direção de Umberto Scarpelli, que curiosamente só dirigiu 5 filmes, sendo este o seu único trabalho relevante, de resto se dedicou à assistência de direção em muitos filmes de Vittorio de Sica. Eu disse apenas acima, mas o fato é que estamos diante de um filme de méritos que o distinguem. É um bom pastiche de gêneros, o que é sempre curioso No caso aqui a ficção científica e o peplum. O herói fortão é interpretado por Gordon Mitchell, americano, que como muitos outros compatriotas buscou trabalho no cinema peninsular. Carreira longeva e obscura em faroestes, pepluns e outros gêneros. O peplum é desses gêneros cinematográficos que não encontra muitos defensores e é vilipendiado pelos cinéfilos canônicos. Um autêntico “guilty pleasure” para muitos. Confesso que minha intenção minha inicial era apenas relembrá-lo com uma dose de saudosismo, pois eu tenho lembranças de tê-lo visto quando criança no Cine Ipiranga, na Rua Jacuí, aqui em BH. Este tipo de filme invariavelmente ganhava espaço na programação e claro, que a garotada da época comparecia em peso. E a cada bordoada que o fortão dava eram gritos de alegria por todo o cinema. Curiosamente, revendo-o, pude perceber que se trata de um filme que vai além dos clichês habituais e tem méritos que resistiram ao tempo ingrato com boa parte dos filmes do tipo. Nosso herói, o gigante Ohro, apesar de fortão, por exemplo, passa boa parte do filme fugindo ou preso pelo rei malvado, ao contrário de Maciste e Hércules, que com sopapos resolviam tudo. Todos os acontecimentos catastróficos acontecem independentemente dos seus bíceps. Outro aspecto digno de nota é a boa direção e cenografia. O título languiano tem sua razão de ser: a concepção visual remete diretamente a vários filmes do expressionismo alemão, principalmente aos de Fritz Lang, como o já citado homônimo ”Metrópolis” e os “Nibelungos”; ressaltem-se ainda as interpretações artificiais em tons quase operísticos de boa parte do elenco. E a trilha de Armando Trovaioli, bastante original, tempera as imagens com uma aura feérica e espacial. Quanto à temática subjacente à trama: o crescimento tecnológico desenfreado que pode colocar risco uma civilização, nem precisa dizer que é atualíssimo. O filme tem uma atmosfera sinistra e profética e os amantes das pancadarias da época não apreciaram o filme por estes excessos de qualidades e o filme desapareceu assim como o continente mítico que em que se passava a ação. Metrópolis é, na verdade, a lendária Atlântida dominada pelo tirânico rei e cientista Yotar. O reino é uma espécie de organização nazi-fascista que privilegia os experimentos tecnológicos de toda ordem. O nosso gigante herói vai até a cidade, vindo do mundo exterior, na tentativa de prevenir dos perigos que todos estão correndo se continuarem com as experiências. O rei não lhe dá ouvidos e nem a outros que também pressentem que algo está errado. No elenco além de Gordon Mitchell, a cubana Bella Cortez e Liana Orfei, duas gatas que não alcançaram maior destaque no cinema italiano. O vilão Yotar é defendido brio pelo ator Roldano Lupi. Um detalhe final é que os figurinos e o cenário seriam reaproveitados no clássico ”O Planeta dos Vampiros” de Mário Bava, realizado alguns anos depois. Existe no YouTube uma cópia do filme, infelizmente de qualidade inferior à cópia em DVD lançada na civilização, mas de qualquer maneira dá para ver.Vai ai o linK; http://www.youtube.com/watch?v=pXdeu6SaRVg

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Hex - 1973

Um filme que tangencia a fronteira entre o péssimo e o curioso, mas conservando elementos que fascinam e sustentam a empreitada de quem se dispuser a conferi-lo. É mais uma mistureba de gêneros distintos, o que naturalmente já me atrai. Aqui no caso pode ser classificado como um “biker movie” – gênero em voga na época -, um faroeste, ou um filme de terror. Vocês escolhem. Direção do desconhecido Leo Garen, que só dirigiu este filme e um episódio de “Jeannie é um Gênio” em toda a carreira. Outro dado interessante é que foi uma produção de algum recurso haja vista os nomes no elenco como Keith Carradine, Garey Busey e Cristina Haines, entre outros. Mas ao que tudo indica sequer ganhou exibição nos cinemas e caiu em domínio público, inclusive. A ação transcorre nos anos 20, logo após o fim da Primeira Guerra. Um grupo de seis motoqueiros, liderados pelo pretencioso Whizzer (Keith Carradine), se dirige para a Califórnia sonhando em trabalho na nascente indústria cinematográfica de Hollywood. Para se distrair o bando faz uma parada numa cidade parada no tempo e aprontam uma bagunça com as motos, despertando a ira dos capiaus que partem em perseguição à turma. A fuga os leva até à pradaria onde encontram abrigo numa cabana habitada por duas irmãs: uma loura, Acácia(Hillary Thompson) e uma morena Oriole (Cristina Haines), mestiça e filha de um xamã. Uma parte do grupo não demora em tentar estuprar a loura e as consequências são desastrosas. As irmãs se revelam possuidoras de poderes mágicos e buscam a vingança. Detalhe até hilário: mesmo observando que os eventos estão sinistros, Whizzer insiste e vai alegando que amanhã vão partir,mas nunca parte.O final é controverso e tão bizarro que a mão aqui fica coçando para conta-lo, coisa que obviamente não farei, se bem que volta e meia eu tenha contado o final de filmes que resenhei. Deixarei a surpresa. O filme existe no Youtube para baixar em cópia razoável. Aqui vai o link: http://www.youtube.com/watch?v=8m-MXV_CzAQ