segunda-feira, 4 de abril de 2011

Una Rosa Per Tutti- 1967


José lewgoy ,numa ponta ,fazendo o papel de um livreiro socialista; Grande Otelo, no tradicional papel de malandro sambista; Claudia Cardinale, como uma garota carioca, mas falando italiano; um cantor de bossa nova (com a cara pintada de preto): e de quebra, Akim Tamiroff, como escultor, russo naturalmente. Roteiro baseado numa obscura peça de Gláucio Gill(falecido em1965). Essa maravilha existe e foi realizada pelo diretor Franco Rossi, do terceiro time da seleção italiana de cinema. Uma autêntica chanchada ambientada no Rio, como elenco quase todo italiano, falada em italiano, mas com ambiente brasiliani. Estupendo. Só o “Samba “ – que resenhei aqui anteriormente- com a Sarita Montiel, chegou perto no bizarro e no nonsense.
O filme foi exibido aqui? mistério. Apostava que não. Mas foi exibido sim, depois de pesquisar aqui na net e até alguma repercussão nas revistas da época. Afinal de contas, tinha um bom elenco. Seria uma pena senão tivesse sido. Aonde veríamos um carioca que não sabe comer churrasquinho de gato? Ou o médico atendendo uma paciente, num posto de saúde, possuída por um espírito depois de uma sessão de macumba nas proximidades de um cemitério? Definitivamente algo a ser conhecido. Napoli, Roma e Rio de Janeiro: tudo a ver. E no meio disso Cardinale desfila sua beleza e sensualidade, no papel de uma mocinha muito dada: em um dia ficou com uns 5 marmanjos – que são chamados de “primos” - e deixou outros babando. Valha-me Dios ! (Detalhe: ela é casada com um dono de um boteco na lapa). A chanchada tem seus momentos divertidos: a moça sai pela manhã e só chega a sua casa à noite, e o marido percebe que ela retornou com uma calcinha diferente. Ele questiona e ela retruca que a deu de presente( tsc tsc tsc). E Lewgoy, o livreiro, ensinando à ragazza quem é Dante Alighieri( que era justamente o livro que ela pegou na pilha de livros) - ah bom; Em outra cena num consultório de um médico ela pega uma estatueta da Loba com Rômulo e Remo, imagem símbolo italiana. Divertido também a sequência na boate : um trio de forró está tocando um baião e é interrompido por um conjunto meio bossa nova. Um dos raros instantes que aparece uma nesga de brasilidade real na trama.
O pano de fundo é um Rio irreal, quase um paraíso de comédia italiana. Inocência sexy. Rio onde uma moça podia andar a cavalo na praia ou caminhar à noite pelas ruas sem problema. Estranhamente o futebol é completamente ausente do cenário, exceto por um pôster de Pelé num bar da Lapa. Definitivamente esse é um Rio sui generis.
A rigor trata-se de uma chanchada italiana banal, salva pelo cenário carioca clichê(que o torna divertido para nós, como era de se esperar) e a beleza de Cláudia Cardinale, que faz o que pode para convencer como uma legitima carioca. Passa longe disso, mas tem seu charme.

2 comentários:

Gilberto Carlos disse...

Queria muito assistir esses filmes que você está comentando, apesar da visão deturpada que eles passam do Brasil. Pena que não é fácil encontrá-los para baixar

fernando fonseca disse...

pois é...esse filme ancontrei no emule..com um pouco de sorte vc consegue...um abço