A década de sessenta foi de monstros saindo das tumbas, heróis mitológicos derrubando torres de papelão, existencialismo e tédio(cortesia de Antonioni ), delírios barrocos de Fellini e muito mais no cinema italiano: enquanto isso lá fora dos portões dos estúdios da Cinecittá o pau comeria solto até culminar com 68, que marcou o mundo e a arte. A burguesia e a geração italiana mais velha vinham sendo já sendo constantemente colocadas em cheque no cinema italiano, é verdade. Aqui mesmo comentei “La Calda Vita”, cujo cerne da trama era já o conflito. O paradigma dos filmes que retrataram o conflito de gerações foi “Teorema” de Pasolini, que exibido no festival de Veneza em 68, causou escândalo. E um ano depois Fernando di Leo, nome não tão incensado quando Pasolini irritava censura, igreja e burguesia italiana com este filme e imediatamente retido pela censura, por algum tempo. Era apenas o segundo filme do eclético e habilidoso diretor, que ganharia fama mesmo nos filmes policiais subsequentes, dramas eróticos, faroestes e giallos.
Á primeira vista mais um drama erótico, desculpa italiana esfarrapada para desnudar belas mulheres, embalado por bela trilha sonora. O conflito de gerações, a crítica á sociedade italiana vinha como pano de fundo da história de Clara(Françoise Prévost), uma madame italiana casada mas sexualmente histérica, que aluga uma casa à beira-mar. Leva a tiracolo uma cunhada, a filha ,e vez ou outra o marido passava por lá. Um jovem, salva-vidas da praia, anarquista, hippie e niilista, juntamente com a namorada, resolve fazer uns joguinhos psicológicos e sexuais com a mulher. “Uma típica família italiana, toda baseada na ordem, no hábito e na hipocrisia”, ele define bem o que é família de Clara. Ela acaba se deixando enredar nos jogos e cai nos braços do rapaz: tem seu primeiro orgasmo e é questionada em seus valores. Passo tão inesperado numa vida tão organizada vai significar o pagamento de um preço muito alto. E o fim é cruel e irônico: a ambulância levando seu corpo - depois de cometer suicídio com uma dose de barbitúricos- , e uma carreata de carros dos hippies que voltavam de uma festa na praia, se cruzando na estrada. O toque sinistro fica por conta do marido, que ao vê-la desacordada na cama, a deixa lá e vai dar uma voltinha na praia, aprecia a festinha dos hippies à distância e só depois telefona pedindo socorro, que já era tarde, evidentemente. Ao fim e ao cabo tudo terminava como em um filme de terror.O curioso título foi extraído da canção da abertura.


Olá, Fernando. Sim, gostaria de fazer parceria com teu blog. Gostei muito do teu blog, espero que ele tenha uma longa vida. Já add teu blog à minha lista.
ResponderExcluirHilarius